Você conhece a antiga aliança?



“Veio, pois, Moisés, e contou ao povo todas as palavras do Senhor, e todos os estatutos; então o povo respondeu a uma voz, e disse: Todas as palavras, que o Senhor tem falado, faremos.
Moisés escreveu todas as palavras do Senhor, e levantou-se pela manhã de madrugada, e edificou um altar ao pé do monte, e doze monumentos, segundo as doze tribos de Israel; e enviou alguns jovens dos filhos de Israel, os quais ofereceram holocaustos e sacrificaram ao Senhor sacrifícios pacíficos de bezerros.
E Moisés tomou a metade do sangue, e a pôs em bacias; e a outra metade do sangue espargiu sobre o altar. E tomou o livro da aliança e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos.
Então tomou Moisés aquele sangue, e espargiu-o sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o Senhor tem feito convosco sobre todas estas palavras.” Êxodo 24:3-8

Muito é falado no meio cristão sobre a Nova Aliança, mas, será que conhecemos o que de fato era a “antiga” aliança?
Muitos dizem que a “antiga” aliança é o chamado “velho testamento”, e há outros que acreditam que a “antiga” aliança é a Torá.
Vamos procurar entender a partir da Torá o que foi a primeira aliança, e o porquê de uma “Nova” aliança.
Primeiro é necessário entender que “aliança” é um acordo, ou um “contrato” estabelecido entre duas ou mais partes.
No texto mencionado acima, encontramos Moisés celebrando uma aliança entre Deus e o povo de Israel, aos pés do monte Sinai.
Para entendermos um pouco melhor essa aliança, vamos voltar um pouco no texto, e veremos o seguinte relato:

“E subiu Moisés a Deus, e o Senhor o chamou do monte, dizendo: Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim; agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel.” Êxodo 19:3-6

Quem propôs a aliança foi Deus. Ele propôs que, se o povo de Israel ouvisse, e obedecesse a seus mandamentos, Israel seria “um reino sacerdotal e o povo santo”.
Precisamos neste ponto entender o que é um “reino sacerdotal”. A posição do sacerdote é daquele que representa a Deus para com outras pessoas, e representa essas pessoas diante de Deus.
Vemos a figura do sacerdote tanto ensinando a vontade de Deus, como intercedendo pelo povo diante de Deus.
Ser um “reino sacerdotal” implicaria para a nação de Israel que, através dessa nação, Adonai seria conhecido por todos os povos.
Outro detalhe que precisamos notar é que a proposta da aliança foi feita antes de Israel receber a Torá. Israel havia sido liberto do Egito e conduzido até o monte Sinai para encontrar-se com Adonai. Mas até este momento Israel não conhecia a Torá.
Adonai propõe a aliança, ao que o povo de Israel responde:

“Então todo o povo respondeu a uma voz, e disse: Tudo o que o Senhor tem falado, faremos. E relatou Moisés ao Senhor as palavras do povo.” Êxodo 19:8

Vemos nesta primeira aliança o seguinte quadro: Deus propõe a aliança: se Israel obedecer aos mandamentos do Senhor, Israel seria um reino sacerdotal e uma propriedade do Eterno. Israel aceita os termos da aliança dizendo: “Tudo o que o Senhor tem falado, faremos”.
No capítulo 20 vemos Deus descendo sobre o monte Sinai anunciando os mandamentos, aos quais o povo de Israel se comprometera a cumprir.
Após ter o conhecimento dos mandamentos, Moisés celebra a aliança, realizando um sacrifício de um bezerro, e aspergindo o sangue sobre Israel.
O que acontece nos próximos capítulos nós conhecemos bem. Ao Moises demorar no monte Sinai, Israel se corrompe, e faz para si um bezerro de ouro, quebrando a aliança que havia feito com Deus.
O pecado do bezerro de ouro foi terrível, e foi uma grande mácula sobre o povo de Israel. Mas o que vemos pela história é que, mesmo Israel tendo quebrado a sua parte da aliança, Adonai continuou mantendo a sua Palavra, e fez de Israel uma nação sacerdotal.
É através da história de Israel que Adonai é conhecido hoje em toda a terra. Os profetas e a história de Israel são conhecidos em todo o mundo, e foi por meio de Israel que o Messias Jesus veio ao mundo.
Israel é ainda hoje o povo escolhido de Deus, a nação sacerdotal. Deus não anulou suas promessas para com Israel, mesmo Israel falhando com sua parte da aliança em obedecer aos mandamentos de Adonai.
Nisto conhecemos também a Graça de Adonai, em não nos tratar segundo os nossos pecados, mas segundo a sua Graça.
Israel falhou com sua parte da Aliança, mas Adonai não. Portanto, o que percebemos dessa aliança do Sinai é que, a parte do “reino sacerdotal” e “propriedade peculiar” têm sido concretizadas, mas a parte de “tudo o que o Senhor tem falado, faremos” está em falta até hoje.
Para resolver este problema (que é um grande problema), Jeremias anunciou:

“Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor.
Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados.” Jeremias 31:31-34

A Nova Aliança viria para resolver o problema e a fragilidade da primeira aliança. O povo de Israel não conseguiu cumprir os mandamentos de Deus por causa da sua inclinação para o mau. Mas Deus promete uma Nova Aliança onde a Torá seria colocada no interior do povo de Israel, escrita em seus corações, e todos então obedeceriam a Adonai.
Enquanto a primeira aliança o povo estava confiante em sua própria força “tudo o que o Senhor falar, faremos”, na Nova Aliança a confiança é posta na promessa do Senhor.
A Nova Aliança nos ensina que até mesmo para obedecermos a Adonai, necessitamos da sua Graça. Necessitamos que Ele nos conceda que a sua Torá seja escrita em nosso interior.
Assim, a Nova Aliança vem para fazer o que a anterior não tinha condições, devido à fragilidade do coração humano.
Todos nós que cremos em Jesus como o Messias de Israel sabemos que em seu sacrifício foi inaugurada a Nova Aliança. Ele mesmo afirma que o seu sangue era o sangue da Nova Aliança.

“Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós.”Lucas 22:20

Ao passo que a primeira aliança fora celebrada por intermédio de Moisés, oferecendo bezerros como sacrifício, na Nova Aliança vemos o Filho de Deus intermediando e celebrando a aliança oferecendo como sacrifício o seu próprio sangue.
Apesar de a Nova Aliança não ser ainda plena (não estamos ainda livres do pecado), nós que temos crido em Jesus, temos experimentado um pouco do que será essa Nova Aliança, pois temos recebido do Espírito Santo, e temos sido Santificados por Adonai.
Um detalhe importante é que tanto a primeira como a Nova Aliança foi celebrada e prometida ao povo de Israel. Mas nós que cremos no Messias de Israel somos enxertados em Israel, e por isso somos participantes das promessas e das alianças.

“Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo.
Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto.” Efésios 2:11-13

Portanto, as palavras escritas na epístola aos Hebreus para nós devem ter um grande significado:

“Porque, havendo Moisés anunciado a todo o povo todos os mandamentos segundo a lei, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã purpúrea e hissopo, e aspergiu tanto o mesmo livro como todo o povo, dizendo: Este é o sangue do testamento que Deus vos tem mandado.
E semelhantemente aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os vasos do ministério. E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão.
De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes.
Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus; nem também para a si mesmo se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no santuário com sangue alheio; de outra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.
E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.” Hebreus 9:19-28

Que o Senhor continue nos abençoar, e nos conceder que a Torá seja escrita em nosso interior, para andarmos diante de Adonai em santidade, sendo luz para este mundo tenebroso.

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