O exemplo de Raquel.



A Torá nos conta que o patriarca Jacó amou uma jovem donzela chamada Raquel, e para se casar com ela, trabalhou sete anos a fio. O texto diz que estes sete anos passaram para Jacó como se fossem poucos dias, pois amava muito a Raquel.


E mesmo depois do problema gerado por seu pai Labão, que trocou-a por sua irmã Lea na noite de núpcias, forçando Jacó trabalhar ainda outros sete anos para se casar com suas duas filhas, a Torá afirma que Jacó ainda continuava amando mais a Raquel do que a Lea.


Não há dúvidas no relato de Gênesis que Raquel era mais favorecida que sua irmã Lea no amor de seu marido. Mas no final, vemos que Raquel não foi tão afortunada assim como sua irmã.


Raquel teve poucos filhos, apenas dois, enquanto sua irmã teve sete filhos. Raquel teve uma morte prematura, em um parto complicado de seu último filho Benjamim. Raquel também foi a única matriarca de Israel a não ser sepultada em Macpela.


Olhando um pouco para a história destas duas irmãs, podemos aprender algumas coisas, que fizeram a diferença nas vidas de Raquel e Lea.


Lea, apesar de desprezada pelo marido, confiava em Deus, e sua confiança fica estampada nos nomes que deu aos seus filhos (Gn 29:31-35).


Raquel, apesar de ter o amor de seu marido, sentindo-se inferiorizada por não ter filhos, não busca confiar em Deus, mas oferece sua serva Bila (Gn 30:3-8).


Vendo Lea que não tinha mais filhos, e que Bila estava dando filhos a Jacó, tomada por inveja, cai no mesmo erro que Raquel, e oferece sua serva Zilpa para gerar filhos a Jacó.


Mas o caso mais interessante nesta disputa entre as irmãs acontece logo em seguida.


Rúben, filho de Lea, primogênito de Jacó, com certeza ainda um adolescente, saiu ao campo no tempo da ceifa de trigos, e trouxe para sua mãe mandrágoras.


Mandrágoras são frutas silvestres, que, na cultura da época, era atribuído poderes afrodisíacos.


Quando Raquel vê que Rúben trouxe mandrágoras para sua mãe, ela faz algo surpreendente. Raquel aluga seu marido a Lea pelas mandrágoras.


Provavelmente Raquel, influenciada pelo pensamento contemporâneo, confiou no poder das mandrágoras para dar filhos a Jacó.


Mesmo sendo a esposa amada do patriarca, vemos que seu coração ainda estava enfeitiçado por costumes pagãos.


O que aconteceu foi o oposto do que Raquel imaginava. Lea que já não tinha mais filhos, engravida novamente, e dando a Jacó outros dois filhos e uma filha.


Depois de tanto tempo, a Torá diz que o Eterno se apiedou de Raquel, e abriu-lhe a madre, de forma que engravidou de seu primeiro filho a quem deu o nome de José.


O nome de seu filho demonstra que, apesar de ter tido o tão esperado filho, Raquel não se contentou, e desejava mais (Gn 30:24).


Aliás, essa é uma característica de Raquel, ela nunca estava contente. Ela não se contentou em ter o amor de seu marido, e não se contentou em tido José, ela queria mais.


No entanto, o pior erro de Raquel ainda estava por vir. Quando Jacó anunciou a suas mulheres o plano para retornar à Canaã, ela entra furtivamente na casa de seu pai, e rouba deles seus ídolos (Gn 31:19).


Novamente vemos que a amada esposa do patriarca não aprendera nada com seu marido concernente à fé no Deus único e verdadeiro.


Ao perceber que seus ídolos foram furtados, Labão vai atrás de Jacó, e acusa-o do roubo. Sem saber de nada, Jacó amaldiçoa de morte aquele que teria roubado a Labão.


Alguns anos depois depois, Raquel morreria no parto de Benjamim.


O que podemos aprender com a vida de Raquel?


Não adianta nada sermos filhos ou cônjuges de pessoas consagradas no serviço do Senhor. Nós devemos ter nossas próprias experiências com o Eterno.


Podemos estar bem próximos de pessoas de fé, se não abandonarmos os velhos costumes e pensamentos, nunca experimentaremos o plano de Deus em nossas vidas.


Devemos estar sempre satisfeitos com o que o Eterno tem nos dado. Nada de errado em almejar crescer nesta vida, mas há uma grande diferença em almejar o crescimento, e o não se contentar com aquilo que o Eterno tem nos dado.


Que o Eterno nos abençoe.



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