Sifrá e Puá

Qual a relação entre Sifrá e Puá, Moisés, e os líderes das tribos de Israel?

Em Êxodo, capítulos 1 ao 5, vamos encontrar a história deles.

As primeiras personagens são Sifrá e Puá. Elas eram  as parteiras das hebréias, e foram chamadas pelo Faraó para uma missão nada nobre.

Faraó desejava que as parteiras, ao perceberem que a criança nascida era um menino, provocassem a sua morte, mantendo vivas apenas meninas que nascessem entre o povo hebreu.

Devemos entender todo o risco que cercava essas parteiras.

Desobedecer a uma ordem direta de Faraó era uma sentença de morte. Já os hebreus eram escravos, pessoas mal vistas na sociedade, pessoas das quais os egípcios tinham aversão.

Provavelmente essas parteiras não eram hebréias, apesar de Rashi (rabino do século XXI) identificá-las como Joquebede e Miriã, outros comentários talmúdicos as identificam como prosélitas, e não hebréias.

Por mais que elas não concordassem com a idéia de assassinar crianças, a pressão para que cedessem a esta ordem era muito grande.

No entanto, a Torá diz que elas temiam ao Eterno, e pelo temor ao Eterno elas se negaram a obedecer a ordem de Faraó.

Por essa posição firme, mesmo correndo o risco de morte, a Torá diz que elas tiveram suas casas estabelecidas. Deus abençoou não apenas elas, mas suas famílias e seus descendentes.

O segundo personagem é Moisés. Este foi salvo das águas do Nilo, feito filho da filha de Faraó. Aos 40 anos de idade, ao visitar seus parentes hebreus, viu a aflição deles.

Ao presenciar um egípcio que maltratava um hebreu sem razão, diante de flagrante injustiça, Moisés  matou o egípcio. Este acontecimento foi determinante para que Moisés fugisse do Egito, perdendo seu posto e suas prerrogativas.

Com certeza a atitude de matar o egípcio foi uma ação negativa por parte de Moisés, talvez ele pudesse resolver a questão de outra forma, usando sua autoridade como filho da filha de faraó.

Mas às vezes somos tão treinados a reprovar a atitude de Moisés que nos esquecemos que ele tomou essa atitude extrema para salvar uma vida inocente.

Moisés pode ter errado, mas sua atitude radical foi para defender a vida de um inocente. Uma atitude muita semelhante à de Puá e Sifrá.

Quarenta anos após este incidente, Moisés, agora com oitenta anos de idade, é chamado pelo Eterno para libertar Israel do jugo do Egito.

Moisés tentou por cinco vezes, e com argumentos diferentes, esquivar-se desta missão. Mas o chamado do Eterno não foi mudado, Moisés teria de ir ao Egito libertar o seu povo.

Quando chegou ao Egito, apresentou-se aos líderes das tribos de Israel. Disse que o Eterno o havia enviado para libertá-los, e fez sinais para que cressem.

Eles vão até Faraó, e dizem a Faraó que deveriam ir ao deserto, a uma distância de três dias, para adorar ao Eterno.

Essa também foi uma atitude corajosa, levar a Faraó um recado do Deus de Israel, com um pedido tão inusitado, foi uma ação corajosa.

A reação não seria diferente, o próprio Eterno já havia alertado Moisés de que Faraó não permitiria Israel partir, a não ser por uma "mão forte".

Aqui temos um importante ensino para nós.

Primeiro que, a exemplo de Sifrá, Puá, Moisés e os líderes das tribos de Israel, somos chamados a nos posicionar diante das circunstâncias que nos cercam.

Não podemos nos entregar a passividade, por mais que corramos riscos ao denunciar a iniqüidadee. O temor ao Eterno deve nos impulsionar a sermos diferentes.

Diante das injustiças deste mundo não podemos nos calar. Devemos censurar e prontamente condenar toda a injustiça.

Devemos estar sempre prontos a proclamar a Palavra do Eterno, não importando o quanto poderemos ser censurados pelo mundo.

Faraó não apenas recusou ouvir a Palavra de Adonai, ele também penalizou ainda mais os hebreus, tirando-lhes a palha para fazer tijolos, e obrigou-os a produzir a mesma quantidade de antes. Também ordenou que açoitassem os líderes de Israel a cada dia que a cota de produção de tijolos não fosse atingida.

A aflição foi tamanha que encontramos Moisés no final do capítulo 5 orando ao Eterno dizendo que seria melhor se ele não tivesse sido enviado.

Da mesma forma, diante de nossa posição de obediência ao Eterno, e de proclamação da sua Palavra, nós sofremos revezes.

Yeshua nos alertou que neste mundo teríamos tribulações, e rav. Shaul (apóstolo Paulo) nos adverte que, aqueles que desejam viver piamente a fé em Yeshua, padecerão tribulações.

Os egípcios e Faraó odiavam os hebreus, procuravam o seu mal. O mundo não é diferente para com os discípulos de Yeshua.

Mas no primeiro versículo do capítulo 6 encontramos a promessa do Eterno que nos encoraja:

"Então disse o Senhor a Moisés: Agora verás o que hei de fazer a Faraó; pois por uma poderosa mão os deixará ir, sim, por uma poderosa mão os lançará de sua terra." Êxodo 6:1

O Eterno nos abençoe e nos fortaleça.

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