Desfazendo inimizades!

"Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades." Efésios 2:14-16 (ACRF)

 

Este texto de Paulo tem sido usado muitas vezes para alegar que, através do sacrifício de Yeshua, parte, ou toda a Torá foi abolida. E não apenas isso, o próprio chamado do povo de Israel como povo de Deus foi findado alí.

 

Não obstante o próprio Yeshua ter ensinado que não veio abolir a Torá, nem os profetas (Mateus 5:17), e que não fora enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel, muitos ainda insistem em buscar bases nas palavras de Paulo para sustentar o oposto.

 

O interessante é que, se lermos cuidadosamente as palavras de Paulo, vamos chegar a conclusão oposta a aquela que normalmente é sustentada.

 

Primeiramente Paulo começa dizendo que ele, Yeshua, é o nosso Shalom (Paz). Ele não apenas nos trás a paz, mas ele próprio é a nossa paz. E ele continua dizendo que ele é a Paz entre dois povos, judeus e gentios.

 

A primícia de Paulo em sua afirmação é justamente sustentar que em Yeshua, judeus e gentios podem viver em união.

 

Ele continua dizendo que Yeshua "derrubou a parede de separação que estava no meio". Que parede é essa a qual Paulo se refere? E estava no meio de onde?

 

Flávio Josepho, historiador do século I, registra que no Templo de Jerusalém havia um pequeno muro, de aproximadamente um metro de altura, que cercava o pátio do Templo na metade.

 

Em todo este pequeno muro haviam inscrições alertando os gentios de que eles estavam proibidos de atravessar aquele ponto, sob risco de morte.

 

Paulo estava usando como figura uma construção do Templo de Jerusalém, para demonstrar como Yeshua fez dos dois povos, judeus e gentios, apenas um povo para o Eterno.

 

Se esta parede foi desfeita, então é o acesso dos gentios ao Templo, e ao que ocorria no Templo, que é o sentido do movimento desta união, e não a saída dos judeus em direção aos gentios.

 

Mas na sequência ele diz: "desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças".

 

Primeira observação que fazemos sobre este trecho é que Yeshua de fato desfez a INIMIZADE. Mas por acaso esta inimizade é a Torá? Ou era ocasionada pela Torá?

 

Para entender melhor, precisamos recorrer a outro texto de Paulo, aos Romanos, onde ele escreveu:

 

"Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra. Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás." Romanos 7:5-7

 

Paulo estabelece a ligação entre o pecado e a Lei, não que a Lei em si seja pecado, mas que o fato de existir Lei, suscita em nós o desejo pela transgressão. Essa verdade dita por Paulo é muito conhecida de nós, hoje, pela expressão: "tudo o que é proíbido é mais gostoso".

 

Segundo Paulo: "E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom."(Romanos 7:12), mas a nossa inclinação carnal é suscitada pela Lei, pois somos tendenciosos à desobediência: "Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado." (Romanos 7:14).

 

Da mesma forma, a Torá despertou a inimizade entre os judeus e gentios, não porque a Torá seja maligna, ou porque seja a inimizade, mas porque nós somos inclinados para o mal e para a desobediência.

 

Assim, quando a Torá elege Israel como uma nação sacerdotal para todos os povos, despertou nos gentios o ciúmes por essa condição, ao mesmo tempo que despertou nos judeus o orgulho por tal posição.

 

O próprio fato de terem levantado tal muro com inscrições tão pesadas, separando os gentios para fora, é um reflexo deste orgulho.

 

Vemos então que a inimizade gerada pela Torá é na verdade fruto do pecado, fruto da transgressão à Torá, pois a Torá condena tanto o ciúmes como o orgulho.

 

Mas como Yeshua desfez a inimizade através da sua cruz?

 

Yeshua morreu na cruz para trazer a solução definitiva para os nossos pecados. Proporcionado a nós o perdão e também a transformação de nossa natureza através da Nova Aliança.

 

"E lhes disse: "Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos." Marcos 14:24

 

"Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá" ... "Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha Torá no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo." Jeremias 31:31;33

 

Assim, desfazendo o problema do pecado, vemos se cumprindo nas nossas vidas as palavras que Paulo escreveu no capítulo oito da carta aos Romanos:

 

"Porque a Torá do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da Torá do pecado e da morte." Romanos 8:2.

 

A Torá é a mesma, mas sem Yeshua ela produz em nós morte, por suscitar em nós a desobediência, ao passo que em Yeshua, a mesma Torá opera em nós vida, pois, por meio de seu Espírito que opera em nós, somos conduzidos à obediência.

 

E esta conclusão pode ser vista no final deste parágrafo, onde Paulo registra: "fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades".

 

Ao ter a Torá em nossos corações, pela ação do Espírito Santo, não apenas é resolvida a inimizade entre judeus e gentios, como também é resolvida a inimizade dos homens com Deus.

 

O que podemos concluir com as palavras de Paulo em Efésios 2:14-16?

 

Pela fé em Yeshua, os gentios são aproximados a Israel. Nós somos enxertados em Israel, e não o contrário. Não há espaço para o antissemitismo, nem para a anomia entre os crentes em Yeshua.

 

Essa amizade é possível pela solução definitiva que Yeshua proporcionou para o pecado: sua morte expiatória.

 

Ao sermos unidos à Israel, tendo apenas um Deus: o Pai, e um só Senhor: Yeshua, somos todos agora povo de Deus, adquiridos por ele para sermos sua herança.

 

Por isso, Yeshua é a nossa Paz, o nosso Shalom, aquele que desfaz todas as inimizades. Que o Eterno nos abençoe!



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