Boa vontade em servir ao Eterno.

O capítulo 35 de Êxodo começa a narrar a construção do Tabernáculo, as vestes sacerdotais, e de tudo que fora ordenado a Moisés no cume do monte Sinai.

Mas há dois pontos neste capítulo que chamam a nossa atenção.

Veremos que, de fato, todas as coisas foram feitas exatamente como haviam sido ordenadas pelo Eterno. 

Se lembrarmos que, a pouco dias antes de começarem esta obra, o povo de Israel passou pelo grande problema do bezerro de ouro, podemos nos perguntar, o que os levou Israel a tal nível de assertividade?

Os dois pontos que veremos neste capítulo 35 nos ajudarão a encontrar esta resposta.

Inicialmente, o capítulo 35 começa falando sobre o Shabat, com a proibição de acender fogo neste dia, e, pela primeira vez, o Shabat é apresentado de uma forma bastante enérgica. 

"Então Moisés convocou toda a congregação dos filhos de Israel, e disse-lhes: Estas são as palavras que o SENHOR ordenou que se cumprissem. Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia vos será santo, o sábado do repouso ao Senhor; todo aquele que nele fizer qualquer trabalho morrerá. Não acendereis fogo em nenhuma das vossas moradas no dia do sábado." Êxodo 35:1-3

A impressão é que não há qualquer relação entre os 3 primeiros versículos do capítulo 35 com o restante do assunto. Mas na verdade, ele é fundamental para entendermos tudo o que aconteceu a partir de então.

Precisamos entender o contexto em que estas palavras foram pronunciadas. 

Israel havia acabado de passar pelo problema do bezerro de ouro. Haviam quebrado a aliança. Mas através da intercessão de Moisés, o Eterno manteve a aliança com seu povo, prometendo o "Anjo" que faria a expiação de seus pecados (Êxodo 32:34).

O mandamento do Shabat então é reforçado aos Israelitas, pois este mandamento é o antídoto do Eterno contra a idolatria.

Lembremos que o Shabat foi instituído como memorial da criação. "porque em seis dias fez o Eterno os céus e a terra" (Êxodo 20:11).

A cada semana os israelitas teriam sua consciência lembrada de que há um Deus Eterno, que criou todas as coisas. Por isso, todos os demais deuses, feitos por mãos humanas, não são deuses.

Israel estava como nação aliançada com o Eterno, vivendo em uma sociedade totalmente subserviente ao Eterno. As Leis do Eterno eram as Leis de Israel.

Por isso vemos tamanho peso neste mandamento a partir de Êxodo 35, pois quem, naquela situação, se rebelasse contra o Shabat, estaria rebelando-se contra o Eterno.

A proibição de acender fogo no Shabat segue este mesmo princípio. Precisamos nos lembrar que fazer fogo naquele tempo era uma tarefa árdua. Por isso mesmo, as famílias sempre deixavam fogo acesso em casa.

Somente seria necessário acender fogo no Shabat se, por falta de cuidado, deixassem a chama de suas casas apagarem. Isso demonstraria uma falta de preparação e cuidado.

Até hoje o sexto dia é conhecido como o 'dia da preparação', onde os judeus deixam tudo pronto em suas casas para receberem o Shabat. 

O Shabat é um dia especial. Um dia de festa e alegria. Por isso, nos lares judaicos, na sexta feira são feitos os pães, é separado o vinho, uma janta especial é preparada. As pessoas chegam em casa mais cedo, toma-se banho e vestem a melhor roupa.

Agora preste atenção no que acontece a partir do verso 21 do capítulo 35:

"E veio todo o homem, a quem o seu coração moveu, e todo aquele cujo espírito voluntariamente o excitou, e trouxeram a oferta alçada ao Senhor para a obra da tenda da congregação, e para todo o seu serviço, e para as vestes santas.
Assim vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração; trouxeram fivelas, e pendentes, e anéis, e braceletes, todos os objetos de ouro; e todo o homem fazia oferta de ouro ao Senhor; e todo o homem que se achou com azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pêlos de cabras, e peles de carneiro tintas de vermelho, e peles de texugos, os trazia; todo aquele que fazia oferta alçada de prata ou de metal, a trazia por oferta alçada ao Senhor; e todo aquele que possuía madeira de acácia, a trazia para toda a obra do serviço.
E todas as mulheres sábias de coração fiavam com as suas mãos, e traziam o que tinham fiado, o azul e a púrpura, o carmesim e o linho fino. E todas as mulheres, cujo coração as moveu em habilidade fiavam os pêlos das cabras.
E os príncipes traziam pedras de ônix e pedras de engastes para o éfode e para o peitoral, e especiarias, e azeite para a luminária, e para o azeite da unção, e para o incenso aromático.
Todo homem e mulher, cujo coração voluntariamente se moveu a trazer alguma coisa para toda a obra que o Senhor ordenara se fizesse pela mão de Moisés; assim os filhos de Israel trouxeram por oferta voluntária ao Senhor." Êxodo 35:21-29

Perceba quantas vezes aparece a expressão "voluntariamente".

Houve um espírito voluntário em toda a nação, tanto para as ofertas dos produtos necessários para a construção do Tabernáculo, como para o trabalho na construção do Tabernáculo.

Será que podemos relacionar a celebração do Shabat, com o espírito voluntário que sobreveio ao povo?

O Shabat, assim como qualquer mandamento do Eterno, pode ser recebido de duas formas. Pode ser recebido como um peso, ou pode ser recebido como uma dádiva.

Quando recebemos os mandamentos do Eterno como um peso, ficamos apenas com os aspectos negativos do mandamento. Sentimos interiormente incapaz de cumprir tal ordenança, ficando desmotivados.

Não é incomum servos de Deus terem este sentimento para com os mandamentos. Isso é fruto da nossa natureza carnal, e da visão errada que temos com relação aos mandamentos do Eterno.

Se atentarmos para a Torá como uma dádiva do Eterno para nós, veremos que os mandamentos do Eterno não são penosos, como João disse: 

"Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados." 1 João 5:3

O Eterno conhece nossas limitações, e sabe do nosso íntimo. Ele nunca exigirá de nós o que não podemos fazer. 

O interesse do Eterno com relação ao Shabat, nos primeiros três versículos do capítulo 35, não é condenar pessoas que não guardam o Shabat, ou impedir os seus servos de terem uma refeição aquecida no Shabat.

O interesse do Eterno é que recebamos o Shabat. Aprendamos com seus princípios, e conheçamos seu amor, que tem sido manifesto deste a criação do mundo.

Ele sabe que vivemos em uma nação que não tem nenhuma aliança com Ele, e que muito de seus servos tem que trabalhar no sétimo dia. 

A Torá não foi dada para nos tolir, para nos limitar, ou para nos restringir. A Torá foi-nos dada para nos dar vida:

"Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes; para que vivais, e entreis, e possuais a terra que o SENHOR Deus de vossos pais vos dá." Deuteronômio 4:1

"Todos os mandamentos que hoje vos ordeno guardareis para os cumprir; para que vivais, e vos multipliqueis, e entreis, e possuais a terra que o SENHOR jurou a vossos pais." Deuteronômio 8:1

Assim, se olharmos corretamente para o mandamentos, seremos levados a aprender com os mandamentos, e não apenas nos sentir obrigados a cumprir. 

Torá significa "Instrução"!

Ao aprendermos o mandamento, aprendermos seus princípios, e seus ensinos, somos levados a guardá-los da forma correta, sem legalismos, com amor e satisfação. Isso nos eleva e nos anela ao Pai.

Podemos então entender o que aconteceu com o povo de Israel. Ao cumprir os mandamentos do Eterno da forma correta, aprendendo seus princípios e seus ensinos, o coração do povo foi alcançado, levando-os a agirem voluntariamente para com a obra do Eterno.

Que o Eterno escreva a sua Torá em nossos corações, e nos dê a compreensão da sua Vontade, para que tenhamos o coração voluntário e dedicado à sua Obra.

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