Planos de bem, futuro e esperança.


“Pois eu bem sei os planos que estou projetando para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança.” Jeremias 29:11

Jeremias talvez tenha sido o profeta no qual recaiu a mais difícil missão entre os profetas do velho testamento. Por uma razão muito simples, ele foi levantado para profetizar a um povo que incessantemente não o ouvia.
O povo de Israel no século XII a.C. estava vivendo uma decadência espiritual, os cultos aos baalins eram comuns, os reis não exerciam justiça, não defendiam os aflitos e a desigualdade social era crescente. O culto no templo estava dogmatizado, os profetas profetizavam mentiras, e os sacerdotes serviam no templo apenas por interesse próprio.
Nesse cenário Jeremias é levantado por Deus para trazer duras profecias a Israel. Babilônia iria invadir Jerusalém, o templo seria destruído e os sacrifícios seriam cessados. O povo seria levado cativo para a Babilônia, assolações e destruições estavam determinadas sobre Jerusalém se o povo não se convertesse de seus pecados e voltassem para Deus.
Durante mais de 30 anos Jeremias profetizou ao povo, chamando-os ao arrependimento, e advertindo sobre a justiça de Deus. Porém por suas palavras Jeremias foi preso, espancado, ameaçado de morte, submetido a escárnios várias vezes. O povo não se arrependeu, a idolatria não cessou e, os sacerdotes, profetas, ministros e reis continuaram em seus pecados contra Deus, o povo e a justiça, e Jeremias presenciou o cumprimento das profecias dadas por meio dele, a queda de Jerusalém e as duas deportações feitas por Nabucodonozor.
Neste momento encontramos Jerusalém invadida, o rei Jeconias, a rainha-mãe, os eunucos, os príncipes de Judá e Jerusalém e os artífices e os ferreiros estavam deportados na Babilônia, a justiça de Deus estava sendo exercida sobre o povo de Israel por sua impiedade, e diante deste cenário de calamidade, dor, perda, destruição, é que encontramos esta palavra:
“Pois eu bem sei os planos que estou projetando para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança.” Jeremias 29:11
Deus levanta novamente Jeremias para dizer ao povo que aquilo pelo que eles estavam passando, o exercício da justiça de Deus sobre seus pecados, estava sendo orquestrado por Deus visando o bem de Israel, para que Israel tivesse um futuro e uma esperança.
Na vida passamos por momentos de grandes dificuldades, a vida na terra é repleta de dores, desesperanças e medos. Na visão bíblica, o sofrimento da vida presente é a consequência direta do afastamento da humanidade para com Deus.
Desde que Adão decidiu rebelar-se contra Deus, assumindo o controle sobre suas decisões, toda a humanidade tem experimentado as duras consequências. Se não bastassem a insujeição, amontoamos sobre nós mesmos outros pecados como a idolatria, a mentira, o desrespeito pela vida, a ganância. Se existe um motivo para as calamidades que presenciamos todos os dias, este motivo chama-se pecado.
Mas o que aprendemos através de Jeremias 29:11 é que, mesmo os sofrimentos presentes, sendo consequências de nossos pecados, Deus o permite com um propósito de promover em nós o bem, e para que tenhamos um futuro e uma esperança.
Deus é Justo, mas também é Amoroso e Misericordioso, e com toda a certeza ele não deseja que ninguém se perca em seus pecados, mas que todos os homens venham a se arrepender e voltar-se para Ele. Essa é toda a tônica da mensagem bíblica, chamar os homens ao arrependimento.
A bíblia nos ensina que Deus não pode produzir o mal a ninguém, pois ele é bom, as dificuldades que passamos nesta vida terrena não são produzidas por Deus, mas são consequências de nossos pecados. Deus, sendo Justo, opera em nós a sua justiça, mas ele o faz não para meramente punir o homem, mas para que o homem possa arrepender-se e voltar-se para Ele.
Deus permite que venhamos a passar por momentos de dificuldades para entendermos o quão impotente somos diante desta vida, e quão necessitado estamos de sua presença. Não é a toa que a maioria das pessoas, durante os momentos de tribulação é o momento em que buscam a Deus.
Por vezes as tribulações são frutos de nossos próprios pecados, quando passamos por este sofrimento entendemos que o pecado não vale a pena, então podemos voltar a Deus e atender seu chamado ao arrependimento.
Por vezes nossas tribulações são frutos de pecados alheios, fruto da injustiça que impera na humanidade, ou frutos das circunstâncias naturais, ao qual um mundo corrompido está sujeito, e Deus permitem para que possamos entender o quão breve e efêmera é essa vida, e o quanto precisamos nos preocupar com a eternidade de nossas almas.
Fato é que Deus sempre permite o sofrimento para que tenhamos a oportunidade de reconhecer nossos pecados, culpas e incapacidades, e reconhecer nele o refúgio seguro, reconciliando com nosso criador.
E o que dizer daqueles que amam a Deus, que se arrependeram de seus pecados, que entenderam a mensagem do evangelho e sujeitaram-se ao senhorio de Cristo, porque estes também sofrem?
Quando olhamos para a vida dos apóstolos de Jesus Cristo, todos eles sofreram absurdamente. Com exceção de João, todos os apóstolos foram mortos por defenderem o evangelho. O relato bíblico acerca do apóstolo Paulo ilustra bem o que estes homens sofreram, encontramos Paulo no final de sua vida aprisionado, abandonado até mesmo pelos seus discípulos quando ele mesmo escreveu: “Na minha primeira defesa ninguém me assistiu, antes todos me desampararam. Que isto não lhes seja imputado.” 2 Timóteo 4:16.
Outro escritor relata bem o que era ser um cristão no primeiro século quando escreveu na carta aos Hebreus “e outros experimentaram escárnios e açoites, e ainda cadeias e prisões. Foram apedrejados e tentados; foram serrados ao meio; morreram ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e maltratados dos quais o mundo não era digno, errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra.” Hebreus 11:36-38
Porém precisamos atentar para o que o sofrimento produziu na vida destes homens, para compreender, segundo a ótica de Deus, os motivos pelos quais estes sofrimentos produziram bem, futuro e esperança para estas pessoas.
Primeira questão é o testemunho! Estes homens sofreram por testemunho de sua fé. Jó foi um homem que passou por profundas tribulações. Ele teve perdas familiares, financeiras e sociais, a bíblia nos conta que ele perdeu tudo quanto tinha sem nenhuma razão humana aparente. Porém muito além das percepções de Jó, num âmbito espiritual, satanás diante dos anjos e demônios estava acusando-o de que sua fé em Deus era fruto de seus pertences e de sua prosperidade.  
“Então respondeu Satanás ao Senhor, e disse: Porventura Jó teme a Deus debalde? Não o tens protegido de todo lado a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? Tens abençoado a obra de suas mãos, e os seus bens se multiplicam na terra. Mas estende agora a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e ele blasfemará de ti na tua face!” Jó 1:9-11
Deus permitiu então que satanás tocasse em tudo que Jó tinha, os seus filhos, sua riqueza, sua saúde, e quando Jó estava assentado em cinzas, vestido de saco, e coçando suas feridas com um caco de argila e sendo acusado por seus amigos, sem saber, Jó testemunhou bravamente diante de homens, anjos e demônios e envergonhou a satanás quando disse:
“Pois eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida esta minha pele, então fora da minha carne verei a Deus;” Jó 19:25-26
Deus conhecia o coração de Jó e sabia que ele era temente independente das circunstancias, mas a provação na vida de Jó mostrou um testemunho vigoroso, de que a esperança de Jó estava unicamente em Deus e não nesta vida.
Da mesma forma os sofrimentos na vida dos apóstolos nos servem de testemunho hoje sobre a superioridade da esperança eterna frente às adversidades momentâneas desta vida. Ter paz com Deus é incomensuravelmente maior do que qualquer tribulação desta vida.
Assim, se somos tementes a Deus, e amamos ao Senhor, e quando nesta esperança passamos por tribulações e dificuldades, nós temos a oportunidade de testemunhar que nossa esperança não está nesta vida, nem em coisas passageiras, mas no reino celestial e eterno, que foi conquistado por Cristo a nós. Nosso tesouro está na eternidade com nosso Deus e não nesta vida.
Além do testemunho, existe outro ponto interessante sobre o que o sofrimento produz na vida do cristão, a edificação da fé!
“Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes por várias provações, sabendo que a aprovação da vossa fé produz a perseverança; e a perseverança tenha a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma.” Tiago 1:2-4
Quando passamos por tribulações e por provas de nossa fé, somos levados a um nível maior de experiência com Deus, passamos a experimentar os livramentos do Senhor, os cuidados de Deus e a nossa fé é edificada.
Uma passagem conhecida do velho testamento quando o rei babilônico Nabucodonossor faz uma estátua de si mesmo e ordena a todos que, ao som de musicas, devessem se curvar e a adorar, três jovens judeus desobedecem ao edito real, e são levados diante do rei. O rei querendo mostrar sua benevolência lhes dá outra oportunidade e diz;
“Agora, pois, se estais prontos, quando ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda a sorte de música, para vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz, bom é; mas, se não a adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro duma fornalha de fogo ardente; e quem é esse deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” Daniel 3:14-15
Diante do risco eminente de morte, caso não adorassem a estátua, os três jovens, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, bravamente testemunham sua fé em Deus, independente das circunstâncias e respondem:
“Se formos atirados na fornalha em chamas, o Deus a quem prestamos culto pode livrar-nos, e ele nos livrará das suas mãos, ó rei. Mas, se ele não nos livrar, saiba, ó rei, que não prestaremos culto aos seus deuses nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer". Daniel 3:17-18
Enfurecido Nabucodozor ordena que a fornalha seja aquecida sete vezes mais, e lança os três jovens na fornalha, mas para espanto de todos, um quarto homem aparece dentro da fornalha junto com os jovens, e eles percebem que o fogo não produz dano neles. E o relato que se segue é:
“Mas, logo depois o rei Nabucodonosor, alarmado, levantou-se e perguntou aos seus conselheiros: "Não foram três homens amarrados que nós atiramos no fogo? " Eles responderam: "Sim, ó rei". E o rei exclamou: "Olhem! Estou vendo quatro homens, desamarrados e ilesos, andando pelo fogo, e o quarto se parece com um filho dos deuses". Então Nabucodonosor aproximou-se da entrada da fornalha em chamas e gritou: "Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, servos do Deus Altíssimo, saiam! Venham aqui! " E Sadraque, Mesaque e Abede-Nego saíram do fogo. Os sátrapas, os prefeitos, os governadores e os conselheiros do rei se ajuntaram em torno deles e comprovaram que o fogo não tinha ferido o corpo deles. Nem um só fio do cabelo tinha sido chamuscado, os seus mantos não estavam queimados, e não havia cheiro de fogo neles. Disse então Nabucodonosor: "Louvado seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo e livrou os seus servos! Eles confiaram nele, desafiaram a ordem do rei, preferindo abrir mão de suas vidas a que prestar culto e adorar a outro deus, que não fosse o seu próprio Deus. Por isso eu decreto que todo homem de qualquer povo, nação e língua que disser alguma coisa contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja despedaçado e sua casa seja transformada em montes de entulho, pois nenhum outro deus é capaz de livrar ninguém dessa maneira". Daniel 3:24-29
Os três jovens somente puderam experimentar o andar com Cristo dentro da fornalha por causa da prova de sua fé.
Quando Paulo escreveu sobre seus amigos o terem abandonado em sua primeira defesa, ele também testemunhou que aquela provação, possibilitou a ele uma experiência que ele não teria tido se não tivesse passado por aquele momento, ele escreveu:
“Mas o Senhor esteve ao meu lado e me fortaleceu, para que por mim fosse cumprida a pregação, e a ouvissem todos os gentios; e fiquei livre da boca do leão,” 2 Timóteo 4:17
Assim vemos que a prova da fé, a tribulação e as dificuldades produzem em nós maior experiência e confiança em Deus. Nossa fé é aperfeiçoada e assim o bem em nós é operado, assim como a esperança em um futuro glorioso com Cristo.
O que dizer então sobre o povo de Israel, a quem Deus disse através de Jeremias, que estava projetando para eles o bem, a esperança e o futuro?
O povo de Israel foi para o cativeiro na babilônia, durante 70 anos Jerusalém e o templo ficaram destruídos, e o povo judeu em terra estrangeira, mas durante estes 70 anos Deus levantou aqueles três Jovens: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, além de Daniel e outros que testemunharam de Deus no coração do império mais importante da época.
Eles foram usados de maneira grandiosa, e depois dos 70 anos voltaram para sua terra, Jerusalém foi reerguida, juntamente com um novo templo, e agora o coração do povo estava devoto à Deus,  e a Lei voltou a ser obedecida em Israel.
Assim, quando passar por tribulação ou sofrimento, seja fruto da prova de sua fé ou consequências de seu pecado, entenda que Deus está permitindo isso para o seu bem, para que você reconheça nele e apenas nele a sua necessidade. Arrependa-se de seus pecados e mantenha seu coração sujeito à Deus.
Lembre-se que um dia Deus efetivamente exercerá seu juízo, e de maneira condenatória julgará a todos quando foram impenitentes, que não se sujeitaram a Ele, amando mais aos prazeres do pecado que à Deus. Então ali haverá apenas a ira e nada mais.

Comentários

  1. Que bela explicação desta passagem bíblica,e temos mesmo que aproveitar os momentos de sofrimento para crescermos na fé,se formos obedientes seremos vitoriosos...

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