Princípio moral dos mandamentos - Shabat Shalom!



Veja antes:

“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar.” Êxodo 20:8

Com toda a certeza este é o mandamento mais discutido em toda a história da igreja. Desde os primeiros séculos existem aqueles que afirmam ser necessário guardar o sábado, outros, afirmam ser necessário guardar o domingo, e alguns afirmam nem um nem outro deve ser guardado, que o que importa é o coração devotado a Deus.
No entanto essas questões refletem a incompreensão quanto ao chamado quarto mandamento.
Sem medo de errar, creio que este mandamento é o de maior profundidade escatológica e teológica. O que vamos aprender sobre o Shabat não é apenas a guarda de um dia ou não, mas sim o mandamento que faz referência ao maior propósito de Deus desde o Éden: A Restauração Universal.
Para compreender este mandamento, inicialmente devemos ter em mente que este mandamento está na porção mais importante de toda a Lei, os dez mandamentos. Estes mandamentos são conhecidos como as LEIS UNIVERSAIS, ou seja, que deveriam ser aprendidas e obedecidas por todos os seres humanos.
Nós somos salvos pela Graça de Deus manifestada na cruz de Cristo. É mediante a Fé no Filho de Deus, o que implica no arrependimento de nossos pecados, que podemos ter a Esperança da Redenção. Essa é a mensagem do Evangelho!
No entanto vamos ver o que significa arrependimento? Arrependimento no grego METANOIA significa MUDANÇA DE MENTE ou MUDANÇA DE DIREÇÃO. No hebraico a palavra traduzida como arrependimento é TESHUVA, e significa RETORNO, VOLTAR A DEUS. O objeto do arrependimento é o PECADO, ou seja, devemos nos arrepender de nossos pecados, confessando-os a Cristo.
Pois bem, o que é PECADO? A palavra PECADO em seu original significa simplesmente isso: ERRAR O ALVO. Mas qual é esse ALVO?
Vamos ver o que Paulo diz:
"Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás." Romanos 7:7.
Ora, segundo o Apóstolo Paulo, a Lei é que DEFINE o que é pecado e o que não é pecado. Assim, o nosso alvo é a Lei, e quando não cumprimos a Lei pecamos. A Lei então nos mostra duas coisas muito importantes, primeiro define o que é pecado, e em segundo a condenação para quem transgride a Lei, como está escrito:
"Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá." Ezequiel 18:4.
Agora vejamos qual o principal ministério do Espírito Santo sobre o mundo (aqueles que ainda não creem):
"E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo." João 16:8.
Vamos prestar muita atenção no que Jesus disse? Ele (o Espírito Santo) convencerá o mundo (pecadores) do PECADO (transgressão da Lei), da JUSTIÇA (o que a Lei ensina) e do JUÍZO (a condenação que a Lei prescreve aos transgressores).
Ora, qual a finalidade de o Espírito Santo operar essas coisas no mundo? Para que haja arrependimento. O arrependimento só é possível a partir da CONSCIÊNCIA do pecado, veja a exortação de Cristo às igrejas:
"Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres." Apocalipse 2:5.
Assim através da consciência do pecado, que é através do conhecimento da Lei, o homem tem a oportunidade de ARREPENDER-SE e praticar a JUSTIÇA.
Cristo nos livrou da MALDIÇÃO DA LEI, mas o que é isso? Cristo pagou o preço de nossos pecados, a condenação eterna, morrendo em nosso lugar, assim então através dEle somos livres da MALDIÇÃO DA LEI (a condenação).
Portanto a Lei não pode perdoar pecados, ela apenas define o pecado e mostra a condenação que está imposta aos pecadores, ela nos ensina o que devemos fazer para cumprir a justiça de Deus, e ao ter consciência dela temos consciência de que somos pecadores, portanto, condenáveis.
A salvação é apenas por Cristo!
Alguns fariseus que haviam se convertido a Cristo tinham bem forte na mente que a salvação era apenas através da obediência à Lei, e este pensamento Paulo combateu fervorosamente, como ele mesmo nos explica:
“Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Romanos 8:3-4
Paulo entendia claramente que era impossível ao homem guardar toda a Lei, por causa do Pecado que habita nosso interior (Romanos 7), por isso exorta os Gálatas dizendo:
“Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.” Gálatas 3:10-11
Vemos que Cristo deixou claro de que sua obra não anularia a Lei quando disse:
 "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir." Mateus 5:17.
Então os "evangélicos" dizem: “Jesus cumpriu a Lei, eu não preciso mais de cumprir". Ora, se Cristo cumpriu a Lei era porque Ele concordava com a Lei, senão não haveria necessidade dEle enfatizar: "Não vim destruir a Lei", depois Jesus nos diz: "Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também." João 13:15.
Vejamos o que Paulo diz sobre o cumprimento da Lei:
"Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei." Romanos 3:31.
ESTABELECEMOS A LEI e não ANULAMOS A LEI. Perceba que a Lei para Paulo continuava em pleno vigor.
A Lei não tem a capacidade de nos salvar, mas nós, os salvos, que depositamos nossa fé na Obra do Messias, temos por alvo aprender e viver a Lei, como Jesus mesmo nos exortou:
 “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mateus 6:33
Mas então devemos praticar toda a prescrição da Torá? Ora, nem todas as prescrições da Torá são para os gentios. Existem Leis que são específicas para o povo de Israel, para lhes dar uma IDENTIDADE, como é o caso da CIRCUNCISÃO.
Paulo foi extremamente contra os legalistas de seu tempo que queriam circuncidar os gentios, não porque ele era contra a circuncisão, mas justamente porque a Lei prescrevia que apenas os israelitas deveriam ser circuncidados.
"Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua." Gênesis 17:13.
Por isso mesmo quando tomou para si o JUDEU TIMOTEO, Paulo mesmo o circuncidou:
"Paulo quis que este fosse com ele; e tomando-o, o circuncidou, por causa dos judeus que estavam naqueles lugares; porque todos sabiam que seu pai era grego." Atos 16:3.
Se Paulo era contra a circuncisão, e circuncidou a Timóteo, então Paulo agiu com hipocrisia. Mas Paulo circuncidou a Timóteo porque ele era filho de mãe judia, apesar de seu pai ser grego, e para testemunho diante dos judeus, circuncidou a Timóteo, visto que Paulo sabia claramente que a circuncisão não influenciaria na salvação de Timóteo, mas para que se cumprisse a JUSTIÇA ele assim o fez.
Portanto, o objetivo da Lei é definir o pecado e nos orientar quanto à justiça, mas somos salvos mediante o que Cristo fez na cruz, porque é só a obra de Cristo que é capaz de expiar nossos pecados.
No entanto, a Salvação não é um fim em si mesmo, nós somos salvos para andar em Justiça. Portanto devemos conhecer a Lei para aprendermos dela qual o padrão de moralidade que Deus tem para nós.
Portanto a obediência à Lei não deve ser por imposição, mas é pelo convencimento que é operado pela ação do Espírito Santo em nossas vidas. Somente assim alguém pode se sujeitar de forma correta às Leis de Deus. O legalismo consiste em obrigar a obediência aos mandamentos sem que haja consciência e ligando a necessidade dessa obediência à salvação.
Não podemos ser legalistas!
A obediência aos mandamentos deve ser fruto do entendimento do ensino que há nos mandamentos. Obedecer aos mandamentos apenas em sua FORMA não é o desejo de Deus, mas compreender o ensino moral e aplicar esse ensino em nossas vidas deve ser o objetivo do cristão, como Paulo disse:
"Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do CONHECIMENTO da sua VONTADE, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; para que possais ANDAR DIGNAMENTE diante do Senhor, AGRADANDO-LHE em tudo, FRUTIFICANDO em toda a BOA OBRA, e CRESCENDO no CONHECIMENTO de Deus;" Colossenses 1:9-10.
Portanto como cristãos devemos nos preocupar em buscar conhecer a VONTADE de Deus e naquilo que APRENDEMOS do Senhor nos sujeitar a Ele.
A religiosidade é um grande problema no ser humano, e é reflexo do pecado. A religiosidade consiste em o homem tentar por seus esforços se aproximar de Deus, o que não é possível, visto que não há nada que possamos fazer para nos justificar diante de Deus.
Há apenas um único Caminho para Deus, seu Filho Jesus, e Ele construiu esse Caminho com seu sangue. Portanto a preocupação de NÃO CONFIAR nas obras para salvação não é apenas para com os mandamentos de Deus, muito pelo contrário, porque o homem naturalmente é religioso e cria para si leis de aparente santidade.
Não podemos CONFIAR em nossas OBRAS para SALVAÇÃO, mas o salvo deve buscar conhecer a vontade de Deus contida nos mandamentos. Aliás, o que aprendemos é que a grande obra do Espírito Santo na Nova Aliança é justamente escrever os mandamentos de Deus em nossos corações, conforme foi profetizado por Jeremias:
“Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha LEI no seu INTERIOR, e a ESCREVEREI no seu CORAÇÃO; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” Jeremias 31:33
Portanto, aquele que aceita a Cristo como Senhor e Salvador deve sim buscar conhecer a LEI. Não para ser salvo, porque ele já foi salvo ao crer, mas para VIVER em JUSTIÇA, TESTEMUNHAR dessa justiça ao meio em que vive.
Obedecer aos mandamentos nos torna aptos a sermos LUZ e SAL nesta terra. Não é a toa que Jesus disse essas palavras no sermão do monte onde Ele ensinou justamente sobre os FUNDAMENTOS da tora.
Agora que definimos corretamente o papel da Lei e sua aplicabilidade na vida do cristão, podemos estudar o que diz o 4º mandamento da Tora, o Shabat.
O sábado não foi criado para ser um dia de inércia, repleto de “não podes”, sábado não é o dia da preguiça. Essa visão sobre o sábado que alguns cristãos ainda carregam é fruto do mau entendimento sobre o que significa guardar o shabat.
O mandamento é bem claro e diz o seguinte:
“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.” Êxodo 20:8-11
Primeira coisa que fica evidente é o uso da palavra “Lembra-te”. O shabat é em primeiro lugar um memorial, um exercício de memória. Mas memória do que? “Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.”
O Shabat é num primeiro momento um memorial da criação!
Foi Deus quem, ainda no Éden, antes do pecado de Adão, santificou o Shabat e o ABENÇOOU. É fundamental entendermos isso, porque a Criação é uma demonstração do AMOR de Deus para conosco.
Deus nos chamou a existência mesmo sabendo que iríamos pecar, e nos chamando a existência também destinou Cristo à cruz para nos resgatar. Por isso a bíblia diz que Deus preparou a salvação a nós deste a FUNDAÇÃO DO MUNDO.
“E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” Apocalipse 13:8
Assim o primeiro aspecto do Shabat está na recordação do seu AMOR por nós, em nos trazer a existência, e ter provido a nós o CORDEIRO, que já deste a fundação do mundo.
Outro aspecto importante deste mandamento é que Deus nos conhece, e sabe que nosso corpo precisa de um descanso, por isso Jesus disse:
“E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.” Marcos 2:27.
Perceba que no mandamento Deus está se dirigindo à aqueles que tinham posses e trabalhadores: “não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu SERVO, nem a tua SERVA, nem o teu ANIMAL, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas”. Assim ao instituir o shabat, Deus estava garantindo a INTEGRIDADE FISICA do povo, reservando-lhes um dia para REPOUSO.
Assim este mandamento tem um aspecto social importante. E trata também da relação do patrão com seu funcionário, preservando o direito ao repouso.
Mas este mandamento também tem um principio espiritual. Vamos perceber que além do Shabat semanal, temos o Shabat anual (a cada 7 anos, um ano era Sabático) e temos também o Jubileu, onde o ano quinquagésimo era também um ano Sabático.
O que isso ensinava ao povo e pode nos ensinar também? Vamos ver o principio moral deste mandamento nas palavras de Jesus:
“Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; e eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?” Mateus 6:25-30
Ao abdicar-se de trabalhar no Shabat, no ano Sabático e no Jubileu, estava sendo exercido no coração dos Israelitas a sua dependência e confiança em Deus para o seu sustento.
Vejamos:
“E se disserdes: Que comeremos no ano sétimo? eis que não havemos de semear nem fazer a nossa colheita; então eu mandarei a minha bênção sobre vós no sexto ano, para que dê fruto por três anos” Levítico 25:20-21.
Então a prática do Shabat exercitava na vida do povo a confiança em Deus para seu sustento, e como o homem precisa aprender a confiar na provisão de Deus!
Muitos cristãos trabalham fora de horário, em cargas horárias extensivas, não respeitam o limite do seu corpo, para poder adquirir algum dinheiro, quando Cristo mesmo nos exorta dizendo que, se é de Deus que vem o sustento dos pássaros e das plantas, quanto mais o nosso próprio sustento não virá dAquele que nos fez a sua IMAGEM e SEMALHANÇA?
Não estou dizendo que não há necessidade de trabalhar, muito pelo contrário, o mandamento ordena “seis dias trabalharás”, no entanto, devemos confiar que de Deus vem o nosso sustento.
Assim o Shabat também faz referencia à nossa confiança em Deus para o nosso sustento.
Mas, há ainda uma referência profética no Shabat, e a meu ver, este é o maior motivo pelo qual nós cristãos devemos santificar o Shabat. Esta referência profética está no livro de Hebreus onde diz:
“Portanto, tendo-nos sido deixada a promessa de entrarmos no seu DESCANSO, temamos não haja algum de vós que pareça ter falhado. Porque também a nós foram pregadas as boas novas, assim como a eles; mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não chegou a ser unida com a fé, naqueles que a ouviram. Porque NÓS, os que temos CRIDO, é que entramos no DESCANSO, tal como disse: Assim jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo; pois em certo lugar disse ele assim do SÉTIMO DIA: E DESCANSOU Deus, no SÉTIMO DIA, de todas as suas obras; e outra vez, neste lugar: Não entrarão no meu DESCANSO. Visto, pois, restar que alguns entrem nele, e que aqueles a quem anteriormente foram pregadas as boas novas NÃO ENTRARAM POR CAUSA DA DESOBEDIÊNCIA, determina outra vez um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, depois de tanto tempo, como antes fora dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações. Porque, se Josué lhes houvesse dado descanso, não teria falado depois disso de outro dia. Portanto resta ainda um REPOUSO SABÁTICO para o povo de Deus.” Hebreus 4:1-9
Assim o Shabat também aponta para a nossa redenção, aponta para a salvação que temos em Cristo, e para seu REINO VINDOURO.
Sabemos que Adão foi criado no sexto dia, e logo após Deus estabeleceu o descanso. Ora Adão foi criado e logo em seguida já entrou no descanso de Deus. Ele foi inserido em um jardim onde nada faltava. Adão estava debaixo da provisão e do sustento de Deus. Vivendo assim estava no descanso de Deus. Mas no dia em que ele pecou Deus o disse:
“No suor do teu rosto comerás o teu pão” Gênesis 3:19a.
Adão saiu do descanso e passou então a buscar descanso e refrigério para sua vida. E esse descanso virá, e será instituído no reino milenar de Cristo na terra, porque Ele é o Senhor do Shabat.
“Porque o Filho do homem até do sábado é Senhor.” Mateus 12:8.
O Shabat é um sinal profético dado por Deus na semana, para que nos LEMBREMOS de que nossa esperança não está no trabalho de nossas mãos, mas sim nas PROMESSAS conquistadas por Cristo na cruz. E essa é a nossa esperança, que um dia nós estaremos no MONTE SANTO de Deus, em comunhão com o Altíssimo.
“E aos filhos dos estrangeiros, que se unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, e para serem seus servos, todos os que GUARDAREM o SÁBADO, não o profanando, e os que abraçarem a minha aliança, também os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos.” Isaías 56:6-7
Portanto a guarda do shabat não é um ritualismo legalista, mas sim um exercício de memória do amor de Deus por nós demonstrado na CRIAÇÃO e na SALVAÇÃO, e aponta para a ESPERANÇA que temos de entrar em seu reino, no descanso eterno, quando novamente estaremos em comunhão com Deus como fora no Éden.
Os fariseus, e outros legalistas de nosso tempo, erraram muito acerta do shabat transformando-o em um peso, proibindo a pessoa até de fazer o bem no shabat, por isso Cristo exortou tanto os fariseus, ensinando que a vida está acima do Shabat:
“E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que tendo uma ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não lançará mão dela, e a levantará? Pois, quanto mais vale um homem do que uma ovelha? É, por conseqüência, lícito fazer bem nos sábados.” Mateus 12:11-12
De fato, devemos nos atentar mais ao ensino moral dos mandamentos do que em sua prática apenas. Deus condenou os israelitas quando esses transformavam a Lei em algo ritualista e litúrgico.
“De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes.” Isaías 1:11
Portanto, muito mais importante do que obedecer a um mandamento em sua forma, é compreender e atentar para seu princípio moral.
Vimos que Cristo mesmo afirmou que a vida está acima do Shabat e que o que importa não é a guarda litúrgica e cerimonial de um mandamento, mas seu principio moral, por isso, se o emprego do cristão o obriga a trabalhar no sábado, ele deve trabalhar, porém mesmo trabalhando no sábado, o cristão pode guardar o principio moral (Mt 6:25-30), e o princípio profético(Hb 4:1-9) que o shabat remete.
Deus sabe que vivemos em uma sociedade que não guarda o sábado, e que muitos devem trabalhar neste dia. Lembre-se que o mandamento foi ordenado primeiramente aos patrões e não aos empregados.
Se você se empregado, você e SERVO de um senhor, e deve servi-lo!
No entanto esse cenário não o impede de transformar o Shabat em um dia especial e diferente para si. E isto podemos fazer obedecendo o mandamento e remetendo nossa lembrança a tudo aquilo que ele representa.
E se alguém guarda o sábado, deixando de trabalhar neste dia, mas a consciência de seu significado, não está guardando o principal da Lei, que é o seu ensino, e por isso essa guarda se torna infrutífera.
Por isso, se é possível ao cristão guardar o shabat, faça-o com essa consciência, mas se não é possível fazê-lo na prática, devido às circunstâncias em que está inserido, ao menos nesse dia que o cristão remeta à sua memória o que ele significa, obedecendo ao princípio moral, o principio social (aquele que é patrão), e profético do mandamento.
Deus não cobrará do cristão que abandone seu emprego se ele é obrigado a trabalhar aos sábados.
“Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes.” Mateus 12:7
“Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.” Oséias 6:6

Portanto, esse mandamento não pode ser tido como peso, muito pelo contrário, por tudo o que ele significa e ensina, ele deve ser visto como GRAÇA de Deus a nós.

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