O terreno do coração

Jesus durante seu ministério usou de um interessante método de ensino, ele fazia breves narrativas, com alegorias comuns ao dia a dia daquelas pessoas, e nestas pequenas alegorias chamadas parábolas, ele transmitia seus ensinamentos. Com certeza o uso de parábolas foi importante para que seus ouvintes pudessem entender com maior clareza a sua mensagem, mas apesar disto, em muitos momentos Jesus usou deste artifício justamente para que nem todos os seus ouvintes o pudessem entender.

Parece um tanto contraditório que Jesus não desejasse que alguns de seus ouvintes o entendesse, mas havia um motivo muito forte para Jesus agir desta maneira. Muitas vezes, entre aqueles que o ouviam, estavam religiosos que não tinham nenhum interesse em aprender com o Mestre, mas estavam ali para pegar Jesus em algo em que o pudessem incriminar. Estes homens não estavam dispostos a se arrependerem, mas queriam apenas criar oportunidade contra ele.

Entre as muitas parábolas que Jesus usou para este fim encontramos a chamada “Parábola do semeador” descrita em Mateus 13:3-8; Marcos 4:3-8; Lucas 8:5-8, nestas três passagens o texto é muito similar, mas pegaremos aqui a versão descrita por Mateus:

“E falou-lhe de muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na; e outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda; mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz. E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram-na. E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta.” Mateus 13:3-8

Nos versículos seguintes, já agora falando reservadamente apenas a seus discípulos, o próprio Jesus deu a explicação desta parábola:

“Escutai vós, pois, a parábola do semeador. Ouvindo alguém a palavra do reino, e não a entendendo, vem o maligno, e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o que foi semeado ao pé do caminho. O que foi semeado em pedregais é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e, chegada a angústia e a perseguição, por causa da palavra, logo se ofendem; e o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera; mas, o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.” Mateus 13:18-23

Podemos perceber algumas coisas interessantes nesta parábola, primeiramente este semeador narrado por Jesus é um semeador atípico. Pois para qualquer um que planta, a primeira preocupação é em qual solo o semeador lançará sua semente. É comum em lavouras fazer constante analise do solo para utilizar o adubo correto, corrigir o PH, prover irrigação e todos os cuidados necessários para que a semente ali lançada não seja desperdiçada. Mas este semeador não faz qualquer distinção do solo onde será lançada a sua semente.

Sabemos que a semente nesta parábola é a Palavra de Deus, e o solo são os corações daqueles que estão recebendo a Palavra. Aprendemos inicialmente nesta parábola que a pregação da Palavra de Deus deve ser feita a todas as pessoas indistintamente. Sabemos que Jesus em certo momento, antes de ser recebido no Céu disse: “(...) Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” Marcos 16:15

Aprendemos também que diante da pregação da Palavra de Deus nós teremos dois tipos de terrenos, aqueles que darão frutos e aqueles em que não darão frutos. Aqueles que aceitarão a Palavra de Deus como ela é, e terão suas vidas transformadas por Cristo, e aqueles que em algum momento, recusarão os frutos desta Palavra.

Entre aqueles que não produziram frutos temos três características, aqueles que de pronto recusam a Palavra, não a aceitam, ou preferem acreditar em suas próprias crenças, e por este motivo logo a pregação que receberam é roubada de seus corações. Aqueles que ouvem a Palavra e aceitam em um primeiro momento, mas quando a obediência à Palavra de Deus exige uma postura que eles não querem tomar, acabam por abandonar a fé, por vezes ainda freqüentam igrejas, mas aceitam a Palavra de Deus apenas em partes. Por fim temos aqueles que ouvem a Palavra de Deus, se dispõe a obedecê-la, mas com o passar da vida cristã, os desejos da sua natureza humana e o vislumbre do pecado passam a ser cada vez mais próximo, de tal forma que quando estes caem na fé, mal percebem o que lhes aconteceram.

Sabemos por esta parábola que diferente do que muitos imaginam a Palavra de Cristo não é uma palavra doce, de fácil aceitação, que pode nascer em qualquer tipo de terreno, alias assim são as ervas daninha e as pragas, que crescem em qualquer tipo de terreno. A semente do evangelho é como uma planta nobre, que só pode crescer e produzir frutos em um terreno adequado, um terreno que esteja em condições de receber essa semente.

Fato é que a Palavra de Cristo expõe o homem como ele verdadeiramente é! Um pecador caído, carente da graça de Deus. A Palavra de Deus declara o quão longe estamos do nosso criador, e que por causa dos nossos pecados o nosso destino é a ira de Deus. Mas Cristo demonstrou seu amor por nós em vir à terra, pagar o preço do nosso pecado na cruz, e nos dar uma oportunidade única de nos reconciliarmos novamente com Deus, realizando a sua vontade, abandonando a prática do pecado e buscando viver a vida de Deus.

Esta palavra é dura, pois exige em primeiro momento o reconhecimento de que estamos errados, e como é difícil para qualquer ser humano reconhecer estar errado. Exige logo após o reconhecimento o arrependimento dos seus erros e por fim a aceitação e a obediência à Cristo.

Por isso aqueles corações que já estão endurecidos, como um caminho já pisado, onde até mesmo o capim tem dificuldades em nascer, rejeitam a semente da Palavra. E mesmo aqueles que aceitam devem lutar durante sua vida cristã para obedecer e viver em obediência a Cristo.

Mas aqueles que aceitam a semente da Palavra, que se arrependem de seus pecados, procuram viver em obediência a Cristo, estes são tremendamente fartos, frutíferos. Cristo diz que estes terrenos produziram a trinta, sessenta e cem por um, ou seja, seus frutos serão abundantes.

As promessas reservadas àqueles que servem a Cristo são maravilhosas. São promessas para esta vida e a futura, promessas de cuidados, de vida, de vitorias, de salvação!

Por mais que o caminho do evangelho possa parecer um caminho difícil, por mais que a Palavra de Cristo possa parecer dura, por mais que as renúncias pareçam ser grandes. Viver a vida de Cristo é o melhor estilo de vida que podemos querer. Deus nos conhece, nos ama e planejou o melhor para nós.

Se você está recebendo a semente da Palavra de Deus em seu coração, não seja como aqueles fariseus, saduceus e escribas que ouviram esta palavra, mas não a puderam compreender, cuide para que esta semente frutifique em você. Prepare o seu coração, retire as pedras e os espinhos, pare de tentar se justificar, se renda ao Senhor, e você provará dos maravilhosos frutos que só podem ser produzidos por esta Palavra.

“Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. (...) pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer.Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. (...) tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. (...). Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram. (...)No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão,(...) Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus(...)que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.” Romanos 5:6-15
“(...)Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.” Atos 2:38-39
“Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, (...)? De modo nenhum. (...) Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado(...) assim andemos nós também em novidade de vida. (...) Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, (...)para que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos;” Romanos 6:1-8
“Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna. Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 6:22-23
“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Romanos 8:1
“Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.” Romanos 8:18
“Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 8:31-39

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