A festa de
Yom Kippur, ou, Dia do Perdão, tem um maravilhoso simbolismo com relação à
expiação do pecado. Este era o único dia em que o sumo sacerdote atravessava o
véu do santuário e espargia o sangue do sacrifício sobre a tampa do
propiciatório.
Normalmente
associamos a expiação do pecado com o sacrifício da festa de Páscoa, por Jesus
ter sido sacrificado neste dia, mas o simbolismo principal da Páscoa é a
libertação.
Foi em Páscoa
que Israel foi liberto de seu cativeiro no Egito, onde a vida dos primogênitos
foi poupada, e onde seguiram livres para terem um encontro com Deus no deserto.
Mas quando
falamos de expiação, o melhor simbolismo que encontramos está no Yom Kuppur.
Não que não haja simbolismo da expiação de Jesus na Páscoa, muito pelo
contrário, todas as festas judaicas
tipificavam a Jesus e a sua obra, e cada uma detalha sobre um aspecto de
sua Obra.
Inclusive
temos nas celebrações do tabernáculo ofertas onde não havia derramamento de sangue, era o caso dos feixes e
frutos movidos diante do Senhor, da farinha e dos pães. Porém, mesmo não
havendo derramamento de sangue, esses cerimoniais tipificavam a Jesus e sua
Obra.
E essa é uma
doutrina muito bem estabelecida pelos apóstolos: as festividades do Templo eram sombras, ou figuras de Jesus.
“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa
dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” Colossenses 2:16-17
“Porque tendo a lei a sombra dos
bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos
sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a
eles se chegam.” Hebreus 10:1
Não entenda
“sombra” no sentido negativo da palavra que normalmente damos a ela, muito pelo
contrário, para os orientais o sentido de “sombra” é muito diferente. A sombra
delimita a imagem e anuncia a aproximação do corpo, e o corpo é Jesus.
Portanto,
quanto mais conhecemos das festas, melhor entenderemos a Obra de Jesus.
Porém há uma
questão levantada sobre o dia de Yom Kippur, mais especificadamente sobre o
bode emissário, chamado erronêamente de Azazel.
De inicio
precisamos deixar claro que a explicação a seguir é única e exclusivamente
defendida pela igreja adventista do sétimo dia. Nenhuma outra denominação,
vertente do cristianismo ou do judaísmo tem essa visão sobre Levíticos 16.
Vamos ler o
texto:
“E tirará sortes quanto aos dois bodes: uma para o Senhor e a outra
para Azazel. Arão trará o bode cuja sorte caiu para o Senhor e o sacrificará
como oferta pelo pecado. Mas o bode sobre o qual caiu a sorte para Azazel será
apresentado vivo ao Senhor para se fazer propiciação e será enviado para Azazel
no deserto.” Levítico 16:8-10
Perceba que
neste ponto é mencionado dois bodes, um que seria sacrificado como oferta pelo
pecado, enquanto o outro seria enviado para Azazel no deserto para servir de
propiciação.
Segundo a
auto intitulada profetisa, senhora Ellen White, o bode sacrificado simbolizava
a Jesus, que foi morto e com o seu sangue garantiu o perdão de nossos pecados, enquanto
que o não sacrificado seria satanás, que levaria a culpa dos pecadores, sendo
destinado às regiões áridas.
Vamos
entender os problemas da interpretação da senhora White.
Primeiro que,
como vimos, todas as festas e cerimoniais, segundo o ensino dos apóstolos,
tipificam e apontam para Jesus e sua Obra. Não há espaço para nenhum outro
participar da nossa redenção. Tanto o sumo sacerdote como os animais
sacrificados, como os cereais movidos, como os pães amassados, como o próprio
tabernáculo, tudo aponta para a Jesus e sua Obra.
Tentar
incluir qualquer outro neste simbolismo implica em primeiro: violar o ensino
apostólico; segundo: colocar este alguém como co-redentor juntamente com Jesus.
Mesmo que o
adventismo moderno defenda que não creem que satanás seja co-redentor, associar
o bode emissário à pessoa de satanás é associar este texto a satanás:
“Assim aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles à terra
solitária; e deixará o bode no deserto.” Levítico 16:22
Mas vamos ao
entendimento do texto.
Primeiro que
o dia de Yom Kippur era marcado não por um tipo de sacrifício apenas, mas sim quatro.
Acompanhe
comigo:
1º
sacrifício: “Arão trará o novilho como
oferta por seu próprio pecado para fazer propiciação por si mesmo e por sua
família, e ele o oferecerá como sacrifício pelo seu próprio pecado... ... Pegará
um pouco do sangue do novilho e com o dedo o aspergirá sobre a parte da frente
da tampa; depois, com o dedo aspergirá o sangue sete vezes, diante da tampa.”
Levítico 16:11 e 14.
2º
sacrifício: “Então sacrificará o bode da
oferta pelo pecado, em favor do povo, e trará o sangue para trás do véu; fará
com o sangue o que fez com o sangue do novilho; ele o aspergirá sobre a tampa e
na frente dela.” Levítico 16:15
3º
sacrifício: “Quando Arão terminar de
fazer propiciação pelo Lugar Santíssimo, pela Tenda do Encontro e pelo altar,
trará para a frente o bode vivo. Então colocará as duas mãos sobre a cabeça do
bode vivo e confessará todas as iniqüidades e rebeliões dos israelitas, todos
os seus pecados, e os porá sobre a cabeça do bode. Em seguida enviará o bode
para o deserto aos cuidados de um homem designado para isso. O bode levará
consigo todas as iniqüidades deles para um lugar solitário. E o homem soltará o
bode no deserto.” Levítico 16:20-22
4º
sacrifício: “Ele se banhará com água num
lugar sagrado e vestirá as suas próprias roupas. Então sairá e sacrificará o
holocausto por si mesmo e o holocausto pelo povo, para fazer propiciação por si
mesmo e pelo povo. Também queimará sobre o altar a gordura da oferta pelo
pecado.” Levítico 16:24-25
Perceba que
este último sacrifício também eram oferecidos dois animais, um pelo próprio
sacerdote e outro pelo povo de Israel.
Oras, se
formos pela lógica dualista de White, teremos então que identificar quem é o
novilho do primeiro sacrifício, e quem é o ultimo holocausto oferecido por
Arão. Não faz sentido imaginar que apenas o bode emissário aponte para uma
pessoa diferente de Jesus. Se este bode não é Jesus, cabe perguntar então quem
são os outros dois sacrifícios.
Perceba que a
ótica dualista nos leva inevitavelmente a um grande problema. Porque teríamos
também que entender os personagens de cada um dos variados tipos de expiação e
sacrifícios que eram ofertados diariamente no Templo.
E a quem
tipificaria então as pombas, os bodes, as cabras, os touros. Não era apenas um
tipo de animal que era sacrificado. Isso para não dizer dos demais itens que
eram ofertados como já dissemos(farinhas, cereais).
Todos esses
sacrifícios feitos em Yom Kippur apontam para
uma pessoa apenas, Jesus e sua Obra na cruz.
Mas vamos nos
atentar para o texto que fala unicamente do bode emissário:
Perceba que
Arão impõe as mãos sobre este animal, confessando as culpas de Israel, e este
animal é então conduzido por alguém PARA AZAZEL, no deserto.
“Mas o bode sobre o qual caiu a sorte para
Azazel será apresentado vivo ao Senhor para se fazer propiciação e será
enviado para Azazel no deserto.”
Levítico 16:10
Oras, o bode
não é o Azazel, o bode é enviado PARA AZAZEL, no deserto, isso muda muita coisa
na interpretação do texto.
No imaginário
judaico, os lugares áridos são habitação de espíritos malignos, e Jesus usa
desse imaginário para ilustrar a situação daquele que é liberto de demônios,
mas não assume um compromisso com Deus:
“E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares
áridos, buscando repouso, e não o encontra.” Mateus 12:43.
A grande
pergunta neste momento então é: Quem ou o que é Azazel?
Aqui entramos
num problema complexo. A palavra Azazel
aparece na bíblia hebraica apenas quatro vezes, todas falando sobre a festa de
Yom Kippur. Alguns entendem que azazel deriva das palavras (ez) bode e (azal)
virar-se, outros dizem que provêm do árabe “azala” (banir, tirar, remover),
porém a maioria dos rabinos consideram que Azazel é um local no deserto, para onde o bode era enviado.
Como no
imaginário judaico se considerava que o deserto era lugar da habitação de
demônios, alguns concluiram que Azazel fosse um demônio, mas, como vimos, não
há consenso sobre o significado de Azazel. No entanto vemos que o bode não é
Azazel, mas era enviado PARA Azazel,
seja esse Azazel um local geográfico, ou, como os mais supersticiosos criam, um
espírito maligno.
Portanto a
ideia apregoada pela senhora White, de que Azazel é um tipo de satanás, que de
alguma forma levará a culpa dos pecados, não tem amparo nem na interpretação
gramatical do texto que fala sobre o bode emissário.
Mas vamos
entender um pouco sobre os sacrifícios de Yom Kippur?
Como já
falamos anteriormente, todo esse cerimonial tipifica a Obra de Jesus na cruz. E
vemos que inicialmente Arão tinha que oferecer um sacrifício por si e por sua
família. Isso indica que Arão, apesar de ser o sumo sacerdote escolhido por Deus,
era apenas uma figura do verdadeiro Sumo Sacerdote, e para realizar o seu papel
sacerdotal, ele mesmo deveria ter seus pecados expiados.
Antes de
apresentar o sangue do novilho diante da tampa do propiciatório, Arão tinha que
encher todo o local com a fumaça do incenso, tipificando a Shekinah de Deus, e
a adoração ao Eterno.
Outro detalhe
importante era que tanto o sangue do novilho, como o sangue do bode, eram
aspergidos na tampa do propiciatório. A tampa do propiciatório era o local onde
Deus falava com o sacerdote, e onde se manifestava a sua presença.
Logo após ser
apresentado o sangue derramado para perdão dos pecados, Deus ordena Arão a
impor as mãos sobre o segundo bode, confessar as culpas que foram a causa do
primeiro sacrifício, e encaminhar este bode ao deserto.
Isso é bem
explicado pelo profeta:
“Tornará a apiedar-se de nós; sujeitará as nossas iniquidades, e tu
lançarás todos os seus pecados nas profundezas do mar.” Miquéias 7:19
e também em
“Assim como está longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós as
nossas transgressões.” Salmos 103:12.
E este é o
verdadeiro significado do bode emissário, que nossos pecados são afastados de nós, lançados no esquecimento.
Não somos apenas perdoados pela Obra de Jesus, mas nossas culpas são anuladas,
os pecados afastados, e deles não haverá mais lembrança.
“E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades.” Hebreus
10:17
“E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão,
dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao
maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me
lembrarei dos seus pecados.” Jeremias 31:34
A festa de
Yom Kippur celebra o Dia do Perdão, o dia em que finalmente os nossos pecados
serão extirpados de nossa natureza, afastados de nós e lançados no
esquecimento, o dia que antecede o Rosh Hashanah, o ano novo, a entrada de uma
nova era, onde Jesus Reinará juntamente com seu povo, a partir de Jerusalém,
sobre todas as nações da terra.
Sem dúvidas,
Yom Kippur aponta para o dia mais aguardado pela verdadeira Igreja de Jesus, o
dia da sua volta como o Messias Ben David.
podia citar tb enoque o etíope sobre Azazel
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