O milagre e nossa fé.

Uma coisa que chama a nossa atenção quando lemos o Novo Testamento é a freqüência com que os milagres aconteciam, tanto através do ministério de Yeshua, como através dos apóstolos.

A sensação que temos é de que aconteciam milagres a toda hora, tal o enfoque que os evangelistas deram aos milagres operados por Yeshua, e de fato, João diz que "Yeshua realizou ainda muitas outras maravilhas. Se todas elas fossem escritas uma por uma, acredito eu que nem mesmo o mundo inteiro seria capaz de conter os livros que se escreveriam." (João 21:25).

Mas, na história da igreja pós-apostólica, e até mesmo na atualidade, parece-nos que os milagres se tornaram escassos.

Ainda que, muitos charlatões tem se apresentado nos meios religiosos, realizando curandeirias fraudulentas, às vezes somos tomados pela sensação de que, na atualidade, nenhum milagre verídico acontece.

Esta constatação parece destoar-se das palavras do Messias quando disse: "Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados". (Marcos 16:17,18).

Qual a leitura correta a respeito desta percepção?

Os milagres são apresentados nas Escrituras como manifestação da Graça de Deus, sua misericórdia em responder nossas orações, agindo de forma sobrenatural através de curas, livramentos, e etc. Mas também são apresentados como sinais que acompanham uma mensagem autorizada pelo Eterno.

Nos profetas vemos, por exemplo, que a sombra retrocedeu dez graus, como sinal de que a palavra de cura profetizada por Isaías iria se concretizar na vida do rei Ezequias. São dois milagres que aconteceram, um como sinal de que a profecia vinha da parte de Deus, e outro milagre mostrando a misericórdia de Deus para com a vida do rei Ezequias.

Podemos encarar os milagres sob estes dois aspectos. E mais, os milagres fazem parte das nossas experiências com Deus.

Yeshua alertou os rabinos de seu tempo dizendo: "Porventura não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?" (Marcos 12:24)

Devemos sim crer nos milagres. Eles existem e acontecem, por mais que pareça uma realidade distante, é uma realidade presente da vida de muitos que clamaram a Deus e foram respondidos.

A verdade mais explícita das Escrituras é de que Deus é UM, e esta definição de UM também implica em que Ele não muda. Sendo Ele o mesmo ontem, hoje e eternamente.

Ore a Deus, clame pela sua intervenção nos seus problemas, confie nEle nos momentos de tribulações, tenha convicção de que a seu atributo mais proeminente é a sua Graça, mas não dependa do milagre!

Apesar de crer piamente que Deus ainda opera milagre, e tendo vivenciado muitos em minha vida, minha fé não está alicerçada nos milagres. Muitos dos que seguiram a Yeshua por causa dos milagres, o abandonaram quando seu discurso exigiu um nível maior de fidelidade.

Nossa fé deve ser fruto de nossa experiência pessoal com Deus, mas não pode estar alicerçada apenas na experiência. A experiência nos desperta para a realidade do Poder de Deus, mas é o conhecimento das Escrituras que darão a forma correta a esta fé.

De outra forma, também há muitas situações em que Deus não respondeu a oração dos fiéis como eles esperavam. Paulo pediu para que fosse livre do “espinho na carne”(2 Corintios 12:7), e não teve uma resposta afirmativa neste ponto. A fé de Paulo não foi abalada por isso.

O milagre tem um papel especial na nossa experiência com Deus, mas é o conhecimento das Escrituras que trará a musculatura adequada para que esta fé resista às provações.

"Creia nos milagres, mas não dependa deles". Esta frase de Immanuel Kant tem sido mencionada por muitos rabinos hoje em Israel, e é uma verdade que deve estar implantada nos nossos corações se desejamos viver plenamente o que o Eterno tem para nós.

Que o Eterno nos abençoe.

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