A páscoa é no
calendário cristão a data mais importante depois do natal. Mas infelizmente, a
páscoa cristã da atualidade foi totalmente deturpada do que foi sua origem.
Primeiro que
a páscoa não é uma festa genuinamente cristã, ela é uma festa hebraica, mas sem
nenhuma sombra de dúvidas essa é a mais messiânica de todas as festas judaicas.
Por quê?
A festa da
páscoa (ou pêssach) é a principal festa do calendário judaico, ela abre o
calendário religioso do povo judeu e serve de referencia para todas as demais
festas judaicas.
Ela foi
instituída por Deus, através de Moisés, no dia 14 de Abib, que foi o dia em que
o povo de Israel foi liberto por Deus do Egito.
O momento era
o seguinte:
O povo hebreu
estava escravizado no Egito já há 430 anos, Deus ouviu o clamor de seu povo e
levantou Moisés como seu libertador. Após falar com Moisés através de uma sarça
ardente, Moisés chega ao Egito ordenando que Faraó libertasse o povo de Israel
do cativeiro, para que o povo adorasse a Deus no deserto.
Faraó
endureceu seu coração e não permitiu que o povo saísse, pelo contrário,
aumentou substancialmente o flagelo sobre aquele povo.
Deus então
começa a julgar o Egito com dez pragas, cada uma delas julgando e subjulgando
as divindades egípcias, e assolando toda a nação.
Após nove
pragas serem derramadas sobre os egípcios, provocando grande perda material e
de pessoas no país, Faraó insistia em não libertar o povo de Israel.
Deus então
anuncia qual seria sua última praga: a morte de todos os primogênitos na terra
do Egito, desde o filho de Faraó, até as crias dos animais, todos os
primogênitos seriam mortos.
Ao contrário
do que acontecera nas ultimas seis pragas, esta também iria ser sobre o povo
hebreu. E para que não houvesse morte dos primogênitos entre os hebreus, era
necessário que cada família separasse um cordeiro limpo, novo, sem defeitos. Ao
crepúsculo (pôr do sol) do dia 14 de Abib este cordeiro deveria ser
sacrificado, e seu sangue aspergido sobre os umbrais das portas das
residências.
Com isso a
praga, vendo o sinal do sangue, passaria por cima daquela casa, não havendo ali
morte de primogênitos.
Mas não era
apenas isso, os hebreus deveriam assar aquele cordeiro e comê-lo juntamente com
pães ázimos (sem fermento) e ervas amargas. Deveriam comê-la já preparados para
a fuga, com tudo pronto para saírem para o deserto.
Assim,
conforme foi ordenado por Deus o povo hebreu fez, e naquela noite o anjo
destruidor passou pelo Egito, matando todos os primogênitos, menos aqueles que
estavam nas casas onde havia o sangue nos umbrais. Daí vem o nome pêssach que
significa “passar por cima”.
Depois da
praga dos primogênitos, Faraó finalmente deixou o povo ir, e os hebreus saíram
do Egito levando grandes despojos, deixando para traz um país assolado. A
história bíblia nos conta que essa abertura por parte de Faraó não durou muito,
logo se pôs a perseguir o povo no deserto, onde Deus abriu o mar vermelho,
livrou seu povo, e Faraó e seu exercito foi afogado nas águas.
Desde então
foi ordenado ao povo hebreu que comemorassem a Páscoa, por estatuto perpétuo, e
nesta festa o povo deveria sacrificar o cordeiro no crepúsculo (por do sol),
assá-lo e comê-lo com pães ázimos e ervas amarga até ao amanhecer.
Essa festa
judaica é repleta de simbolismos e profecias acerca do Messias.
Da mesma
forma como para os hebreus o Egito simbolizava a escravidão, todos nós fomos
feitos escravos do pecado. Desde que Adão e Eva pecaram, desobedecendo a Deus,
toda a humanidade está escravizada pelo pecado. O pecado nos destrói, nos
corrompe, e o pecado nos leva à morte, e à separação total de seu criador.
Há uma
condenação sobre nossas vidas!
“Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a
morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos
pecaram.” Romanos 5:12
Mas da mesma
forma como o sangue daquele cordeiro livrou os hebreus da condenação da morte
dos primogênitos, inaugurando a libertação do povo daquele sistema opressor,
assim também o sangue de Jesus Cristo nos livra da condenação de nossos
pecados, e por Ele podemos ter vida!
Jesus é o
nosso cordeiro Pascoal. Assim como aquele cordeiro tinha que ser limpo, sem
defeitos, perfeito, assim Jesus foi apresentado, como homem perfeito, que não
conheceu o pecado, e que deu testemunho do Pai em toda a sua vida.
João batista
afirma isso a respeito de Jesus quando o vê:
“No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” João 1:29
Outro ponto
interessante que Jesus foi morto justamente no dia do sacrifício da Páscoa, e
seu corpo foi sepultado no momento exato em que o sacrifício da páscoa era
realizado.
“E, havendo-o tirado, envolveu-o num lençol, e pô-lo num sepulcro
escavado numa penha, onde ninguém ainda havia sido posto. E era o dia da
preparação, e amanhecia o sábado.” Lucas 23:53-54
Muitas
pessoas se enganam ao imaginar que Jesus foi crucificado em uma sexta feira.
Ele não foi crucificado em uma sexta feira, mas em uma quarta feira.
Quando a
bíblia diz que “Era o dia da preparação e amanhecia o sábado” esse “sábado” não
era o dia da semana, mas o dia da Páscoa, que também era chamada de “o grande
sábado”. Todas as festas judaicas eram chamadas de “shabat” ou “descanso”.
“Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz,
visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a
Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados.” João 19:31
E diz que
“amanhecia o sábado” porque os judeus consideravam o inicio do dia no por do
sol, e não ao nascer do sol. Portanto o crepúsculo era também chamado de
“viração do dia” quando mudava de um dia para o outro.
Portanto
esqueça essa estória de “sexta feira da paixão” Jesus não foi crucificado em
uma sexta, mas em uma quarta, e porque sabemos que era uma quarta? Por causa do
que o próprio Jesus disse:
“Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia,
assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.” Mateus
12:40
Se Jesus
tivesse sido crucificado na sexta feira e ressuscitado no domingo, nunca que
passaria três dias e três noites no seio da terra. Mas tendo sido enterrado no
crepúsculo da tarde do sacrifício, seu corpo passou três dias e três noites no
sepulcro. E sabemos que de fato, na manhã do primeiro dia da semana, Jesus já
havia ressurgido.
“E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao
sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com
elas. E acharam a pedra revolvida do sepulcro. E, entrando, não acharam o corpo
do Senhor Jesus.” Lucas 24:1-3
Então aquele
era o dia 14 de Abib, o dia da preparação da páscoa, onde ao pôr do sol o
cordeiro era sacrificado. E foi nesse exato momento que Jesus foi sepultado.
Mostrando que Jesus Cristo é o cordeiro de Deus, que foi sacrificado pelos
nossos pecados, para nos trazer a liberdade contra o pecado!
Aquele
cordeiro que era sacrificado todos os anos na páscoa tipificava o que Jesus
Cristo viria fazer na terra quando viesse redimir seu povo de seus pecados.
Através do
sacrifício de Jesus Cristo temos a perpetuação do sacrifício Pascoal, sendo Ele
o sacrifício perfeito, feito de uma vez por todas, não havendo mais necessidade
de sacrifícios de animais, pois o sacrifício perfeito fora providenciado pelo
Pai a nós.
“Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das
coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano,
pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Doutra maneira, teriam deixado de se
oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam
consciência de pecado. Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração
dos pecados, porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os
pecados.
Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, Mas
corpo me preparaste; holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram. Então
disse: Eis aqui venho(No princípio do livro está escrito de mim),Para fazer, ó
Deus, a tua vontade.
Como acima diz: Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo
pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei).
Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o
primeiro, para estabelecer o segundo.
Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus
Cristo, feita uma vez. E assim todo o sacerdote aparece cada dia, ministrando e
oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os
pecados; mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos
pecados, está assentado à destra de Deus, daqui em diante esperando até que os
seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. Hebreus 10:1-13
Mas o
simbolismo da festa da páscoa para com a obra de Cristo não para por aí.
Naquela
festa, após o sacrifício do cordeiro, era necessário que todos se alimentassem
do cordeiro, com pães ázimos e ervas amarga. E essa refeição tem tudo a ver com
nossa vida cristã.
Da mesma
forma devemos nos alimentar de Cristo, que é aquele que nos sustenta e nos da
direção e forças para nossa peregrinação nessa terra.
Aqueles
hebreus estavam se alimentando, vestidos para sua fuga, seriam libertos da
escravidão do Egito, e até alcançar a terra prometida teriam que passar por um
deserto.
Da mesma
forma nós, quando aceitamos o sacrifício de Cristo sobre nossas vidas, somos
libertos da escravidão do pecado, e até alcançar a promessa eterna do reino de
Deus, temos que peregrinar por essa vida, dando testemunho de nosso mestre.
Portanto para
o cristão se fortalecer em sua caminhada e não se desfalecer pelo caminho, é
necessário se alimentar de Cristo, todos os dias de sua vida. Como o próprio
Cristo ensinou:
“Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não
comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis
vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida
eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.” João 6:53-54
Os pães
ázimos também é um símbolo importante para nos cristãos em nossa caminhada com
Cristo. O fermento é retratado na bíblia como tipo do pecado. Portanto é
necessário remover de nossa vida todo o pecado, nos santificar para nosso Deus,
e nos alimentar do pão puro, a Palavra de Deus.
Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa,
assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado
por nós. 1 Coríntios 5:7
E as ervas
amargas que serviam para o povo hebreu lembrar-se da amargura em que viviam na
escravidão, nos serve de lição, para também estarmos atentos de onde Deus nosso
Pai nos tirou, e sabermos suportar com esperança as tribulações da caminhada no
deserto, esperando a promessa de Cristo: seu Reino.
“Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente
não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.” Romanos 8:18
Portanto,
nossa Páscoa esta perpetuada em Cristo, e devemos participar dessa Páscoa. A
páscoa judaica era um tipo do que Cristo fez na cruz por nós e de como nossa
vida deve ser diante da esperança da glória de Cristo.
Nossa Páscoa
não tem nada a ver com chocolates, ovos, presentes. Nossa Páscoa desceu dos
Céus, se fez Homem, habitou entre nós. Ensinou e testemunhou do Pai, e o Pai
testemunhou dEle. Ele foi sacrificado, imolado no dia da preparação, e
sepultado. Mas a morte não o pôde conter, seu corpo foi ressuscitado, Ele
ressurgiu em glória, subiu aos Céus e está à direita do Pai, e seu Espírito
Santo está agindo hoje sobre nós, nos convencendo do pecado, da justiça e do
juízo, para que os homens se acheguem à Ele.
Isso para que
o Filho seja glorificado, e o Pai glorificado no Filho, e para que nEle
tenhamos vida e vida em abundância.
Nossa Páscoa
é Jesus Cristo, o Filho de Deus! Participe você também desta Páscoa!
“Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento
da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade.” 1
Coríntios 5:8
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