“E o mundo passa, e a sua
concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” 1 João 2:17
Em sua primeira carta, o apóstolo João deixa
transparecer uma evidente preocupação em defender a fé ensinada pelos
apóstolos. Ele inicia sua carta indicando que os apóstolos estavam ensinado
daquilo que tinham visto, ouvido e recebido de Jesus Cristo, e reforça as bases
da mensagem de Jesus Cristo falando sobre o pecado, o arrependimento, e a
divindade de Jesus Cristo.
Fato é que desde o final do primeiro século,
muitos “falsos profetas” e “anticristos” estavam se manifestando, ensinando
coisas que eram contrárias à verdade, e convencendo a alguns dos cristãos.
Percebemos que durante toda a história da
igreja, desde o seu inicio, houve uma grande necessidade em defender e
reafirmar a verdade.
Vemos que foi neste esforço que Deus levantou
seus apóstolos, de forma que suas cartas perpetuam até hoje através do novo
testamento, reafirmando e doutrinando acerca do verdadeiro evangelho e da
verdadeira fé.
Mas qual era o perigo que estava persuadindo os
cristãos do primeiro século e que tem persuadido os cristãos até dos nossos
dias a desviar o foco do verdadeiro evangelho, aceitando doutrinas estranhas?
Apóstolo João trás uma resposta muito simples e
ao mesmo tempo muito profunda quanto a isto.
Esta pequena carta de apenas 5 capítulos possui
uma grande riqueza de ensinos. E podemos perceber que João trata da questão do
pecado, e da origem das falsas doutrinas com uma simples afirmação:
“Não ameis o mundo, nem o que no
mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque
tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e
a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.” 1 João 2:15-16
João aqui não está falando do mundo
como o planeta que vivemos, ou a localização geográfica em que estavam os
cristãos, e nem mesmo das pessoas que simplesmente habitam no mundo. João está
se referindo àquilo que governa o mundo, aquilo que rege as tendências de
pensamento e comportamento no mundo.
Quando observamos o jardim do Éden, a
queda do homem se deu por “ouvir” uma sugestão que foi dada à mulher pela
serpente. O homem até então estava sujeito à Deus, mas quando ele escolhe “ser
igual a Deus” “conhecendo o bem e o mal”, ele passa a ser sujeito a um outro
senhor.
Por isso João escreve:
“Sabemos que somos de Deus, e que
todo o mundo está no maligno.” 1 João 5:19
E percebemos claramente que as mesmas
premissas apresentadas à Eva no jardim do Éden, de autossuficiência e
independência de Deus, ao definir por seus próprios critérios o bem e o mal,
ainda permanecem em nossa sociedade até os dias de hoje.
O que tem norteado o homem, em seus
pensamentos naturais não é a vontade de Deus, mas sua própria vontade, e esta
vontade é contaminada pelo pecado da rebeldia do Éden!
Com isso o homem natural está sempre
sujeito a outro senhor que não é o seu Criador, e suas vontades estão sempre em
contradição com a vontade de Deus.
Essa vontade, natural do homem, e
tendenciada ao pecado, é a que está regendo o mundo em sua maneira de pensar e
de se comportar, e esta vontade é influenciada pelo maligno.
Agora podemos entender mais
claramente porque João afirma que tudo o que há no mundo, ou seja, as concupiscências
(ou vontades) da carne, dos olhos e a soberba da vida não vêm de Deus! Pois é
contrária à vontade de Deus!
Neste sentido vemos que aquilo que
João nos alerta a combater não é um inimigo externo, mas algo que faz parte de
nossa natureza carnal, pois todos nós, quer creiamos em Cristo, quer não,
estamos no mundo e sofremos as mesmas inferências das vontades naturais do
mundo.
O não amar o mundo que João nos
alerta com tanta veemência, está em não se conformar com as vontades carnais,
que são contrárias à vontade de Deus, não se conformar com a situação de
corrupção a nossa volta, e principalmente em não ceder aos prazeres destas
vontades.
Ao encarar este fato percebemos que a
luta daquele que deseja amar a Deus está em aborrecer suas vontades carnais. Sujeitar-se
à vontade de Deus é claramente contrario à vontade natural do homem de reger
seu próprio caminho.
No entanto João não apenas nos alerta
quanto a este problema como também apresenta uma realidade da qual o homem não gosta
de pensar. João afirma:
“E o mundo passa, e a sua
concupiscência; ...” 1
João 2:17a
Existe uma corrente filosófica
chamada niilismo, e o pensador mais proeminente chama-se Friedrich Nietzsche. Esta
corrente filosófica nasceu do termo em latim nihil que significa “nada”.
Em suma esta corrente filosófica nega
a existência de Deus, afirma que vamos para o nada, independente de sermos bons
ou maus, todos morreremos e após a morte tudo se acaba, assim a própria
definição de bem ou mal se perdem, porque não há critérios absolutos. Assim o
niilista não faz algo por ser certo ou errado, mas por ser o conveniente
naquele momento.
O niilista pode ajudar alguém porque
projeta uma recompensa ou uma ajuda em um momento futuro, mas não porque
acredita ser certo ajudar as pessoas à sua volta. E no fim tudo se acaba,
portanto todos os valores são subjetivos.
Este pensamento é interessante porque
revela exatamente qual é a esperança real do homem, quando ele desconsidera
totalmente à Deus: Nenhuma!
E antes fosse de fato (para os
niilistas) como eles acreditam, pois o que a bíblia revela é que haverá sim um
fim para este mundo, mas não um fim causado de forma natural, mas o próprio
Deus porá um fim ao pecado e rebeldia do homem trazendo justiça eterna sobre
toda a terra!
A bíblia diz claramente que Deus irá
julgar a todos, mortos e vivos, e lhes dará como recompensa o lago de fogo e
enxofre, onde o bicho nunca morrerá, e as chamas nunca se apagarão. Este juízo eterno
de Deus é a recompensa pelo homem ter se rebelado contra seu criador.
Mas antes de por um ponto final na
história da humanidade, por seu amor, Deus enviou a Jesus Cristo, seu Filho,
para morrer na cruz e pagar o preço de nossos pecados, e nos convidar ao
arrependimento!
Pasmem porque arrependimento
significa justamente “Mudança de Vontade”!
Esta é a mensagem do evangelho que
João defende com tamanha propriedade. Estamos todos debaixo de uma vontade
maligna, inflamada pelo pecado, e Jesus nos convida a abrir mão desta vontade e
nos sujeitarmos à vontade de Deus, lutando contra o pecado e contra nossa
própria natureza carnal!
E por aceitar o convite do Senhor
Jesus, em sujeitar-se à vontade de Deus, temos uma boa esperança. Deus, por seu
grande amor, nos oferece a eternidade com ele, onde o homem poderá enfim
desfrutar do verdadeiro propósito de sua criação.
Um dia, quer pela morte natural, quer
pela intervenção de Deus na história, tudo o que está a nossa volta irá
perecer, está fadado ao fim. E com ele todos os desejos carnais, todos os
projetos e vãs realizações serão interrompidos, e não haverá nem lembranças deles.
Mas a vontade de Deus, e aquele que
responde à essa vontade, este permanecerá para sempre! Está é a grande
esperança do evangelho. Portanto avalie sua vida, e sujeite-se à vontade
daquele que te criou e te amou!
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