Na parashá Vaiêshev (Gn 37:1-40:23) começamos a estudar a
vida de José. Uma vida bastante inspiradora. Um jovem amado pelo pai, odiado
pelos irmãos, injustamente vendido como escravo, mas que em meio a todas as
adversidades manteve-se fiel e temente a Deus, e por sua fidelidade acabou na prisão.
Mas, o que mais me espanta é ver como o Eterno trabalhou não
só na vida de José, mas na vida de seus irmãos. Os doze filhos de Israel
deveriam ser os patriarcas da nação de Israel. Eles deveriam andar nos passos
de Abraão, mas o comportamento reprovável que encontramos no capítulo 37
contrasta com essa ideia.
José, apesar de se mostrar justo, também não passa incólume
pelo capítulo 37 de Gênesis. A Torá o aponta como alguém que trazia más
notícias. A expressão do original que encontramos neste texto é exatamente que
José fazia fofoca de seus irmãos para com seu pai.
“Estas são as gerações de Jacó. Sendo José de dezessete
anos, apascentava as ovelhas com seus irmãos; sendo ainda jovem, andava com os
filhos de Bila, e com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia
más notícias deles a seu pai.” Gênesis 37:2
Definitivamente, este não é um comportamento desejável.
Todos os doze patriarcas de Israel são apresentados no
início desta parashá com defeitos graves no caráter. Muitos parecidos comigo e
com você. E é isso que me encanta nas Escrituras. As Escrituras não tenta
transformar seus heróis em pessoas isentas de erros, pelo contrário, as Escrituras
não têm o menor pudor em evidenciar os erros de seus personagens. E isto é
muito bom, porque quando lemos estes relatos podemos ver o quão somos parecidos
com eles.
Os patriarcas eram pessoas que sentiam inveja, ira, que
pensaram e agiram errados em muitos momentos, assim como eu e você. Os erros
que eles cometeram não são muito diferentes dos erros que nós já cometemos.
Desta forma, podemos crer que, assim como o Eterno transformou a vida deles,
pode transformar também a nossa.
E o que vemos nesta parashá é como o Eterno agiu na vida de
dois dos patriarcas, José e Judá, para que a vida de ambos pudesse ser
transformada.
O que vemos tanto na vida de José, como na vida de Judá, que
os sofrimentos pelos quais passaram foram administrados por Deus para que
produzisse no coração de ambos o quebrantamento.
Deus usa do sofrimento para despertar-nos para realidades mais
elevadas. Muitas vezes, os sofrimentos pelos quais passamos são frutos de
nossos próprios pecados, e neste caso o sofrimento vem para nos despertar a
consciência de nossos pecados, e produzir em nós arrependimento.
Outras vezes, o sofrimento não é reflexo direto de nossos
atos, mas conseqüências de um mundo injusto no qual estamos inseridos, e neste
caso o sofrimento nos desperta para a realidade de nossa esperança em Deus, e
nos motiva à perseverança.
Em todos os casos podemos confiar que, a medida de
sofrimento pelo qual passamos nesta vida é administrado por Deus, que nunca nos
deixará sermos tentados acima de nossas forças, mas sempre dará o escape, para
que o bom propósito que Ele tem se cumpra em nossas vidas.
“Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus,
que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também
o escape, para que a possais suportar.” 1 Coríntios 10:13.
O que o estudo da vida dos patriarcas deve despertar em nós
é a esperança de sermos transformados como eles foram, e que possamos ter a
confiança que tudo está nas mãos do Eterno. Nesta vida passamos por
tribulações, mas se confiamos em Deus, todo o mau será transformado em bênçãos
nas nossas vidas.
“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o
bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito.” Romanos 8:28.
Que o Eterno nos abençoe!
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