Hipocrisia religiosa.

Se existe uma característica extremamente nociva em nossa natureza caída é a religiosidade.

O ser humano é religioso por natureza. Nascemos, crescemos e nos desenvolvemos considerando aspectos religiosos dentro de nossa gama de valores e princípios.

Até aí tudo bem. Faz parte de nosso desejo de estarmos reconectados à Deus ("religião" significa "religar a"). O desejo religioso em si mesmo não é um problema.

O problema é quando os valores religiosos particulares se sobrepões aos valores designados pelo próprio Deus à nós. Quando anulamos a Lei de Deus para viver segundo as convicções de nossa religião.

E usamos a disciplina religiosa para nos sentirmos confortáveis em relação à Deus, apaziguando a nossa consciência em relação ao pecado.

Yeshua (Jesus) lidou com isso de maneira peculiar, no capítulo 23 do evangelho de Mateus temos registrado se duro discurso contra os religiosos de seu tempo. Ele os adjetivou de hipócritas por uma razão bem evidente da religiosidade:

"Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los" Mateus 23:4.

Alguns lêem este duro discurso de Yeshua para acusar o judaísmo de sua religiosidade, esquecem porém que Yeshua, seus apóstolos e todos seus discípulos praticavam o judaísmo.

O que Yeshua estava criticando não era o judaísmo em si, mas a hipocrisia dos religiosos. Tanto que ele inicia seu discurso dizendo:

"Dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem" Mateus 23:2,3.

O problema que Yeshua estava acusando era a hipocrisia deles, o dizer uma coisa e viver outra.

A religiosidade acusada por Yeshua era aquela que criava regras que afastavam as pessoas do ensino correto das Escrituras, que favoreciam as pessoas por suas posses e não por sua justiça, que inflava o ego e não trazia humildade, que dava maior autoridade aos líderes que às Escrituras.

Será que somente os fariseus e escribas do tempo de Yeshua sofriam deste mal?

Quando olhamos para o cristianismo, seccionado em milhares de denominações, algumas arrogando para si serem detentoras da verdade acerca de Deus, será que não podemos enquadrar muitos religiosos no mesmo discurso de Yeshua?

Nossa fé tem sido manifestada por meio da prática da Palavra de Deus, ou por rótulos denominacionais ou classes teológicas a qual nos associamos?

Calvinistas, arminianos, adventistas, batistas, presbiterianos, católicos, protestantes, será que são esses os nomes que temos dado à nossa fé?

O pior é quando estes dogmas e doutrinas de homens se sobrepujam acima da Torá, e mesmo aprendendo a respeito dos mandamentos do Eterno, ficamos com os ensinos de homens.

Será que as palavras de Yeshua não servem também para nós?

"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. Condutores cegos! que coais um mosquito e engulis um camelo." Mateus 23:23,24.

Nossa fé está baseada em Yeshua, seu ensino, sua conduta, e como tal devemos buscar viver com Deus em sinceridade de consciência.

Se Yeshua veio para colocar a Torá do Eterno em nossa mente e em nosso coração, como profetizado em Jeremias 31:33, devemos então ter em nossa mente a obediência sincera aos mandamentos; a prática da justiça e o amor ao próximo, como nos ensinou Tiago:

"A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo." Tiago 1:27.

Todos os demais aspectos religiosos de nossa vida e conduta (orações, jejuns, reuniões, cultos e etc.) devem estar abaixo deste dever primordial de estar em sujeição e obediência aos mandamentos do Pai.

Devemos ter em mente sempre que somos chamados por Yeshua para sermos servos, e não religiosos.

Que o Eterno nos abençoe!
#Religiosidade #Hipocrisia
#Obediência #Culto #Torá

Comentários