Matzot e nossa nova vida no Messias.

"Sete dias comereis pães ázimos (matza); ao primeiro dia tirareis o fermento das vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado, desde o primeiro até ao sétimo dia, aquela alma será cortada de Israel." Êxodo 12:15.

"Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós." 1 Coríntios 5:7.

Quando o povo de Israel estava prestes a sair do Egito, o Eterno deu-lhes o mandamento de celebrar as festas de Pessach (páscoa), e de Matzot (pães sem fermento).

A festa consiste em não ingerir nenhum tipo de "hametz" durante sete dias. Entende-se por "hametz" a fermentação dos seguintes tipos de cereais: aveia, trigo, centeio, cevada ou espelta. Fermentação de frutos, raízes ou outros cereais não são considerados hametz, e são perfeitamente permitidos durante os dias de Matzot.

A festa teria inicio no dia 15 de Aviv, o dia da libertação do Egito, e duraria até o dia 21 de Aviv. Durante estes sete dias o povo de Israel deveria comer pães (de trigo, aveia, centeio, espelta ou cevada) sem fermentação.

O processo de fermentação consiste na transformação de açúcar em gás carbônico pela atuação de uma bactéria. A bactéria processa a glicose existente na farinha do cereal em gás carbônico, o que faz aumentar o volume da massa.

O pão fermentado fica mais cheio, vistoso, e mais palatável também. O pão não fermentado é menor, mais denso, a sua aparência não é desejável, e é de difícil digestão.

Porque Deus estabeleceu uma festa, em comemoração a libertação do Egito, onde, por sete dias, seus servos deveriam comer pães sem fermento?

O fermento tem um simbolismo muito interessante na tradição bíblica. 

O fermento está ligado ao orgulho, e à imagem errada que fazemos de nós mesmos. Assim como o pão fermentado se mostra cheio e vistoso, o orgulho nos leva a nos apresentarmos de maneira diferente da que realmente somos. O pão sem fermento é o pão sincero, aquele que se apresenta como ele realmente é, sem um gás carbônico inflando seu interior. 

O povo de Israel estava sendo libertado do Egito com mão forte da parte de Deus. Sinais grandiosos foram feitos em favor de Israel, e para juízo dos egípcios. Israel ainda entraria na terra prometida, desapossando nações muito maiores e mais poderosas do que eles. 

O Eterno adverte para que Israel não considerasse que tudo aquilo estava acontecendo por causa da justiça ou fidelidade de Israel: 

"Quando, pois, o Senhor teu Deus os lançar fora de diante de ti, não fales no teu coração, dizendo: Por causa da minha justiça é que o Senhor me trouxe a esta terra para a possuir; porque pela impiedade destas nações é que o Senhor as lança fora de diante de ti." Deuteronômio 9:4.

As festas têm uma função muito importante. São memoriais de eventos do passado, que apontam para um futuro reservado por Deus para nós. Matzot tem a função de nos lembrar que não devemos nos sentir melhores, ou justos, por termos sido alcançados por sua salvação.

Yeshua (Jesus), através de seu sacrifício, nos livrou do Egito espiritual. Libertou-nos de nossos pecados e do sistema mundano ao qual estávamos associados. Yeshua nos deu seu Espírito que nos conecta com o Eterno e escreve a sua Torá em nosso coração. 

Devemos nos lembrar que Yeshua foi sacrificado no dia de Pessach, o primeiro dia da festa de Matzot. E Paulo associa diretamente a festa de Matzot à ação de Yeshua em nós em nos fazer novas criaturas.

Matzot é também um memorial para nós que cremos em Yeshua e fomos libertos pelo seu poder. Ter em mente quem realmente somos. Somos salvos não porque somos justos, pelo contrário, somos obstinados e pecadores. Mas o Eterno nos amou, e operou em nós as suas maravilhas. 

Matzot nos lembra que, para continuarmos no caminho da Salvação, devemos perseverar na sinceridade de coração, na simplicidade da fé e na perseverança na obediência.

Devemos nos lembrar que fomos feitos novas criaturas, e por isso devemos fugir dos pecados, e de tudo aquilo que tem aparência de pecado. Mesmo que a olhos humanos esta nova vida possa parecer menor (e não é, pois o pão sem fermento tem a mesma massa do pão fermentado), aos olhos de Deus são os humildes de coração que são aceitáveis, enquanto que os soberbos são resistidos.

Portanto, Matzot fala muito a nós, em nos lembrar sobre o mais importante aspecto de como deve ser o nosso caminhar nessa vida como servos de Deus: a humildade de espírito.

Que o Eterno nos abençoe.

#Parasha #Bô
#Matzot #Pessach
#Libertação #Salvação



Comentários