Dois exemplos


“E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos? E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo;” Atos 2:37-38
O caminho que Cristo estabeleceu para salvação nele é o caminho do arrependimento, onde você passa a não amar mais o pecado, pelo contrario, seu desejo é de conhecer, obedecer e viver a vida que Deus tem para você. A total compreensão de que Jesus morreu por nossos pecados deve nos levar a odiar o pecado. Se nós amamos a Cristo, e sabemos que Cristo padeceu por causa do pecado, não podemos continuar amando o pecado.
Normalmente associamos o arrependimento a um sentimento de tristeza profunda por algo que foi feito e acabou saindo errado. Mas o arrependimento não é apenas este sentimento. Existem na bíblia dois exemplos interessantes para podermos entender o que é o arrependimento.
A história de dois discípulos de Jesus, primeiro Judas Iscariotes. Os evangelhos mencionam pouco a respeito de Judas, mas relata coisas importantes. Primeiro ele era um dos doze apóstolos. Dentre todos os discípulos de Jesus, ele escolheu doze para que se dedicassem a propagação de sua doutrina. E a ele cabia a responsabilidade pela bolsa, ou seja, era Judas quem administrava o dinheiro e as despesas de Jesus e dos doze. Ele quem recebia as doações, comprava mantimentos e dava ofertas. Assim percebemos que Judas era um discípulo que gozava de muita confiança de Jesus.
A bíblia nos conta que Judas traiu a confiança de Jesus, levando os guardas do templo até onde Jesus estava naquela fatídica noite, véspera da páscoa. Não só conduziu os guardas até onde Jesus estava com seus discípulos como também apontou quem era ele, dando-lhe um beijo em sua face. A bíblia relata também que Judas recebeu por essa informação trinta moedas de prata.
Ao perceber que Jesus seria morto pelos judeus, e que ele teria tido parte importante nesse assassinato, Judas condoendo-se muito por sua culpa, atirou no templo as trinta moedas de prata e se enforcou.
Neste mesmo momento da história encontramos outro discípulo chamado Pedro. Este discípulo também era um dos doze apóstolos, como Judas, mas ele fazia parte de um grupo ainda mais seleto, dos mais próximos do mestre. Em muitos momentos Jesus se reuniu apenas com Pedro, Tiago e João. Foi assim no monte da transfiguração, quando os três puderam ver Jesus em muita glória com Moisés e Elias. Foi assim na ressurreição da filha de Jairo (em Marcos 5), e foi assim naquela mesma noite, quando Jesus já estava amargurado pela dor que havia de passar e pediu para que Pedro, Tiago e João o acompanhassem em oração.
Dias antes desta noite, Jesus o havia alertado que, antes que o galo cantasse, ele negaria conhecê-lo por três vezes. Mas Pedro respondeu ao mestre que nunca o negaria, pelo contrário estaria pronto a morrer pelo mestre se fosse necessário. Porém naquela noite, após Jesus ser preso, e acompanhando o julgamento de Jesus de longe, foi reconhecido por uma criada como sendo um dos discípulos de Jesus, o que ele enfaticamente negou. Depois, de forma semelhante, ainda outras duas vezes foi apontado como discípulo de Jesus, o que ele praguejando negou veementemente.
Quando ele negou pela terceira vez a bíblia diz que o galo cantou, e Jesus mesmo de longe olhou para ele. Pedro lembrando-se das palavras de Jesus saiu chorando amargamente, condoendo-se muito por ter negado o Messias.
Porém diferentemente de Judas, Pedro não desesperou de sua própria vida, mas quando houve oportunidade, procurou reconciliar-se com Jesus. Após receber a notícia da ressurreição de Jesus ele foi correndo para o sepulcro, a fim de averiguar se Jesus havia mesmo ressurgido. Ele desejou e procurou por Jesus, desejoso por reconciliar com seu mestre e pedir-lhe perdão por seu erro.
Existe uma grande diferença entre o arrependimento experimentado por Pedro e o remorso experimentado por Judas. Ambos choraram muito e condoeram-se muito por seus atos, mas apenas Pedro desejou reconciliar-se.
O choro de Judas foi pelo resultado de seus atos enquanto que o choro de Pedro foi pelo seu ato. Muitas vezes choramos e condoemo-nos não pelo pecado que cometemos, mas pelos resultados ruins que nos vem em decorrência do pecado. Mas o arrependimento genuíno é quando sofremos não pelas consequências ruins do pecado, mas pelo próprio pecado.
O arrependimento ocorre quando compreendemos que o nosso pecado faz separação entre nós e nosso Deus, quando entendemos que o pecado traz inimizade entre nós e o verdadeiro objeto de nossa adoração, o nosso criador. E contristados pelo nosso erro, e pela separação de Deus, ficamos desejosos de nos reconciliar com o nosso Deus, pedindo a ele perdão pelos nossos pecados, sabendo que ele perdoará através de seu amor e de sua justiça estabelecida na cruz de Cristo.
Desta forma entendemos que o arrependimento não apenas nos conduz até a cruz de Cristo como também pelo arrependimento somos levados à santificação. Pois a partir de então lutaremos com todas as forças para não cometermos mais o pecado que nos separa de nosso Deus, somos levados a orar, a buscar mais a Deus, a estudar a sua Palavra, a buscar sermos cheios do Espírito Santo, e o Espírito Santo que é o agente de nossa santificação nos conduz ao pleno conhecimento de Deus.
Infelizmente o que a maioria das pessoas tem experimentado em suas vidas não é o arrependimento, mas o remorso pelas consequências de seus erros. Este sentimento pode até levar o homem a evitar o pecado, a fim de evitar as suas consequências, mas não muda o seu coração, que continua amando o pecado. E se pudesse de alguma forma evitar as consequências do pecado, voltaria à prática do pecado.
O que Deus espera de nós não são ações exteriores de aparente santidade, mas o que Deus observa em nós é o nosso coração!
“Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” Salmos 51:17


Comentários

  1. Muito bom filho, amei este estudo e concordo com tudo que foi exposto, realmente há diferença em não pecar por ódio ao pecado, e o não pecar por medo das consequências...

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