Celebração de Shavuot

À primeira vista, os capítulos iniciais do livro de Números parecem um emaranhado de nomes e números. Mas um olhar mais cuidadoso pode revelar-nos instruções poderosas para nossa vida como discípulos de Yeshua.

 

Nestes primeiros capítulos o Eterno ordena a Moisés que seja feito o censo (contagem) do povo. Das tribos de Israel, exceto os levitas, deveriam ser contados apenas os homens acima de 20 anos que tivessem condições de "erguer uma espada", era sem dúvidas um censo militar.

 

Depois, deveria ser contado todos os levitas do sexo masculino, acima de 1 mês de vida. Por fim seriam contados todos os primogênitos dos filhos de Israel.

 

Como fruto da primeira contagem, o Eterno estabeleceu o posicionamento estratégico para cada tribo de Israel, como eles deveriam acampar no entorno do Tabernáculo. Três tribos a leste, três a sul, três a oeste e três a norte.

 

Foram definidos também as posições em que as tribos marchariam, como levantariam acampamento e como armariam acampamento, sempre tendo ao centro o Tabernáculo.

 

Os levitas foram contados em 3 famílias dos filhos de Levi. Os gersonitas (descendentes de Gerson), os katitas (descendentes de Kat) e os Meraritas (descendentes de Merari).

 

Os levitas deveriam acampar em volta do tabernáculo, e cada família seria responsável pelo transporte e manutenção de parte do Tabernáculo.

 

Também os levitas foram recebidos pelo Eterno em substituição aos primogênitos. Para cada primogênito em Israel havia um levita.

 

Enquanto as demais tribos tinham uma posição estratégica militar, de defesa e avanço, a tribo de Levi tinha a responsabilidade das coisas sagradas, do tabernáculo e de seus serviços.

 

Toda essa estrutura e contagem tinham por objetivo organizar como Israel atravessaria o deserto, de forma que os mais fortes protegeriam os mais fracos e todos protegeriam o Tabernáculo.

 

Essa descrição me faz lembrar o que o rabino Shaul (apóstolo Paulo) nos ensina em sua carta aos Coríntios:

 

"Porque também o corpo não é um membro, mas muitos. Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixará de ser do corpo.

E se a orelha disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixará de ser do corpo.

Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato?

Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis." 1 Coríntios 12:14-18

 

O Eterno separou as tribos e deu a cada tribo uma função específica. Da mesma forma, no corpo do Messias cada discípulo tem seu papel e sua posição.

 

Mas o que tudo isso tem a ver com a festa de Shavuot (Pentecostes).

 

A festa de Shavuot é a festa onde é celebrada a outorga da Torá. Foi no terceiro mês após a Pessach do Egito que Israel chegou aos pés do monte Sinai e recebeu do próprio Eterno as Dez Palavras, ou dez mandamentos.

 

Mas a maneira como o Eterno instruiu que Israel celebrasse Shavuot era com a consagração da colheita de cereais. No dia de Shavuot Israel tinha terminado a colheita de cereais, assim, os judeus seguiam em caravanas até Jerusalém para entregar no Templo o dízimo dos cereais colhidos.

 

Celebravam a outorga da Torá apresentando ao Eterno seus frutos.

 

O que isso tem a ver com a organização que vemos em Números e 1 Coríntios? Nós só podemos frutificar ao Eterno se estivermos onde o Eterno nos designou.

 

Todos sabem da importância dos dedos das mãos, mas se um dedo se desenvolver fora da mão não terá nenhuma serventia, será considerada uma deformidade.

 

Não podemos frutificar ao Eterno se não estivermos dentro do propósito que Ele designou para nós.

 

Sabemos que foi num dia de Shavuot que o Eterno derramou seu Espírito sobre os discípulos que estavam reunidos em Jerusalém.

 

O Espírito que escreve a Torá em nossos corações e mentes, levando-nos não apenas à compreensão da Palavra, mas também à prática.

 

Isso nos leva a lembrar de que apenas poderemos frutificar para o Eterno, estando no centro de seu propósito para nós, se estivermos cheios do Espírito de Deus.

 

Lembre-se que os frutos que o Eterno deseja encontrar em nós são aqueles produzidos pelo seu Espírito. E que tais frutos só estarão presentes em nosso viver se de fato formos guiados pelo Espírito do Eterno:

 

"Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei.

E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.

Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito." Gálatas 5:22-25.

 

"porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus." Romanos 8:13-14

 

Precisamos buscar estar no centro da vontade do Eterno, em obediência aos seus mandamentos, frutificando ao Eterno em toda boa obra. E só alcançaremos este propósito quando estivermos cheios, capacitados pelo Espírito Santo.

 

Que sejamos todos guiados pelo Espírito do Eterno, e estejamos no centro de sua vontade, para frutificarmos ao Eterno, frutos de obediência à sua Torá.

 

#HagShavuotSameach

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