Nunca houve um momento na história da humanidade em
que a estrutura familiar foi tão abertamente atacada como no ultimo século. A
destituição da autoridade paterna sobre os filhos tem trazido graves consequências
à nossa sociedade, e consequências essas que dificilmente queremos enxergar.
O grande número de jovens e adolescentes que
ingressam no crime é um dos lados dessa moeda. As causas dessa terrível realidade
vai desde a irresponsabilidade dos pais em não educarem seus filhos, até à real
incapacidade destes pais educarem seus filho.
Desde os anos 60, quando a liberdade sexual foi apregoada
aos quatro ventos, jovens tem se tornado pais sem nem ao menos entender as
responsabilidades que envolvem esse título. Crianças que não deram ouvidos aos
ensinamentos de seus pais tornam-se pais, e não tem o que ensinar a seus
filhos, e o que temos é um cenário de total desordem na estrutura familiar de
nossa geração.
Ainda existem os movimentos humanistas que proíbem os
pais a castigarem seus filhos por sua rebeldia, o que leva a criança desde cedo
a ter uma clara noção de impunidade sobre seus atos. Impunidade essa que também
é provida pelo sistema público. Uma “criança” pode roubar, matar, estuprar e
não será responsabilizado por seus atos.
Mesmo que não chegue a tão alto grau de delinquência,
podemos assistir em nossos dias muitos filhos que respondem a seus pais como se
estes fossem seus empregados. Sem qualquer pudor, respeito ou reverencia. Mostrando
a descaracterização da autoridade paterna, que é o primeiro referencial de autoridade
de qualquer indivíduo. Isso levará certamente ao futuro homem a não reconhecer
qualquer outra autoridade instituída sobre si. O que podemos vislumbrar é um
cenário como aquele descrito em Juizes 17:6
“Naqueles dias não havia rei em
Israel; cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos.” Juízes 17:6
Neste cenário, nunca foi tão atual o quinto mandamento
dado pelo Senhor Deus aos filhos de Israel:
“Honra a teu pai e a tua mãe, para
que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.” Êxodo
20:12
Os mandamentos do Senhor tratam em sua essência dos
relacionamentos do homem em dois níveis. No primeiro nível, temos do primeiro até
o quarto mandamento, tratando do relacionamento vertical, ou seja, entre homem e
Deus. São mandamentos que orientam a adoração, o temor, a reverência e a total
confiança no único e verdadeiro Deus.
Mas a partir de agora os mandamentos mudam o foco,
e tratam do relacionamento horizontal, ou seja, entre o homem e seu próximo, de como os homens deveriam
relacionar-se com seus semelhantes.
Não casualmente o primeiro destes mandamentos faz
referencia ao mais importante dos relacionamentos humanos, a família.
O mandamento é simples, “Honra a teu pai e tua mãe”. A palavra em hebraico usada para “pai” nesta expressão é “ab”, e pode fazer referencia tanto a
pai como avô ou cabeça da família.
Interessante são os sinônimos que podem ser
atribuídos à palavra “Kabed”: Honrar,
ser pesado, ser importante, ser digno.
O sentido atribuído a “honrar” vai desde a tratar os pais de forma a atribuir neles o
sentimento de “sentir-se honrado”
como também o de prover sustento, e o reconhecimento de sua autoridade.
Um exemplo claro dessa relação está nas palavras de
Jesus, quando ele repreende os fariseus por distorcerem os mandamentos do
Senhor por causa de sua tradição.
“Ele, porém, respondendo,
disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa
tradição? Porque Deus ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem
maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá. Mas vós dizeis: Qualquer que
disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim;
esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe, E assim invalidastes, pela
vossa tradição, o mandamento de Deus.” Mateus 15:3-6
Na tradição judaica, os fariseus ensinavam que se alguém
declarasse seus bens como corbã, ou seja, oferta ao Senhor, ele não poderia
usar daquelas posses para sustentar seus pais, independentemente do quão
necessitado estivessem seus pais, apesar de eles mesmos poderem usufruir de suas
posses até a morte. E caso depois de algum tempo quisessem tomar de volta
aquilo declarado como corbã, bastaria pagar certo valor estipulado pelos
sacerdotes.
Cristo está condenando essa prática, pois violaria
claramente o mandamento “Honra teu pai e
tua mãe”. Assim aprendemos que honrar o pai e a mãe indica também o cuidado
para com eles quando estiverem em sua velhice.
A família é tratada como uma peça chave em toda a
bíblia, não há duvidas de que a família está no centro da vontade de Deus. Foi Deus
quem criou a primeira família: Adão e Eva, e os ordenou que frutificassem e se
multiplicassem sobre a terra. Só há uma forma do homem vir à existência,
através da semente do homem em união com a semente da mulher, formando assim um
novo ser.
Por isso no contexto familiar, não existem outros
mais importantes que seu pai e sua mãe. Pois sem eles você não existiria.
A bíblia ainda ordena sobre a família que os pais
devem ser responsáveis pelo ensino e criação dos filhos. Que o pai deve ser o
responsável por ensinar as leis de Deus aos filhos. Que os pais devem prover o
sustento aos filhos.
Mas perceba que o mandamento “Honra a teu pai e a tua mãe” não está condicionado a nenhum
cumprimento prévio. Simplesmente trata do reconhecimento da autoridade dos pais
sobre a vida dos filhos.
Como isso tem feito falta em nossos dias!
A figura da autoridade paterna é tão importante aos
olhos de Deus que ele próprio faz uso dessa figura sobre si, quando nos convida
a chama-lo de Pai, e quando Ele nos aceita como seus filhos.
O reconhecimento de qualquer autoridade acontece na
vida de qualquer homem primeiro no seu relacionamento com seus pais. O correto
entendimento dessa autoridade ainda em sua juventude o ajudará a entender e
sujeitar-se às demais autoridades, inclusive a divina.
Um filho rebelde será inclinado à rebeldia contra
qualquer forma de autoridade.
Mas este mandamento contém uma das mais preciosas
promessas que podemos ter nessa vida terrena: “para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te
dá”, e na repetição deste mandamento em Deuteronômio a promessa é ainda
mais clara:
“Honra a teu pai e a tua mãe, como
o Senhor teu Deus te ordenou, para que se prolonguem os teus dias, e para que
te vá bem na terra que te dá o Senhor teu Deus.” Deuteronômio 5:16
Honrar o pai e a mãe não é uma receita mística para
ser bem sucedido na vida e viver em paz, mas é uma consequência natural,
aprovada por Deus. Quem honra seu pai e sua mãe, saberá honrar também a Deus, e
sujeitar-se às autoridades divinamente instituídas. E como consequência disso
viverá bem nesta terra.
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