Israel no plano divino.

"Bem-aventurado tu, ó Israel! Quem é como tu? Um povo salvo pelo Senhor, o escudo do teu socorro, e a espada da tua majestade; por isso os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas." Deuteronômio 33:29


Apesar do cântico de Moisés, no capítulo 32, trazer uma mensagem pesada, a respeito do que aconteceria com Israel por causa de sua apostasia, a Torá encerra no capítulo 33 com a bênção de Moisés sobre as tribos de Israel.

No verso 29 vemos Moisés encerrando sua bênção sobre Israel declarando: "Quem é como tu? Um povo Salvo pelo Senhor?"

Infelizmente, a igreja perdeu essa visão que a Torá trás com tanta ênfase a respeito de Israel. A Aliança que o Eterno tem para com Israel é uma aliança eterna e inviolável.

Desde os primórdios do cristianismo, e aqui falo como entidade religiosa e não como sistema de fé, o anti-semitismo entrou de forma bastante sutil a partir da teologia da substituição.

Segundo essa teologia, defendida por grandes nomes do passado como Inácio de Antioquia, Irineu de Lyon, João Crisóstomo e Agostinho de Hipona, a primazia de Israel nos planos de Deus fora substituída pela Igreja.

Devido ao fato de Israel (como nação) ter rejeitado a Yeshua, e que os gentios haviam-no reconhecido como o Messias, então, estes gentios, agora denominados Igreja, cumpriria os propósitos de Deus no lugar de Israel.

A Igreja seria agora o Israel de Deus, o povo escolhido, que triunfaria sobre todos os seus inimigos, representando o Reino de Deus na terra, e a Israel caberia apenas as maldições contidas na Torá.

Essa teologia até hoje é amplamente divulgada e defendida por vários púlpitos, sem saberem que este é o modo mais nefasto de se praticar o anti-semitismo, pois tenta roubar de Israel o seu legado e o seu papel central, tanto nas Escrituras como no Plano Divino.

Paulo rebateu duramente este pensamento em vários momentos, e devemos estar atentos ao que ele ensinou. Primeiro Paulo pergunta:

"Que vantagem, pois, tem o judeu? ou qual a utilidade da circuncisão?" Romanos 3:1

E ele mesmo responde:

"MUITA, em TODO SENTIDO;" Romanos 3:2a

E depois explica a sua resposta:

"primeiramente, porque lhe foram confiados os oráculos de Deus." Romanos 3:2b

E a aqueles que acreditavam que a incredulidade de Israel poderia ser o motivo de deixarem sua posição no plano divino, ele contra argumenta:

"Pois quê? Se alguns foram infiéis, porventura a sua infidelidade anulará a fidelidade de Deus?" Romanos 3:3

Segundo Paulo, o fato de Israel ter sido infiel não é motivo para que Deus se faça infiel quanto a sua promessa. E isto está intimamente ligado ao que encontramos nos últimos capítulos da Torá.

No capítulo 32 temos o resultado do que o Eterno faria em função da rebeldia de Israel, mas no capítulo 33 encontramos a restauração deste mesmo Israel, agora conduzido em obediência a Deus.

Mas Paulo ainda retoma este assunto na mesma carta aos Romanos, e explica um pouco mais detalhadamente o porquê há vantagem em Israel:

"Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas; dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém." Romanos 9:4,5

Preste atenção à lista de elementos que Paulo declara ser de propriedade de Israel: 

 - adoção de filho (ser chamado de filho de Deus);
 - as Alianças (inclusive a Nova Aliança que é prometida a Israel - Jeremias 31:33 "farei uma Nova Aliança com a casa de Israel e casa de Judá");
 - a Torá (toda a nossa bíblia nos foi legada por Israel, dentro do contexto judaico, escrito em sua grande maioria por judeus);
 - o Culto (o calendário bíblico, as festas, e a forma de cultuar a Deus foram dados a Israel);
 - as Promessas (inclusive a promessa de expiação, perdão e redenção);
 - o Messias (que é acima de todos, e o Eterno seja bendito por isso. Amém.).

O que Paulo está explicando não é que todo o judeu é salvo, ou tenha um relacionamento com Deus pelo simples fato de nascer judeu. Muito menos que para ser aceito por Deus deve-se converter-se em judeu.

O que Paulo está defendendo é que, o meio pelo qual o homem pode aproximar-se a Deus, através de seu Ungido (Yeshua), foi revelado a Israel, e através de Israel. E esta revelação se deu como promessa a Israel.

Por isso os verdadeiros filhos de Abraão são aqueles que são por fé, ou seja, que tem a mesma fé que Abraão teve.

E nós gentios, quando cremos no Messias de Israel, somos enxertados em Israel, feitos participantes junto com Israel daquilo que o Eterno revelou a Israel.

Mas entenda que somos participantes JUNTO, não acima, nem em substituição. Por isso não podemos, como gentios, nos gloriar sobre os judeus descrentes, achando-nos mais importantes do que eles apenas porque cremos, conforme o próprio Paulo explica:

"E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti." Romanos 11:17,18

E aos efésios Paulo é ainda mais claro:

"Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto." Efésios 2:11-13

Em Yeshua, através de sua morte e ressurreição, nós gentios somos aproximados à Israel, somos feitos participantes das promessas e das responsabilidades legadas a Israel. 

Por isso, devemos rejeitar a teologia da substituição e todos os seus desdobramentos. 

Devemos entender que Deus tem apenas um povo, e este povo é formado por judeus e gentios crentes em Yeshua, que vivem conforme a sua Aliança. E que neste contexto, os gentios são aproximados a Israel, que são os verdadeiros detentores das promessas.

E como a Palavra do Eterno nunca falha, nós aguardamos ansiosamente a restauração plena de Israel, tanto física como espiritual, como encontramos nas palavras de Moisés:

"Bem-aventurado tu, ó Israel! Quem é como tu? Um povo salvo pelo Senhor, o escudo do teu socorro, e a espada da tua majestade; por isso os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas." Deuteronômio 33:29.

O Eterno de Israel abençoe as nossas vidas!

Chazak, Chazak, V'nitchazek! Seja forte, seja forte, e sejamos fortalecidos!

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