A Torá e o cerimonial.

É comum, quando falamos sobre a importância da Torá, alguns críticos alegam que a Torá divide-se em dois conjuntos de leis, uma moral e outra cerimonial.

Segundo essa linha de pensamento, a lei moral está vigente, e deve ser obedecida, enquanto que a cerimonial foi abolida por Jesus na cruz, devendo ser desprezada.

Os problemas desta visão são muitos, primeiro que não há um único texto sequer que sustente claramente tal separação, sendo essa divisão fruto da interpretação de algumas passagens isoladas.

Segundo que não há qualquer texto no Novo Testamento que sustenta que qualquer parte da Torá tenha sido abolida.

Neste momento os críticos usam a carta aos Hebreus para sustentar tal abolição.

"porque é impossível que o sangue de touros e de bodes tire pecados."Hebreus 10:4

"Dizendo: Novo pacto, ele tornou antiquado o primeiro. E o que se torna antiquado e envelhece, perto está de desaparecer." Hebreus 8:13

Se atentarmos bem para a carta aos Hebreus, vamos aprender com o escritor que, os sacrifícios para expiação de pecados, já não fazem sentido para os que confiam em Yeshua.

Ele fala que a primeira Aliança tinha ordenanças com relação ao culto no Templo, que era figura do Tabernáculo celestial.

A Torá mesmo alega que Moisés deveria construir o Tabernáculo na terra observando o modelo do Tabernáculo celestial, que lhe fora mostrado no monte.

Assim, o Tabernáculo celestial é anterior ao Tabernáculo da terra, e mais importante do que este.

O sacrifício para expiação do pecado era apenas um tipo do verdadeiro sacrifício ministrado por Yeshua no Tabernáculo celestial. Onde Ele apresentou seu próprio sangue para remissão dos nossos pecados.

Assim, se cremos que Yeshua morreu e ressuscitou, não há qualquer sentido em o discípulo de Yeshua oferecer tal sacrifício no Templo. Pois temos acesso a um sacrifício muito superior, o sacrifício da Nova Aliança.

Inclusive, o que o escritor aos Hebreus diz que está velha, e prestes a desaparecer, é a primeira Aliança, e não a Torá.

Além do mais, a própria Torá ordena que todos os sacrifícios sejam realizados unicamente no Templo, no local designado pelo Eterno. E como é de conhecimento geral, o Templo foi destruído em 70d.C., e não foi erguido novamente.

Por isso, mesmo os judeus que não reconhecem Yeshua como o Messias, nem sua expiação na cruz, praticam qualquer tipo de sacrifício, visto não termos o Templo.

Agora, se a Torá apresenta, na primeira Aliança, um conjunto de cerimônias, que são reflexo do Tabernáculo celeste, e figuras da Nova Aliança; com o advento desta Nova Aliança, temos a confirmação de tudo o que a Torá ensina.

Muito longe de abolir estes aspectos cerimoniais da Torá, a Nova Aliança traz novo significado para todos eles.

Mesmo o sacrifício para expiação não foi abolido, apenas recorremos ao sacrifício perfeito de Yeshua, mas observando todas as recomendações que a Torá nos dá, a saber: a confissão dos pecados e a confiança no sangue de Yeshua.

Além do mais, muitos aspectos considerados "cerimoniais", como as festas, foram celebrados pelos apóstolos, muitos anos após a morte e ressurreição de Yeshua.

Mas por que os apóstolos continuavam a celebrar tais festas?

Porque as festas possuem importantes aspectos proféticos, que ainda aguardamos como discípulos de Yeshua.

Yeshua disse:

"Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus." Mateus 5:17-19.

Portanto, devemos olhar para Torá com outros olhos. Devemos enxergar a Torá como a instrução do Eterno para as nossas vidas, que nos ajuda a compreender os propósitos do Eterno, especialmente a Nova Aliança que foi inaugurada por Yeshua na cruz.

O Eterno nos abençoe!

Comentários