Atos 2:37-39 encontramos o primeiro discurso de Pedro após a ressurreição de Yeshua. Esta pregação aconteceu em meio a eventos que não podem ser desprezados.
Primeiro, estava acontecendo em Jerusalém a festa de Shavuot, a segunda festa de peregrinação, onde judeus do mundo todo estavam reunidos em Jerusalém. Esta festa acontece ao final da colheita de cereais, e tem uma ligação muito forte com a Torá, visto que foi neste tempo que ocorreram os eventos de Êxodo 19-21.
Outro ponto importante são os eventos relacionados a Yeshua. Há apenas 50 dias Yeshua havia sido crucificado diante de toda Jerusalém. Sua crucificação aconteceu em meio a manifestações sobrenaturais que nos são relatados nos evangelhos. O sol escureceu, a terra tremeu, o véu do Templo rasgou-se de alto a baixo, alguns santos ressurgiram e, após a ressurreição de Yeshua, entraram na cidade de Jerusalém, e foram vistos por muitos. Leia Mateus 27:50-56.
Por fim, haviam relatos espaçados de aproximadamente quinhentas testemunhas, afirmando que Yeshua havia ressuscitado.
Entre os peregrinos em Jerusalém havia grande curiosidade a respeito desses acontecimentos, apesar das tentativas da liderança de Israel em abafar esses comentários. Neste momento, no terraço de uma casa próxima ao túmulo de Davi, um grupo de cento e vinte pessoas começaram a falar em línguas estranhas.
Imagine uma manifestação efusiva de pessoas falando palavras incompreensíveis, em meio a palavras de glorificação a Deus. De repente, em meio a este burburinho, algumas pessoas começam a compreender aquelas palavras, só que não em hebraico, mas na língua falada em sua terra natal.
Foi neste cenário de grande apreensão e grandes acontecimentos que Pedro faz seu discurso. E o discurso de Pedro tinha um objetivo, explicar para aquela multidão que todos esses acontecimentos estavam ligados, e apontavam para o cumprimento da Promessa feita pelo Eterno aos antepassados de Israel.
Ele cita o profeta Joel, e é importante que se diga que Pedro não sinalizou que aquele era o cumprimento final da profecia de Joel, isso vai ficar claro no final do seu discurso.
A profecia de Joel aponta para o fim dos tempos, quando todos os remidos receberão a plenitude do Espírito do Eterno. Neste momento, cumprir-se-a também a profecia de Daniel 9:24, que diz que o pecado terá fim.
Aquele acontecimento do derramar do Espírito sobre os apóstolos é na verdade um prelúdio do que acontecerá na volta de Yeshua. Quando somos batizados no Espírito Santo experimentamos as virtudes do Reino Vindouro.
Depois de explicar que aquilo que estava acontecendo era esse derramar do Espírito prometido, Pedro dedica-se a afirmar que Yeshua ressuscitou, e é de fato o Messias, e que é por Ele que as promessas feitas a Israel se concretizarão.
Diante da realidade de que o Messias havia vindo, e de que, como nação, Israel rejeitou seu Messias, muitos foram tomados de um arrependimento coletivo e nacional, e creram em Yeshua, mas não sabiam o que fazer para retornar nacionalmente ao Messias.
É aqui onde Pedro anuncia que o Teshuvah (arrependimento, retorno) de Israel dependeria do Teshuvah de cada israelita:
“E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar. E com muitas outras palavras isto testificava e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.” Atos 2:38-40.
Em outras palavras, o Reino deve começar no interior de cada um dos súditos do Reino, para que então seja implantado exteriormente. A promessa pode ser alcançada individualmente, por cada um que ama ao Eterno, e então, virá o tempo em que essa promessa chegará à plenitude.
O que devemos aprender com este discurso de Pedro? A ressurreição de Yeshua é a base de nossa fé de que Ele é o Messias, e a prova de sua ressurreição é o Espírito de Deus derramado sobre aqueles que crêem no seu Nome.
A transformação ocorrida na vida de cada servo de Deus demonstra claramente que Yeshua está vivo, e que seu sacrifício foi suficiente para perdoar nossos pecados e nos unir novamente à Deus. E mais, dá-nos também a certeza de que todas suas promessas se cumprirão na vida de todos os que crêem. Isso inclui a nossa ressurreição, e transformação plena pelo derramar do Espírito Santo.
Nesta fé, podemos prosseguir com alegria em obediência aos mandamentos do Eterno, praticando a justiça, e testemunhando do nosso Messias Yeshua.
O Eterno nos abençoe!
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