Batalhando pela fé.

Tanto a segunda carta de João, como a carta de Judas, ambas trabalham com a mesma temática, a perseverança na fé em meio à apostasia.  Essas duas cartas nunca foram tão atuais como em nossos dias.

Judas declara que sua intenção inicial em escrever a carta era na verdade outra, falar da Salvação que temos no Messias. Mas o Espírito Santo o levou a exortar os crentes a batalhar pela fé, uma vez dada aos santos. 

A primeira pergunta que devemos fazer é: no que consiste tal fé? João, na mesma linha que Judas, vai nos dar a resposta, usando outras palavras:

“E agora, senhora, rogo-te, não como se escrevesse um novo mandamento, mas aquele mesmo que desde o princípio tivemos: Que nos amemos uns aos outros. E o amor é este: Que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes, que andeis nele.” 2 João 1:5-6.

Podemos perceber como Judas e João estão alinhados no mesmo objetivo quando olhamos para as palavras de Judas, quando ele explica a razão de exortar os crentes a batalharem pela fé:

“Porque se introduziram furtivamente alguns, os quais já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” Judas 1:4.

A acusação de Judas é sobre homens ímpios que se introduziram na comunidade dos discípulos e, através de seus ensinos, convertia a graça de Deus em dissolução. Ou seja, homens perversos que ensinavam as pessoas a desprezarem a Lei de Deus, visto que pela graça temos o perdão dos pecados. Você já ouviu algo assim em nossos dias?

Na verdade, o pensamento dominante do cristianismo, seja católico ou protestante, é de desprezo à Torá, cabendo ao crente valorizar apenas a moral das Escrituras e os mandamentos da igreja.

Quando se fala sobre o Shabat, sobre as festas, sobre as leis alimentares, sobre a aliança com Israel, sobre a identidade do servo de Deus em viver de maneira Santa, então essas coisas são taxadas de legalismo, de judaísmo, de coisas ultrapassadas pela nova aliança, visto que agora é só da graça de Deus que dependemos para sermos salvos. Se isso não é transformar a graça de Deus em dissolução, o que é então?

Engraçado que esses mesmos, que transformam a graça em dissolução, alegando que não precisamos da Torá mais, são os primeiros a condenarem ao castigo Eterno aqueles que descordam de suas doutrinas. 

O que acontece a qualquer que diz não concordar com o dogma da trindade, da autoridade da igreja, ou dos dogmas do calvinismo? Experimente dizer em qualquer lugar que não reconhece o credo de Nicéia. Será que só é legalismo quando se trata da Torá?

Na verdade, a religiosidade humana se manifesta de muitas formas. É possível sim ser legalista com ou sem a Torá. Mas não é possível perseverar na fé desprezando a Torá. Por isso João disse:

“E o amor é este: Que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes, que andeis nele.” 2 João 1:6.

A observância correta da Torá tem, como um de seus principais objetivos, gerar o amor verdadeiro no coração do servo de Deus. Pelo menos é isso que Paulo ensina a Timóteo quando diz:

“Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida.” 1 Timóteo 1:5.

E perceba que outro objetivo da observância da Torá também é a fé não fingida. 

A Torá é a instrução do Eterno a nos, que nos ensina a amar o próximo de forma verdadeira, que nos ensina a julgar e decidir corretamente em qualquer circunstância, e que nos conduz a uma confiança verdadeira, baseada em expectativas e esperanças corretas a respeito do agir de Deus, sua Graça e Justiça.

O próprio Yeshua nos alerta, mais de uma vez, que devemos crer nEle como diz as Escrituras. A base de nossa fé no Messias deve ser a Torá. Crer no Messias desconectado da Torá irá nos levar a uma deturpação da verdadeira fé, e vamos criar um Messias imaginário, que não condiz com quem é de fato Yeshua.

É assim que o cristianismo criou um Messias que anulou a Torá, não obstante Yeshua ter sido enfático, logo no início de seu ministério:

“Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim destruir, mas cumprir.” Mateus 5:17.

E em outro lugar Yeshua disse:

“Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?” João 5:46-47.

Perceba a gravidade das palavras de Yeshua neste momento. Ele diz que é impossível alguém crer nas suas palavras se não crer na Torá. Se não cremos na Torá que anuncia o Messias, e o identifica, como creremos no Messias?

A verdade é que a fé, que no seu sentido original significa muito mais do que uma crença, tem o significado de confiança e fidelidade, só pode ser gerada verdadeiramente através do ouvir as Escrituras. Se não pautarmos nossa fé nas Escrituras, então estaremos sujeitos a todo o tipo de falsos profetas, que estão em cada esquina, anunciando uma falsa esperança.

São homens ímpios, que servem a si mesmos, buscando quem os escute e siga suas doutrinas. São religiosos que angariam seguidores para si, aprisionando os simples em seus dogmas e leis que não foram ordenados por Deus. Que agem na astúcia, e só são desmascarados quando confrontados com a Verdade estampada na Torá, nos profetas e no ensino apostólico.

A Torá é chamada por Tiago de “a Lei da Liberdade”. Yeshua disse isso: “conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará. Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Temos em Yeshua a confirmação e elevação da Torá. Em Yeshua a Graça perdoadora anunciada na Torá se concretizou. A Nova Aliança foi inaugurada no sangue do Messias, que tem por objetivo escrever a Torá no coração e na mente do servo de Deus. Temos essa fé (confiança e fidelidade) de que em Yeshua a Torá nos instrui para uma vida de justiça. E por essa fé devemos militar.

Os dias são maus, a impiedade é encontrada no mundo e nas igrejas, em meio as trevas somos chamados a testemunhar da luz. Testemunhar que em Yeshua somos perdoados de nossos pecados, e capacitados à obediência. Essa é a nossa fé.

Que o Eterno nos abençoe!
#Fé #Fidelidade #Torá #Yeshua #Graça #Perdão #Santidade

Comentários