"Mas, antes
que viesse a fé, estávamos guardados debaixo da lei, encerrados para aquela fé
que se havia de revelar. De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos
conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que
veio a fé, já não estamos debaixo de aio." Gálatas 3:23-25
Com base
neste texto muitos teólogos afirmam que não devemos mais nos preocupar com a
Torá, que agora o que importa é crermos em Jesus. A Lei é coisa do passado,
coisa da antiga aliança.
Será que é
exatamente esse ensino que podemos extrair destes versos?
Paulo
escreveu sua carta aos Gálatas de forma simples e direta, não aprofundou em
temas rebuscados, e isso por um motivo latente: Paulo precisava chamar a
atenção dos Gálatas para um erro sério que eles estavam incorrendo.
Paulo
escreveu sua carta de forma simples e direta e é assim que devemos lê-la.
Como já foi
falado nos dois artigos anteriores, Paulo estava combatendo o legalismo, ou
seja, a premissa de que a obediência à Torá era necessária para a Salvação.
Esse engano terrível estava destruindo a fé dos Gálatas.
(Leia aqui os
artigos anteriores: http://fesalvacaoeobras.blogspot.com.br/2015/02/introducao-carta-aos-galatas.html?m=1
e http://fesalvacaoeobras.blogspot.com.br/2016/02/um-pouco-mais-sobre-galatas.html?m=1)
Nos artigos
anteriores discorremos bastante sobre esse problema, e Paulo, neste capítulo 3
está demonstrando como a justificação veio pela PROMESSA, e não pela Torá.
Neste momento
ele faz a declaração de que: "mas, antes que viesse a fé, estávamos
guardados debaixo da lei, encerrados para aquela fé que se havia de
revelar."
O que Paulo
está relatando é muito simples. Desde a queda de Adão, Adonai fez a promessa de
uma redenção. A promessa feita inicialmente a Adão fora confirmada a Abraão,
depois, por intermédio de Moisés, foram estabelecidos cerimoniais e festas que
apontavam para esta promessa. Assim, toda a Torá aponta para a promessa de
redenção.
No entanto,
apesar de sabermos pela Torá que haveria uma redenção e uma expiação pelos
pecados, não sabíamos ainda como nem quando seria. E apesar da Torá anunciar
sobre o Messias, não sabíamos ainda quem Ele seria.
Então a nossa
fé estava guardada na Torá, no que ela apontava sobre o que haveria de
acontecer, mas sem, contudo, sabermos exatamente como iria acontecer.
Quando Jesus
se revelou e conhecemos a sua obra redentora, e então pudemos olhar estupefatos
para a Torá, e vimos como ela se cumpriu com perfeição na pessoa de Jesus o
Messias.
Por isso,
agora, não estamos mais presos a apenas às indicações que a Torá dava sobre a
redenção prometida, mas agora olhamos para a vida de Jesus e atestarmos que a
redenção se manifestou. Isso nos conduz a uma fé completa.
Por isso dizemos
que o Messias trouxe mais luz sobre a Torá, tornando-a plena.
Mas isso não
anula ou diminui a Torá, pelo contrário, torna-a ainda mais relevante. Agora
que a obra redentora do Messias foi manifestada, ao lermos na Torá os
mandamentos que falam sobre essa expiação e redenção, tenho uma visão mais
clara tanto da Torá quanto da obra do Messias. E isso se traduz em um maior
conhecimento de Adonai, e uma fé mais plena.
Neste
sentido, as palavras de Paulo na carta aos Colossenses ganham novos contornos.
"Ninguém,
pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou
de lua nova, ou de sábados, que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é
de Cristo." Colossenses 2:16-17
Paulo está
falando de elementos da Torá: as festas e o sábado. E devemos notar que ele
diz: ninguém vos julgue pelo comer e beber; e não: ninguém vos julgue pelo NÃO
comer e NÃO beber.
Nos versos
anteriores Paulo afirma que os Colossenses haviam sido circuncidados por Jesus,
na circuncisão do coração, e depois complementa: ninguém vos julgue pelo comer
e beber.
Diferentemente
do que muitos pensam Paulo não está a proibir, mas a encorajar os Colossenses a
participarem das festas juntamente com o povo de Israel, porque, segundo a
Torá, essas festas só poderiam ser praticadas por quem fosse circuncidado, e ao
declarar que aqueles gentios haviam sido circuncidados por Jesus na circuncisão
do coração, Paulo está atestando a legalidade de esses gentios participarem das
festas estabelecidas pela Torá. Festas essas que falam sobre o Messias, tanto
sua obra na cruz, como seu retorno. São sombras, ou seja, imagem do corpo do
Messias.
Paulo
encoraja os Colossenses a participarem dessas festividades estabelecidas pela
Torá, mas também adverte: mas o corpo é do Messias!
Em outras palavras
podemos entender Paulo dizendo: vocês têm a liberdade para celebrar as festas
estabelecidas pela Torá, mas saibam que essas festas não possuem valor nelas,
mas nAquele para quem elas apontam.
Ao mesmo
passo em que o apóstolo encoraja os crentes a participarem das festividades,
exorta a colocar a Torá dentro do contexto correto, apontando para o Messias.
Ao celebrar
pessach(páscoa), bikurim(primícias), matzot(pães ázimos), shavuot(pentecostes),
yom terua(trombetas), yom kippur(arrependimento) e sucot(tabernáculos), além do
shabat semanal, os colossenses deveriam olhar para Jesus, e ver a completude da
Torá na obra do Messias de Israel. Tanto a obra completada na cruz, como aquela
que Ele ainda fará em sua volta.
Dessa forma
os crentes estariam edificando ainda mais sua fé no Messias.
Infelizmente
hoje os cristãos perderam o contato com essas práticas da Torá. Hoje
dificilmente um cristão tem algum conhecimento sobre o calendário bíblico. E
isso é uma perda lastimável.
Mas creio
que, antes de qualquer coisa, este é o momento de revermos a maneira como temos
tratado a Torá. Durante séculos o anti-semitismo cristão nos conduziu a ter uma
visão deturpada sobre a Torá, criando uma separação entre Lei e Graça.
Devemos
voltar a ler nossas bíblias sem a dicotomia entre Lei e Graça, pois na verdade
a Lei e a Graça andam juntas, e se complementam.
A Torá
foi-nos dada para que fosse nossa sabedoria, para que por ela conhecêssemos a
Adonai nosso Deus, e para que conhecêssemos seu Ungido: Jesus o Messias.
Precisamos restaurar
em nossas vidas os ensinos apostólicos, e ler a bíblia dentro de seu contexto
original. Pois assim estaremos edificando nossa fé no Messias de Israel,
aprofundando ainda mais no conhecimento da Salvação.
Que Adonai
nos restaure plenamente, e nos instrua em toda a sua obra, escrevendo sua Torá
em nossos corações e mentes.
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