Cuide dos pássaros.

A parashá desta semana (Ki Tetsê: Deuteronômio 21:10-25:19) é a parashá com maior número de mandamentos em toda a Torá. Dos 613 mandamentos da Torá 74 encontram-se nesta parashá.

São mandamentos que lidam com vários aspectos da vida prática do servo de Deus, e que demonstram o nível de cuidado que o Eterno tem para conosco em nos ensinar a praticar a justiça.

Um pequeno mandamento, mas que trás um profundo ensinamento, é a proibição de apanhar a mães dos passarinhos juntamente com seus filhotes, ou com seus ovos.

"Quando encontrares pelo caminho um ninho de ave numa árvore, ou no chão, com passarinhos, ou ovos, e a mãe posta sobre os passarinhos, ou sobre os ovos, não tomarás a mãe com os filhotes; deixarás ir livremente a mãe, e os filhotes tomarás para ti; para que te vá bem e para que prolongues os teus dias." Deuteronômio 22:6,7

Podemos nos perguntar: porque será que o Eterno está preocupado com os pássaros a ponto de colocar este mandamento na sua Torá?

Há duas respostas interessantes sobre isso no Novo Testamento, um nas palavras de Yeshua, e outro nas palavras do rav Shaul (apóstolo Paulo).

"Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?" Mateus 6:26.

"Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois?
Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante." 1 Coríntios 9:9,10.

Lembrando que este mandamento que Paulo cita também está nesta parashá, as duas declarações dão maior profundidade ao mandamento a respeito dos pássaros.

O Eterno ordena que tenhamos compaixão da dor de um simples pássaro que perdeu seus filhotes, para que tenhamos idéia da proporção de compaixão que devemos ter para com nossos semelhantes.

Na verdade, o que a parashá ensina em muitos de seus mandamentos é a valorizar a vida. Se somos ordenados a cuidarmos da vida de um pássaro, também devemos cuidar ainda mais da vida de nossos semelhantes.

E há uma promessa explícita a quem se dispõe a valorizar a vida: "para que te vá bem e para que prolongues os teus dias".

O reflexo natural daquele que tem a Torá no seu coração é a valorização da vida, e de toda a criação.

Por isso também nesta parashá encontramos outro mandamento importante:

"Quando edificares uma casa nova, farás um parapeito, no eirado, para que não ponhas culpa de sangue na tua casa, se alguém de algum modo cair dela." Deuteronômio 22:8.

Este mandamento também reflete um princípio muito mais importante do que aparenta: A responsabilidade que devemos ter em evitar os problemas que podem vir a ocorrer.

Ao construir um eirado (uma laje) devemos ter o cuidado de prever que alguém pode cair dali, e proporcionar formas de evitar este acidente.

Devemos expandir esta preocupação para outras áreas de nossa vida, e ter sempre a responsabilidade de agir evitando os riscos à vida de terceiros.

Nisso incluímos a prudência ao dirigir, ao manejar equipamentos, ao utilizar produtos tóxicos, e a tudo o que pode vir a gerar algum prejuízo a outrem.

Agir sempre com consciência, pensando no bem estar e na segurança do próximo, demonstrando amor e cuidado em todo o tempo, estes são os princípios que aprendemos com os mandamentos desta parashá.

Que o Eterno nos abençoe!
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