Sobre a parashá Ekev (Dt. 7:12-11:25).
No final
da parashá anterior (Vaetchanán – Dt3:23-7:11) encontramos Deus alertando
ao seu povo dizendo, em Dt 7:7-8, que eles não haviam sido escolhidos por serem
o povo mais forte, ou mais numeroso, mas unicamente porque o Senhor os havia
amado, e para cumprir o juramento que fizera aos pais: Abraão, Isaque e Jacó.
Esta
mensagem é reforçada agora na parashá Ekev, em Dt 9:4-5, alertando que não era
pela justiça dos israelitas que eles estavam conquistando aquela terra, mas aqueles
povos estavam sendo expulsos da terra por causa do pecado deles, e os
israelitas a estavam conquistando por causa da promessa feita aos pais.
Em ambas
as passagens vamos concluir que não houve, em nenhum momento, mérito por parte
de Israel para que alcançassem a promessa feita aos pais, muito pelo contrário,
todo o desenvolvimento do capítulo 9 de Deuteronômio é demonstrando o demérito
de Israel, diante de suas constantes rebeldias e desobediências.
Assim,
entendemos que, desde o princípio, a razão principal pelas benesses concedidas
por Deus é a sua Graça. E, se podemos traçar um claro paralelo entre a conquista
da terra prometida pelos israelitas, e a redenção de nossa carne através da
ressurreição, e a “conquista” do Reino Vindouro, podemos facilmente associar
que a Graça é a única razão pela qual podemos confiar.
Yeshua,
como o Messias enviado a Israel, por meio de seu sacrifício proporcionou Salvação
até os confins da terra, como prometido em Isaías 49:6. Não foi por mérito algum
de nenhum de nós, mas unicamente pela Graça de Deus que essa Salvação está
ofertada.
Isso não é
novidade. Desde a reforma protestante a evidência da Graça na redenção humana
está em foco. O verso inspirador de Lutero, escrito pelo apóstolo Paulo, está
em linha com o que encontramos na Torá: “Porque pela graça sois salvos, por
meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” Efésios 2:8.
Mas ao
mesmo tempo em que esta parashá reafirma que a redenção e a conquista das
promessas são mediante a Graça de Deus, ela também nos dá o norte para
entendermos como tomar posse desta Graça.
Uma
leitura mais calma sobre o capítulo 9 de Deuteronômio vai nos conduzir a
seguinte conclusão: Israel estava destinado a tomar posse daquela terra pela
Graça de Deus, garantido pelo juramento feito aos patriarcas, mesmo diante de tantas
desobediências e rebeliões, Deus não anulou sua aliança para com eles. Mas, ao
mesmo tempo, todos os rebeldes dentre o povo foram destruídos e consumidos no
deserto. Os perversos dentre o povo de Israel foram fulminados pelo próprio
Deus durante a caminhada no deserto, de forma que, apenas os fiéis é que
entraram na terra prometida. E esta perspectiva nos dá uma visão bastante ampla
e assertiva a respeito da Graça de Deus.
Alguns círculos
cristãos, principalmente os mais ligados à reforma protestante, desenvolveram
uma visão errônea a respeito da Graça, como se ela fosse um salvo conduto
diante de todos os pecados que alguém possa praticar.
“Se Deus
escolheu um indivíduo para receber sua Graça, ele será salvo de seus pecados
independente de suas ações” - é o que dizem. Mas não é o que aconteceu com
Israel durante a travessia do deserto.
Deus
manifestou sim sua Graça a todos os israelitas que foram libertos do Egito, e
manifestou sua Graça a todos os Israelitas que entraram na terra prometida, mas,
mesmo conhecendo a Graça de Deus, alguns se apostataram da Graça e foram pelo
caminho da rebeldia, caindo em condenação no meio do deserto.
Por isso, nesta
parashá que fala tanto a respeito de Graça, também tem severas exortações para
que o povo permaneça na fidelidade. O propósito da Graça não é apenas o de conceder
benesses aos agraciados, mas também de exortar o indivíduo a permanecer na
Graça, e isso só é possível mediante a fidelidade.
O texto
máximo desta parashá é:
“Agora,
pois, ó Israel, que é que o Senhor teu Deus pede de ti, senão que temas o
Senhor teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao
Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, que guardes os
mandamentos do Senhor, e os seus estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem?”
Deuteronômio 10:12,13.
A grande
verdade que fica estampada através destes textos é que a Graça de Deus é um
chamado ao seu povo para que o temam, para que andem em seus caminhos, para que
amemos ao Senhor e o sirvamos. A Graça de Deus traz ainda maior responsabilidade
sobre nossos atos. Por termos sido agraciados por Deus, devemos, em gratidão a
Ele, andar em seus caminhos.
A Graça exige
uma resposta, e essa resposta é a fidelidade.
Que o
Eterno nos abençoe!
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