Novamente, uma questão de identidade.

Porque deveríamos celebrar a Páscoa conforme a tradição judaica, e não conforme a tradição cristã?

Como já abordamos, a tradição "cristã" que foi construída para a Páscoa, foi desenvolvida muitos anos após a morte dos apóstolos, e foi fruto de um movimento que tinha o intuito de remover do cristianismo suas características judaicas. 


Vimos que a ordem para mudança da data da celebração da Páscoa, bem como a deformação de suas características, foi decretada por Victor II, bispo de Roma, e que Polícrates, juntamente com outros bispos da Ásia, foram contra essa mudança.

Assim como ocorreu com tantos outros aspectos, o cristianismo católico optou pelo sincretismo de sua fé com o paganismo comum da época. 

Com isso a festa de Páscoa ganhou elementos totalmente estranhos à fé original, apenas para ser mais aceitável aos pagãos do império romano. Foi neste interim que foi introduzido na Páscoa o ovo e o coelho.

Além do mais, como vimos anteriormente, o rito original da Pessach, conforme celebrada por Yeshua com seus discípulos, falam mais claramente sobre aspectos primordiais de nossa fé, principalmente a morte expiatória de Yeshua e sua ressurreição.


Não obstante aos argumentos hora expostos, há uma razão ainda pertinente para a celebração da Pessach: a nossa identidade!

Ao abraçarmos a celebração da Pessach, conforme o rito original, estamos conectando a nossa redenção em Yeshua ao evento da libertação de Israel do Egito.

Yeshua não é um elemento isolado, que surgiu em uma determinada época na região do oriente médio, e que iniciou um movimento revolucionário do qual somos resultado.

Yeshua veio em resposta a uma promessa, e a um plano bem definido de redenção para toda a humanidade, plano este que começa em Abraão, e passa necessariamente pela libertação de Israel do Egito. 

A redenção de Israel do Egito é parte do plano divino de redenção total, o qual ainda aguardamos o desfecho.

Quando celebramos a Pessach nos lembramos desta conexão que temos com Israel. Conexão esta enfatizada por Paulo em sua carta aos Efésios: 

"Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto." Efésios 2:11-13.

Ao depositarmos nossa fé na morte expiatória de Yeshua, e sua ressurreição, somos enxertados nas promessas feitas a Israel. Portanto, a libertação de Israel é também a nossa libertação.

Somente podemos celebrar nossa salvação porque primeiro o Eterno libertou Israel do Egito, fez deles seu povo, entregou a eles a promessa de um Messias, que veio e promoveu uma eterna redenção.

Assim, ao celebrarmos a Pessach conforme o rito estabelecido na Torá, identificamos com todo este plano traçado e executado pelo Eterno. Não por menos Yeshua entregou-se como sacrifício expiatório no dia do sacrifício de Pessach, dia 14 de Aviv.

Não obstante aos argumentos apresentados, restaurar a celebração da Páscoa, conforme a celebração original, é um passo importante para a restauração, não apenas de nossa identidade, mas de nossa fé.

Durante séculos retiraram de nossa fé a Torá, alegando que esta fora abolida na cruz, mesmo Yeshua tendo declarado que não viera para tal fim. 

A celebração da Pessach é um mandamento da Torá para todos os que tem uma aliança com o Eterno. "nenhum incircunciso comerá dela"(Êxodo 12:48), e Paulo autentica dizendo sobre nós "estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, pela circuncisão de Cristo"(Colossenses 2:11).

Portanto, temos o direito, e o privilégio, de restaurar a celebração da Pessach como discípulos de Yeshua, conforme ordenado na Torá, trazendo à nossa memória a libertação do Egito físico, e, principalmente, do Egito espiritual, através do sacrifício do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

Hag Pessach Sameach! Feliz festa de Páscoa!

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