Alguns críticos da bíblia
alegam que ela é uma obra montada, manipulada pelos homens durante os séculos,
para servir ao interesse do cristianismo ou do judaísmo. Uma publicação
nacional da revista SUPER INTERESSANTE da editora ABRIL, edição 259 de dez/2008
página 58 traz uma matéria alegando as diversas possíveis origens da bíblia.
Também um trabalho produzido por dois arqueólogos, Israel Finkelstein e Neil
Asher Siberman (http://www.airtonjo.com/resenhas05.htm)
sugerem que a bíblia tenha sido escrita por volta do século VII a.C. durante o
reinado do rei Josias em Jerusalém, segundo este estudo Josias pretendia unir o
povo de Israel utilizando lendas da sua religião, e também dar autenticidade
para o seu governo através das histórias de Davi e Salomão, segundo este
trabalho a historia bíblica dos patriarcas e as conquistas e poderes dos reis
Davi e Salomão nunca existiram de fato.
Mas em qual base essas
declarações se apoiam? Será que a bíblia que temos hoje já foi diferente em
alguma outra época? Será que Abraão, Isaque e Jacó realmente existiram? O Êxodo
do Egito foi um acontecimento real? E as dez pragas, aconteceram de fato? Quais
são as evidências arqueológicas para tudo isso?
Existem inúmeros achados
arqueológicos que falam a respeito destas questões, obviamente que mesmo com
tantos achados ainda existem correntes de pensamentos diferentes a cerca da
autenticidade da bíblia justamente porque esses achados não são tão precisos
como alguns gostariam que fossem, mas à frente vamos analisar cuidadosamente
duas correntes de pensamento sobre essa questão, os minimalistas e os
maximalistas. Mas a principio vamos analisar as principais evidências
arqueológicas sobre a historicidade bíblica dos tempos antigos.
Primeira coisa que quero
analisar aqui são os chamados Tabletes de Ebla (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ebla),
esses tabletes de argila datados de 2300 a 2000 a.C. (exatamente a época dos
patriarcas Abraão, Isaque e Jacó) descrevem uma cultura e um modo de viver bem
similares com a descrição de Gênesis, além de citar nomes de pessoas como Adão,
Eva, Israel (nome dado por Deus a Jacó), Noé e também cidades como Sodoma e até
mesmo uma transcrição do tetragrama “YHWH” (para quem não sabe, o nome de Deus
no original hebraico é o tetragrama, são quatro consoantes, e como em sinal de
reverencia ninguém pronunciava esta palavra, até hoje a pronuncia correta do
nome de Deus é um enigma. O mais aceito é que esta pronuncia seja similar a
“Iavé”), além de relatar que na época a região da peregrinação dos patriarcas
chamava-se realmente “terra de Canaã”, o que alguns críticos diziam que este
nome nunca teria sido usado para aquela região naquela época.
Outra crítica antiga é sobre o
uso da palavra “tehom” que significa “abismo”, usada por Moisés no relato do
gênesis, alguns críticos diziam que esta grafia era muito recente para ter sido
escrita por Moisés, aparentemente esta grafia pertencia ao século VIII a.C.,
porém esta mesma grafia aparece nos tabletes de Ebla, provando ser sim usada
antes mesmo do tempo de Moisés.
Outro exemplo interessante que
temos é a descrição bíblica para o ocorrido no episodio da Torre de Babel. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Torre_de_Babel)
Muitos estudiosos de linguística são unânimes em afirmar que todas as línguas
conhecidas hoje possuem uma única origem. Relatos históricos de diferentes
povos e culturas desde os nativos da América Central até os nativos da
Austrália, possuem um relato de que sobreviventes de uma grande inundação
(dilúvio) se rebelaram contra Deus e decidiram construir uma grande torre que
alcançasse o céu, porém Deus não se agradou disto e confundiu a língua dos
construtores e destruiu a sua torre. Antigas lendas chinesas dizem que “a
divisão da língua original fez com que o universo se desviasse do caminho
certo”, na mitologia persa encontramos uma lenda de que o “espírito do mal”
pulverizou a linguagem dos homens em trinta idiomas, também no livro sagrado
dos Maias temos o seguinte texto: “Aqui, as línguas das tribos mudaram. Sua
fala ficou diferente... Nossa língua era uma quando partimos de Tulan. Aí,
esquecemos nossa fala...”.
Foram descobertos na região da
antiga Suméria, uns templos chamados de Zigurates, que foram construídos com
tijolos de barro queimados e usado betume como argamassa, da mesma maneira como
a bíblia descreve a construção de Babel. Nesta região também foram encontrados
relatos de que certo homem chamado Nimrode planejou construir o mais alto de todos
os Zigurates, mas que sua obra acabou sendo impedida pela confusão das línguas
dos construtores.
Assim como o episódio da Torre
de Babel, o relato do dilúvio é uma constante em quase todas as culturas, de
diferentes épocas, desde os primeiros gregos como os nativos de diversas
regiões.
Outra crítica bastante
divulgada é com respeito ao relato do Êxodo. Muitos críticos afirmam que os
hebreus nunca foram escravos no Egito, e que não existe nenhuma evidencia
histórica ou arqueológica de uma grande fuga em massa do Egito.
Na verdade existem relatos
impressionantes descritos em um documento intitulado de papiros de Ipuwer, (http://es.wikipedia.org/wiki/Papiro_de_Ipuur)
um egípcio do século XIII a.C. que narra com impressionante similaridade o que
a bíblia descreve no relato do Êxodo sobre as pragas do Egito e a saída dos
hebreus. Além de inscrições encontradas nas paredes da tumba de um comandante
chamado Khnumhotep II, que relatam à presença e escravidão dos hebreus no
Egito. (http://es.wikipedia.org/wiki/Jnumhotep_II)
Também foram encontradas na
região da península do Sinai, inscrições em hieróglifos e hebraico contando
sobre a travessia do mar vermelho.
Ainda temos a narração de
Diodoro Siculo, um historiador grego que viveu entre os anos 80 e 15 a.C. Ele
descreve o seguinte: “antigamente ocorreu uma grande pestilência no Egito, e
muitos designaram a causa disto a Deus que estava ofendido com eles porque
havia muitos estranhos na terra, por quem foram empregados rito estrangeiros e
cerimônias de adoração ao seu Deus. Os egípcios concluíram então, que a menos
que todos os estranhos se retirassem do país, nunca se livrariam das misérias”.
O que dizer então sobre o rei
Davi, será que realmente existiu? Muitos críticos têm levantado essa pergunta
alegando falta de documentos relatando sobre a sua existência ou a de sua
dinastia, porém em 1993 foi encontrada uma pedra com escritos em aramaico
relatando a guerra entre os reis da Síria, Israel e Judá, e neste documento
Judá é chamada de “Casa de Davi”, “Casa” no sentido de dinastia de Davi. (http://darwinismo.wordpress.com/2009/07/24/rei-david-arqueologia-e-a-biblia-concordam/)
e também um outro documento do século IX a.C. fala a respeito da ordem partida
pelo rei Joás para que fossem recolhidos tributos para os reparos no templo de
Salomão. (http://veja.abril.com.br/220103/p_063.html).
Se não bastassem estes documentos,
em 2006 foi escavado na região da Jordânia o que teria sido as famosas minas do
rei Salomão, provavelmente desta mina foram extraídas os metais usados na
construção do templo de Jerusalém. (http://evidenciasblog.blogspot.com/2009/03/escavacoes-podem-confirmar-minas-do-rei.html)
Isso sem mencionar tantos
outros achados de outros personagens bíblicos como Sargon, Daniel, Beltessasar,
Nabucodonozor e tantos outros que tiveram sua historicidade comprovada por meio
de inúmeros achados arqueológicos. Mas porque então ainda existem correntes
divergentes entre arqueólogos quanto à historicidade da bíblia? Porque com
tantos achados ainda existem aqueles que ainda não creem na bíblia como um
documento acurado?
A explicação se deve a dois
conceitos importantes, os maximalistas e os minimalistas. Para os primeiros é
bem aceitável que qualquer documento histórico que faça menção aos textos
bíblicos seja acurado, mesmo que não sejam contemporâneos do seu relato, e
ainda que, mesmo que muitas partes da história bíblica não foram encontradas
evidências que a comprovem, aquilo que já foi achado não coloca dúvidas sobre o
que ainda não foi achado.
Já os minimalistas acreditam
que somente documentos ou relatos contemporâneos podem ser tidos como acurados,
e ainda que, deve ser posto em dúvida tudo aquilo que ainda não foi achado nada
a respeito.
Bom, pelos critérios
minimalistas, não poderíamos crer em quase noventa por cento de tudo aquilo que
conhecemos hoje como historia até mesmo personagens como Alexandre o Grande
deveriam ser postos em dúvida pelos critérios minimalistas, porém isso somente
acontece com a bíblia.
É fato que desde a era do
Iluminismo existe uma corrente “cientifica” que se esforça para questionar ou
tentar invalidar a existência de um Deus, e se oponha a qualquer tipo de
religião ou crença.
Independente de qual seja a
corrente de pensamento, o fato é que as evidências são claras ao demonstrar que
no mínimo a historia bíblica é digna de respeito e sua historicidade é
comprovada.
No próximo post vamos ver com
respeito à racionalidade de seu conteúdo, será que a mensagem bíblica é digna
de confiança? Será que mais de dois mil anos de história contada por povos e
culturas diferentes possuem algum tipo de contradição? Em algum momento a
bíblia que conhecemos hoje já foi diferente?
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