Como lidar com o pecado.

Como lidar com o pecado.

O livro de Levíticos começa com as ordenanças a respeito dos sacrifícios de animais que deveriam ser realizados no Tabernáculo. 

Uma leitura mais atenta sobre estes capítulos iniciais nos revela que há vários tipos de sacrifícios, e cada um tem significados profundos.

Nos capítulos 1 ao 3, encontramos ali descriminados sacrifícios de ofertas de animais, ofertas de cereais, e ofertas pacíficas.

Esses sacrifícios tinham o caráter de adoração, gratidão e louvor. Ao ofertar ao Eterno frutos do rebanho ou das plantações, os israelitas prestavam culto ao Eterno.

Apesar de este princípio estar sendo deturpado nos dias de hoje pelos pregadores da prosperidade, precisamos ter em mente que, ofertar ao Eterno é um mandamento da Torá, e é recebido como "cheiro agradável" pelo Eterno.

A partir do capítulo 4 temos as ofertas pelos diversos tipos de pecados. Pecados cometidos na ignorância, pecados relacionados à imundícias e pecados cometidos com dolo.

A Torá trata aqui de três níveis de pecados.

Apesar de o Eterno não levar em conta o tempo da ignorância, ao tomarmos consciência do pecado, este deve ser tratado. 

Alguns pensam que por terem cometido pecados na ignorância, não há culpa. Não é isso que a Torá diz. Havendo consciência do pecado, este pecado deve ser tratado.

Os pecados relacionados às imundícias são interessantes, pois tratam de situações em que o homem pode se tornar imundo por tocar em coisas imundas, ouvir coisas imundas, ou falar coisas de forma temerária.

Este nível de pecado normalmente nos atinge não pelo o que fazemos, mas pelas circunstâncias as quais somos submetidos.

Ao estarmos numa roda de amigos, podemos falar coisas que não deveríamos, ouvir coisas que não nos agrada. Quem nunca foi exposto a aquela música "chiclete" que não fala nada de produtivo?

A Torá ensina que, ao tomar consciência de tais pecados cometidos por imundícias, devemos confessá-los diante do Eterno.

O terceiro nível de pecado que vemos no início do capítulo 6 de levíticos é aquele em que produzimos dolo ao próximo.

Este pecado é mais grave em suas conseqüências que os demais, e para este tipo de pecado o Eterno ordena algo a mais além do sacrifício para a expiação. É ordenada a restituição a aquele que foi prejudicado por nossas ações:

"Será pois que, como pecou e tornou-se culpado, restituirá o que roubou, ou o que reteve violentamente, ou o depósito que lhe foi dado em guarda, ou o perdido que achou, ou tudo aquilo sobre que jurou falsamente; e o restituirá no seu todo, e ainda sobre isso acrescentará o quinto; àquele de quem é o dará no dia de sua expiação." Levítico 6:4,5.

Aqui temos um princípio muito importante da Torá, a reparação do mal praticado. 

Nós que cremos em Yeshua, sabemos que o seu sacrifício é superior a todos esses sacrifícios ordenados em Levíticos. Sendo na verdade o único capaz de realmente remover o pecado e a culpa dos homens. 

Mas, devemos entender que o sacrifício de Yeshua substitui os sacrifícios do Templo, porém sem anulá-los. 

Ou seja, os princípios estabelecidos pelo Eterno para a expiação do pecado continuam tais quais são apresentados na Torá, apenas o sacrifício ao qual recorremos é o sacrifício de Yeshua, por ser superior a todos os demais. 

Com isso precisamos aprender que, da mesma forma como a Torá alerta que pecados cometidos na ignorância precisam ser tratados, e que pecados relacionados à imundícias precisam ser confessados, os pecados que produzem dolo a outros precisam ser reparados.

Veja como Yeshua mesmo lida com essa questão: 

"Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta. 
Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil." Mateus 5:23-26.

O que a Torá ensina sobre nossos pecados é que somos responsáveis pelas nossas atitudes. E, apesar de haver o sacrifício para expiação de nossos pecados, este não remove a responsabilidade de agirmos coerentemente com o arrependimento que deve prescindir à confissão e a conseqüente expiação.

Lembremos que Yeshua apenas disse que a Salvação havia entrado na casa de Zaqueu, após ele firmar o compromisso de: 

"Mas Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: 'Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais'." Lucas 19:8

Que o Eterno nos abençoe e nos conduza à pratica da justiça, conforme a sua vontade.


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