Quem eram os legalistas do primeiro século?


 

Nos artigos anteriores falamos sobre a definição de legalismo, como a Torá lida com o legalismo e como os apóstolos combateram o legalismo do primeiro século.

 

(links:

http://fesalvacaoeobras.blogspot.com.br/2016/06/e-como-os-apostolos-lidaram-com-o.html?m=1

http://fesalvacaoeobras.blogspot.com.br/2016/06/o-que-e-legalismo.html?m=1 )

 

Mas quem eram os legalistas do primeiro século?

 

Estes eram os principais opositores de Paulo e seu ministério, e o Novo Testamento nos fala muito sobre eles.

 

Um dogma (ordenança de homens) do judaísmo no primeiro século ensinava que era inconcebível que um judeu mantivesse comunhão com um gentio.

 

Recentemente a arqueologia resgatou um artefato interessante, uma placa com inscrições em hebraico e grego que dizia:

 

"Nenhum estrangeiro tem permissão de entrar na balaustrada em torno do santuário e do pátio. Quem for pego, será responsável por sua decorrente morte".

 

O historiador Flávio Josefo nos informa que, ao redor do Templo, existia um muro, de aproximadamente 1 metro de altura, que era chamado de "muro da inimizade".

 

Paulo faz menção e este muro em sua carta aos Efésios, ensinando que em Cristo não há mais separação entre judeus e gentios (EF 2:14).

 

Ainda segundo o historiador Flávio Josepho, o gentio que ousasse adentrar na área proibida era atacado e morto.

 

Foi exatamente por isso que Paulo foi espancado em Jerusalém, conforme registro de Atos:

 

"clamando: Varões israelitas, acudi; este é o homem que por toda parte ensina a todos contra o povo, contra a lei, e contra este lugar; e ainda, além disso, introduziu gregos no templo, e tem profanado este santo lugar." Atos 21:28

 

Alguns homens tinham visto Paulo em Jerusalém com Trófimo, de Éfeso, e pensaram que Paulo havia introduzido Trófimo no templo, por isso arrastaram Paulo para fora do templo e começaram a espancá-lo.

 

Uma parcela deste grupo de judeus, que tinham este dogma, creu em Jesus como o Messias de Israel, e aguardavam seu retorno, e a restauração do reino de Israel.

 

Eles viviam em Jerusalém e exerciam certa influência no seio da Igreja.

 

Essa influência fica explícita na carta que Paulo escreveu aos Gálatas, quando Paulo registra como ocorreu sua visita a Jerusalém.

 

"E, quanto àqueles QUE PARECIAM ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, NADA ME COMUNICARAM; antes, PELO CONTRÁRIO, quando viram que o evangelho da INCIRCUNCISÃO me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão ..., e CONHECENDO Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a GRAÇA QUE ME HAVIA SIDO DADA, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós FÔSSEMOS AOS GENTIOS, e eles à circuncisão; recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência." Gálatas 2:6-7;9-10

 

Depois Paulo começa a relatar o que ocorreu quando Pedro foi visitar a igreja na Antioquia:

 

"E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, COMIA COM OS GENTIOS; mas, depois que chegaram, se foi retirando, e se APARTOU deles, temendo os que eram da CIRCUNCISÃO." Gálatas 2:11-12

 

Percebemos neste relato que Paulo trata de um grupo, dentro dos judeus crentes de Jerusalém, que eram denominados por Paulo como "os da circuncisão".

 

Este mesmo grupo resistia ao ministério de Paulo, que fora enviado a anunciar o evangelho aos Gentios.

 

Quando Paulo diz que eles "não lhe comunicaram nada", Paulo está afirmando que este grupo não reconhecia o ministério de Paulo, e não somente não reconheciam como também resistiam a Paulo, justamente porque não aceitavam que os gentios pudessem receber algum favor de Adonai.

 

Apesar da resistência deste grupo, os apóstolos Tiago, Pedro e João, não apenas reconheceram o ministério de Paulo, como também "deram as destras", ou seja, abençoaram a Paulo e Barnabé, dando a eles autoridade como Apóstolos.

 

Paulo então passa a narrar o momento quando Pedro chegou a Antioquia. Ele sentava-se e comia com os crentes gentios sem nenhum constrangimento, mas quando chegaram representantes desde grupo "os da circuncisão", Pedro se sentiu persuadido, e passou a evitar os gentios.

 

Paulo narra ainda que a persuasão fora tão forte, que até mesmo Barnabé se deixou influenciar por este grupo.

 

Foi quando Paulo repreendeu a Pedro dizendo:

 

"Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus? Nós somos judeus por natureza, e não pecadores dentre os gentios. Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada." Gálatas 2:14-16

 

Devemos nos lembrar que a expressão "erga nomous", usada por Paulo e traduzida em nossas bíblias como "obras da lei", estava se referindo ao legalismo, ou seja, a confiança na prática da lei para salvação.

 

Quando Paulo afirma que Pedro vivia como gentio, não estava dizendo que Pedro não observava a Torá.

 

Pedro, como um bom judeu, era praticante da Torá, mas apesar de observar os mandamentos da Torá, a sua confiança para salvação estava na fé em Cristo, assim como aqueles gentios também haviam crido em Jesus.

 

O que Paulo estava afirmando era que, por mais que eles (Pedro e Paulo) fossem judeus, e que desde o nascimento foram ensinados na Torá, conheciam ao Deus de Israel, faziam parte da aliança, não confiavam nessas coisas para Salvação, senão unicamente no sacrifício de Jesus Cristo para remissão dos seus pecados.

 

E que da mesma forma aqueles gentios estavam também crendo em Jesus Cristo, confessando seu Nome.

 

Portanto, não seria lícito obrigar os gentios a viverem como judeus. Ou seja, obrigar os gentios a se sujeitarem ao legalismo para que pudessem ter a salvação. 

 

O dogma dos "da circuncisão" era na verdade a expressão do legalismo e da religiosidade que estava imperando no judaísmo do primeiro século.

 

Contra este dogma, os apóstolos se reuniram em Jerusalém em Atos 15, reafirmando o real papel da Torá, que não era o de redimir os pecadores, mas de ensinar os servos de Deus a viverem na Graça de Adonai.

 

Por isso a Torá não deveria ser imposta aos gentios, mas deveria ser ensinada, a cada sábado, nas sinagogas, para que, com entendimento e fé, os gentios encontrassem na Torá o refrigério para suas almas.

 

"Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus... Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue, e cada sábado é lido nas sinagogas." Atos 15:19;21.

 

No entanto, em nossos dias, os crentes têm sido oprimidos por diversos tipos de legalismos.

 

Da mesma forma que os inimigos de Paulo se baseavam em um dogma (ensino humano) para tentarem obrigar os gentios a práticas desvinculadas de sua fé, atualmente muitas denominações tem oprimido crentes ao impor dogmas dos mais variados.

 

Pior, muitos dogmas têm sido sustentados para afastar os crentes da real compreensão dos textos da Torá. Não é de hoje que homens têm ensinado que a Torá foi abolida, que pertencemos a uma nova lei, uma nova aliança.

 

Precisamos voltar à determinação apostólica de Atos 15, e, como eles fizeram, devemos combater os dogmas e falsos ensinos, e colocar a Torá no seu devido lugar de relevância para nosso ensino.

 

Que o Espírito de Adonai nos capacite a olharmos para a bíblia sem os óculos do legalismo, e sejamos livres pela Palavra de Adonai

Comentários

  1. Por que tanto se repete a palavra Legalismo? Seria um pecado? Seria algo nocivo às religiões cristãs? Querem que eu mesmo responda? Os fariseus usam essa palavra legalismo, no fundo, no fundo para tentar lixar das Rochas Sagradas das Leis de Deus o Quarto Mandamento que muito os incomoda. então malham as leis de Deus fundamentando-se falsamente no Livro de Gálatas, no qual o Apóstolo Paulo ABOMINA AS LEIS. Acontece, que as leis abominadas por Paulo NADA TÊM A VER COM O DECÁLOGO, AS 10 LEIS DE DEUS PERPÉTUAS, pois têm tudo a ver com as leis retrógradas, que escravizavam e até matavam, que por serem nocivas Está Escrito que SÓ VIGORARAM ATÉ JOÃO (Batista) Lucas 16:16.
    Lendo-se a Carta aos Gálatas perceberemos facilmente que Paulo escreve especialmente a um grupo de Gálatas que pretendia que certas leis da tradição israelita tivessem sua continuação, também no Evangelho da Graça, mas foram barrados. A principal dessa leis escravas era a Circuncisão da Carne tão combatida por Paulo na Carta aos Gálatas. Portanto, todas as inserções nocivas à leis e obras em Gálatas nada têm a ver com as dez Leis de Deus ou boas obras.

    Paulo mesmo declarou-se escravo das leis de Deus, mas do Decálogo, as boas leis:
    “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado”. Romanos, 7:25.

    “Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus”. Romanos, 7:22.

    “Para Deus não há diferença de pessoas. Assim, pois, todos os que sem a lei pecaram, também sem lei perecerão; e todos os que com a lei pecaram, mediante a lei serão julgados, porque os simples ouvidores da lei não são justos diante de Deus, mas todos os que praticam a lei hão de ser justificados”. Romanos, 2:12. Aqui, Paulo, novamente, ressalta o valor dos Mandamentos, e lembrando que são Dez!

    “... se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações”. Paulo, em Romanos, 16:25.

    Paulo, o santo em vida, revela que não haveria pecado sem que houvesse antes a Lei instituída, promulgada e propagada e ainda cita uma das leis do Decálogo provando que se referia, de fato, às Dez Leis:

    “Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça se a lei não dissera: Não cobiçarás”. Romanos, 7:7.

    “Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento é santo, justo e bom”. Romanos, 7:12.

    O Apóstolo Paulo revela, ainda, que sem leis não se reconheceria o pecado, portanto, sem leis não teria como existir o pecado no mundo e, por consequência, Adão e Eva não poderiam ter sido ser expulsos do Paraíso se a eles não tivesse sido dada uma lei pelo Senhor Deus; não teria como Deus julgar os homens no Grande Dia de Jesus, pois os julgamentos, necessariamente, têm de ser fundamentados em leis previamente promulgadas, estabelecidas e propagadas, e isso foi realizado também por seu próprio Filho e só não toma conhecimento também dessa Verdade de Deus quem não quer!

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    Waldecy Antonio Simões walasi@uol.com.br

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