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Mostrando postagens de novembro, 2019

Desentulhando poços.

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Na parashá desta semana (Toldôt Gn 25:19-28:9) encontramos um interessante relato de quando Isaque esteve peregrinando na região de Gerar. A Torá diz que, devido à fome que se instalou na terra de Canaã nos dias de Isaque, ele peregrinou na região de Gerar, que fica ao sul de Canaã, no território dos filisteus. Isaque prosperou ali, cresceu em números de servos, em rebanho, e em riquezas, pois o Eterno era com ele e o abençoava no que fazia. O sucesso foi tanto que despertou a inveja dos filisteus, que, por pura inveja, entulhou alguns poços abertos por Abraão, e obrigaram Isaque a sair de Gerar. Isaque se instalou no vale de Gerar, e ali se pôs ao trabalho de desentulhar os poços que seu pai Abraão havia cavado naquela região. É muito importante entender a importância destes poços. Isaque, assim como os filisteus, eram pastores. O rebanho de ovelhas era levado a percorrer longas distâncias para encontrar pasto. E era primordial que houvesse vários pontos com água para dar de beber...

Ananias e Safira

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Atos dos Apóstolos fecha o capítulo 4 falando sobre um costume que se tornou comum entre os discípulos de Yeshua. Aqueles que tinham posses vendiam suas propriedades, e depositavam seus lucros aos pés dos apóstolos, provendo assim sustento aos mais necessitados entre os discípulos, de forma que o registro bíblico afirma que não havia necessitados entre os discípulos. “Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.” Atos 4:34-35. Este costume é bastante interessante, pois a Judéia no primeiro século vivia um tempo de grande crise econômica. Em momentos de crises, as pessoas tendem a serem menos caridosas, evitando gastos. Mas, entre os discípulos de Yeshua havia outro sentimento, eles agiam não baseados nas circunstâncias, mas, tendo os corações transformados pelo Espírito do Etern...

A vida de Sara

A parashá desta semana é Chaiêi Sarah (Gn 23:1-25:18) que significa "vida de Sara". Os nomes das parashás são sempre as primeiras palavras que iniciam a parashá, no caso, o verso 1 de Gênesis 23 começa dizendo "E foi a vida de Sara...". É muito interessante que o nome da parashá seja "vida de Sara", e ela começa narrando a morte de Sara. Sara viveu cento e vinte e sete anos. Quando ela faleceu, Isaque já estava com trinta e sete anos. Dois eventos interessantes desta parashá foram desencadeados após a morte de Sara. O primeiro aparece logo no início, com a aquisição da cova de Macpela por Abraão das mãos de Efrom, filho de Zoar. Abraão comprou aquele terreno por quatrocentos siclos de prata, um valor bastante alto para aquele tempo. O Eterno havia prometido a posse de toda a terra de sua peregrinação, mas foi apenas aqui que Abraão teve de fato a posse de um pedaço de terra. Foi também após a morte de Sara que outro evento importante aconteceu, o c...

Impurezas do coração.

Marcos capítulo 7 é um texto importantíssimo, onde Yeshua (Jesus) trás um ensino muito relevante para nós. Infelizmente, uma narrativa tendenciosa tem ocultado este ensino, e transformado este texto em um suporte para aqueles que alegam a anulação da Torá pela nova aliança, o que na verdade, é exatamente o oposto do que o texto diz. Toda a contradição surge por causa do verso 19, onde algumas traduções dizem o seguinte: “‘Será que vocês também não conseguem entender? ‘, perguntou-lhes Jesus. ‘Não percebem que nada que entre no homem pode torná-lo ‘impuro’? Porque não entra em seu coração, mas em seu estômago, sendo depois eliminado’. Ao dizer isto, Jesus declarou ‘puros’ todos os alimentos.” Marcos 7:18-19 (tradução NVI). Segundo essa tradução, Yeshua estaria se opondo ao ensino da Torá em Levítico 11, onde a Torá declara uma série de animais cujas carnes seriam consideradas impuras, e quem comesse delas seria impuro até à tarde. Neste artigo, não vamos entrar muito em detalhes a...

Filhos da livre, não da escrava.

A parashá desta semana (Vaierá – Gênesis 18:1-22:27) trata-se da porção onde encontramos o anúncio e o nascimento de Yitzhak (Isaque), além de outros eventos como a destruição de Sodoma e Gomorra, e a expulsão de Hagar e Ismael do acampamento de Abraão. Sobre este último evento, apóstolo Paulo faz uma importante alegoria em Gálatas 4:21-31, que, infelizmente, tem sido muito mal interpretado pelo cristianismo. A carta aos Gálatas foi escrita para combater o legalismo. É sempre bom definir o que é legalismo. Legalismo é o sistema em que a lei se torna o fim em si mesma. Ou seja, deve-se cumprir a lei porque é a lei. Desta forma a lei se torna uma imposição, e um peso para aqueles que estão debaixo dela. Na verdade, a Torá não tem o fim (finalidade, objetivo) em si. O fim da Torá é Yeshua (Jesus), e a Salvação pela fé no Filho de Deus. Ao compreender os mandamentos do Eterno, obedecendo seus mandamentos, aprendemos muito sobre nós, nossos pecados, e nossa necessidade de remissão. ...

No espírito de Elias

Elias foi um personagem interessante das Escrituras. A bíblia diz pouco sobre sua origem, apenas o chama de tisbita, o que pode indicar a sua naturalidade, e que ele era habitante de Gileade. O seu fim também é muito interessante, as Escrituras afirmam que Elias foi arrebatado numa carruagem de fogo, e levado aos céus. Assim, segundo as Escrituras, Elias teria sido alguém que não passou pela morte. Mas não para aí os fatos interessantes a respeito de Elias. No livro de Malaquias temos uma profecia que envolve seu nome: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor” Malaquias 4:5. Por causa desta profecia, os rabinos indicam, desde há muito tempo, que Elias seria um precursor do Messias. Até hoje, o sêder de Pessach é terminado com o cálice de Elias, numa expectativa de sua vinda antes da vinda do Messias. Os apóstolos questionaram Yeshua (Jesus) a respeito deste ensino, de que Elias viria antes do Messias, e sua respos...

Vai, vai por ti!

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Na parashá Lech Lechá (Gênesis 12:1-17:27) temos o registro da aliança entre Abraão e Malki-Tzedek (Melquisedeque). Como falamos na parashá anterior, segundo a tradição judaica, este Melquisedeque é na verdade Shem, filho de Noé, que foi um sacerdote para as primeiras gerações após o dilúvio. Já falamos da importância deste momento em que Abraão recebe de Shem o chamado sacerdotal para as nações, e como este chamado se cumpriu cabalmente em Yeshua (Jesus). Mas, a parashá Lech Lechá vai expor o caminho que Abraão perseguiu para chegar neste momento. E ela começa com uma ordem para Abraão sair da sua terra e do meio de sua parentela. É muito significativa a ordem de sair. A essência do termo "kahal" e "ecclesia" é justamente "tirados para fora". Podemos afirmar, sem nenhuma sombra de dúvidas, que a Igreja nasceu com o chamado de Abraão para "sair para fora" do meio em que vivia. No deserto, quando Israel pecou com respeito ao bez...

O pecado sem perdão.

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O capítulo 12 do evangelho de Mateus é um capítulo fascinante. É neste capítulo que encontramos o chamado "pecado sem perdão", que é a blasfêmia contra o Espírito de Deus. Mas, além de nos fazer compreender melhor sobre o que é este pecado, o contexto de Mateus 12 irá nos ensinar sobre muitas outras coisas importantes sobre nossa fé. O capítulo começa com os discípulos de Yeshua colhendo espigas no Shabat, porque tinham fome. "Naquele tempo passou Jesus pelas searas, em um sábado; e os seus discípulos, tendo fome, começaram a colher espigas, e a comer. E os fariseus, vendo isto, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer num sábado." Mateus 12:1,2. Neste mesmo capítulo Yeshua ainda seria acusado de realizar curas, e libertar endemoniados no Shabat. Aqueles fariseus chegaram a tal ponto de ira contra Yeshua que o acusaram de expulsar demônios por Belzebu. O Shabat tornou-se um ponto de atrito constante entre Yeshua e alguns farise...

Yeshua e o ministério de Shem.

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A parashá desta semana, parashá Noach (Gn 6:9-11:32), narra três eventos muito importantes da antiguidade: o dilúvio, a torre de babel, e a geração de Sem. O dilúvio foi um momento muito especial, onde o Eterno trouxe juízo sobre toda uma geração, destruindo homens, animais e plantas, sobrevivendo apenas Noé e sua família (Noach, título desta parashá, é o nome de Noé em hebraico). Desde Adão até Noé passaram-se mais de dois mil anos. A situação da terra naquela época, e a estrutura genética do homem, permitiram-lhe ter uma longa vida. A Torá registra que os homens viviam vários séculos. Ainda naquele tempo não havia nações, os homens falavam uma mesma língua. Isso permitiu um grande desenvolvimento tecnológico e social. A humanidade pré-dilúvio era uma civilização razoavelmente avançada, com domínio sobre metalurgia. A Torá registra que eles tinham esta tecnologia: “E Zilá também deu à luz a Tubalcaim, mestre de toda a obra de cobre e ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Noema.” Gêne...

Graça e juízo.

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"E o Senhor sentiu o suave cheiro, e o Senhor disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz. Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão." Gênesis 8:21,22. Porção Noach (Noé) - Gênesis 6:9 a 11:32. A história de Noé nos fala a respeito do Juízo do Eterno sobre toda a terra. Deus criou o homem, e após a queda, muito rapidamente a humanidade se corrompeu, a ponto de encher a terra de violência. Desde a criação de Adão, até o dilúvio com Noé, passaram-se mais de dois mil anos. Neste tempo a humanidade cresceu, desenvolveu, mas a corrupção tomou conta de toda a terra, e chegamos em Noé uma geração violenta, promíscua, descrente em Deus. O juízo do Eterno sobre a terra era eminente. O Eterno mesmo disse: "E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de...