O
arrependimento é um tema de extrema importância para qualquer um que deseja ter
um relacionamento com Deus. Não é possível ter qualquer relacionamento com Deus
sem que haja a correta compreensão e prática do arrependimento.
Apenas para
destacarmos a importância deste tema, foi justamente convocando as pessoas ao
arrependimento que Jesus começou seu ministério aqui na terra:
“Desde então começou
Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.” Mateus
4:17
João, o Batista,
precursor do Messias, focou seu ministério em conclamar o povo de Israel ao
arrependimento, batizando-as no rio Jordão com o batismo de arrependimento.
Tanto na Lei
como nos profetas a mensagem do arrependimento é clara, e o que não falta nos
livros históricos são exemplos de pessoas que experimentaram profundo
arrependimento.
Porém, assim
como tantos outros temas, este tem sido visto com grande miopia por aqueles que
atualmente professam a fé em Deus. Atualmente associamos a ideia de
arrependimento à tristeza ou contrição pelas consequências dos erros.
É comum
vermos pessoas tristes pelas consequências de seus erros, por vezes choram e
pedem perdão ou desculpas às pessoas a quem ofendeu. É comum julgar o nível de
arrependimento de alguém pelo nível de tristeza demonstrada.
Não que a
tristeza e a contrição não faça parte do processo de arrependimento, mas
precisamos aprender que o arrependimento é mais profundo do que isso.
Nem sempre
alguém que demonstra tristeza pelas consequências de seus erros está realmente
arrependida do erro.
Além disso, é
um erro queremos arbitrar sobre o arrependimento de alguém pelo que achamos, ou
seja, não podemos julgar se alguém está ou não arrependido por estar ou não
demonstrando tristeza pelos seus atos.
Quando vamos
para o hebraico, a palavra que está no antigo testamento, e que foi traduzida por
“arrependimento” é “TESHUVA”. Porém a tradução literal desta palavra seria “RETORNO”.
Aqui nos
começamos a entender o que é “arrependimento” no contexto bíblico.
TESHUVA não é
tristeza, choro, contrição ou lamento (não que esses sentimentos não façam
parte do processo de arrependimento), mas simplesmente RETORNO. E para retornar
é necessário que haja um OBJETIVO, ou um ALVO.
Somente
retorna aquele que estava em uma direção e saiu daquela direção.
“Porque somos feitura
sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para
que andássemos nelas.” Efésios 2:10
Segundo o
apóstolo Paulo, fomos criados por Deus com o propósito de vivermos praticando
as “BOAS OBRAS”. E não devemos entender “BOAS OBRAS” apenas como “fazer
caridade”. “BOAS OBRAS” compreende toda a obediência à Lei de Deus, compreende
a vida correta, dentro dos princípios corretos, com AMOR A DEUS E AO PRÓXIMO.
Assim, toda a
vez que o homem abandona o princípio de “AMAR A DEUS E AO PRÓXIMO”, este
necessita de um “RETORNO”.
“Portanto,
lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados
incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos
homens; que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de
Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no
mundo.” Efésios 2:11,12
Paulo
continua conclamando os efésios à lembrarem-se da sua situação antes do “RETORNO”,
pois eram “gentios”, separados da comunidade de Israel, sem direito às alianças
e sem esperança. Em outras palavras, viviam “sem Deus no mundo”.
Essa é a
condição inicial do homem caído.
O resultado
do pecado é a separação do homem e de Deus, colocando o homem em sua situação
de “estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança”.
Se o homem
foi criado para as “BOAS OBRAS”, e não está neste caminho, o resultado será
viver “SEM DEUS”.
Assim,
devemos entender o “ARREPENDIMENTO” como o processo de “RETORNO” à Deus,
através da sujeição ao propósito inicial da nossa criação; viver em “BOAS OBRAS”.
É impossível
que este processo se inicie sem que haja uma profunda reflexão sobre seus
caminhos, o devido reconhecimento do desvio, e o propósito firme de “RETORNO”.
“Considerei os meus
caminhos, e voltei os meus pés para os teus testemunhos. Apressei-me, e não me
detive, a observar os teus mandamentos.” Salmos 119:59,60
Porém, apesar
do arrependimento consistir do inicio da caminhada em direção à Deus, não
podemos imaginar que não seja uma constante na vida do servo de Deus.
Sempre que há
consciência de pecado, o arrependimento deve ser praticado, porém, há uma
questão bem interessante quando olhamos para a Torá.
Na Torá Deus
instituiu um dia para que toda a nação se arrepende-se de seus pecados, e esse
dia é a festa de Yom Kippur.
“Mas aos dez dias
desse sétimo mês será o dia da expiação; tereis santa convocação, e afligireis
as vossas almas; e oferecereis oferta queimada ao Senhor.” Levítico 23:27
Mas se o
arrependimento deve ser uma constante na vida do servo de Deus, porque Adonai
pediu um dia específico para que houvesse arrependimento?
O propósito
de Adonai não é que os israelitas fossem anotando seus pecados para que em um
único dia se arrependessem deles, mas era levá-los à terem um dia específico
para ponderarem sobre seus caminhos, verificassem se estavam vivendo
corretamente na Fé, e então corrigissem a trajetória e fizessem o “TESHUVA”
(retorno).
Assim como o
salmista testemunhou que considerou seus caminhos, devemos nós também considerar
os nossos caminhos.
Como está
nosso compromisso com o Senhor em ser sal na terra e luz no mundo? Como está o
nosso objetivo de viver em boas obras para que o Nome do Pai fosse glorificado?
Como estão nossos relacionamentos? Como está nossa “TZEDAKA”? (erroneamente
traduzido como “caridade”, mas que consiste em ajudar financeiramente outras
pessoas principalmente domésticos da fé [Efésios 6:10]).
Se você
professa a FÉ no Senhor Jesus é necessário que você pondere seus caminhos,
analise se de fato está no caminho da JUSTIÇA, e para tanto conte com a ajuda
imprescindível do Espírito de Adonai, pois é Ele quem “convencerá o mundo do pecado,
e da justiça e do juízo” (João 16:8), e faça o TESHUVA!
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