Nosso relacionamento com Deus e a obediência.


O grande problema da humanidade começou com a desobediência de Adão e Eva no jardim do Éden. Desobedecer aos mandamentos do Eterno sempre nos trás grandes problemas e dificuldades, e o pior deles é a separação de Deus.

Por isso as Escrituras nos alertam tanto para sermos obedientes à Deus. Essa é a razão pela qual o Eterno nos concedeu a sua Torá. A Torá é instrução em forma de mandamentos, e, assim como nós educamos nossos filhos, o Eterno faz conosco em sua Torá.

O que podemos aprender é que o nosso nível de obediência à Deus revela muito sobre o nosso nível de relacionamento com Deus.

Podemos identificar três níveis de obediência, que revelam igualmente três níveis de relacionamento que temos com o Eterno.

O primeiro nível que podemos identificar é o que nós vamos chamar de “obediência infantil”. Assim como as crianças obedecem aos seus pais com receio das broncas ou dos castigos, também neste primeiro nível somos levados a obedecer a Deus para fugir da condenação pelos pecados.

A Torá nos alerta para as maldições inerentes à desobediência. Ela declara que foi por causa do pecado que a morte entrou no mundo, e também lista várias maldições que seguem aqueles que desobedecem aos mandamentos.

A condenação pelos pecados é real, e, assim como os pais inicialmente educam seus filhos apresentando a vara, o Eterno não esconde as conseqüências do nosso pecado, com a intenção de nos afastar do erro.

Porém, este não é o nível de obediência que o Eterno deseja que permaneçamos, mesmo porque ele apenas revela que nosso nível de relacionamento com o Eterno é baseado ainda na desobediência.

Neste nível, somos levados a obedecer para evitar os castigos, e isso não é, nem de longe, o nível de relacionamento que o Eterno deseja ter conosco.

Na verdade, se não dermos os passos a seguir, se não desenvolvermos nosso relacionamento com o Eterno, o risco que corremos é de ter o temor apaziguado, e corremos o risco de cair como o Eterno alertou em sua Torá quando disse:

“E aconteça que, alguém ouvindo as palavras desta maldição, se abençoe no seu coração, dizendo: Terei paz, ainda que ande conforme o parecer do meu coração; para acrescentar à sede a bebedeira.” Deuteronômio 29:19 .

O segundo nível de obediência nós vamos chamá-la de “obediência racional”. Este nível de obediência é quando entendemos as virtudes dos mandamentos do Eterno, e reconhecemos que a obediência é de fato o melhor caminho a seguir. Neste nível estamos mais familiarizados com a Torá, compreendemos seus princípios e nos dispomos a obedecer não por medo dos castigos, mas por reconhecer que estes mandamentos são bons.

O Eterno deseja que passemos para este nível, que conheçamos seus mandamentos e obtemos deles sabedoria, como a própria Torá diz:

“Guardai-os pois, e cumpri-os, porque isso será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida.” Deuteronômio 4:6.

No entanto, apesar de este nível de obediência é mais excelente que o primeiro nível que estudamos, aqui também há riscos. Foi o que aconteceu com Salomão.

Os rabinos ensinam que Salomão entendeu os princípios da Torá, e entendeu que o Eterno havia proibido seu povo de comprar cavalos do Egito porque não queria que Israel se assemelhasse aos egípcios, cometendo os seus pecados.

Por entender que o princípio do Eterno fosse afastar Israel do Egito, Salomão se viu na permissão de comprar cavalos do Egito e casar-se com a filha do Faraó. Em sua mente, ele poderia fazer essas coisas, desobedecendo a Torá, e continuar cumprindo os princípios destes mandamentos, não permitindo que os pecados do Egito entrassem em Israel.

Assim, sua sabedoria foi o seu tropeço, e ao descumprir os mandamentos acabou trazendo para Israel a idolatria e muitos costumes egípcios.

Assim, apesar de a “obediência racional” revelar um nível melhor de relacionamento com o Eterno e com seus mandamentos, este não é o nível que o Eterno deseja que permaneçamos. Devemos prosseguir em nosso relacionamento com o Eterno.

Chegamos então ao terceiro é último nível de obediência, que chamaremos de “obediência por fé”. Neste nível, nossa obediência não está baseada em nosso relacionamento com os mandamentos, seja para obedecer ou desobedecer. Neste nível, o nosso relacionamento está baseado no Eterno.

A nossa obediência neste nível é fruto da nossa confiança em que depositamos no Eterno. É fruto de nossa confiança em que Ele tem sempre o melhor para nós. Obedecemos não por medo dos castigos, nem por que compreendemos racionalmente seus princípios, mas porque reconhecemos a autoridade e a virtude daquele que mandou.

A Torá nos estimula a atingirmos este nível através dos mandamentos supra racionais. Estes são mandamentos que os rabinos ensinam que estão acima da nossa capacidade de compreensão. São mandamentos que só obedecemos com confiar naquele que mandou.

Somos instados a atingir e permanecer neste nível através das palavras de Yeshua:

“Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.” João 14:23.

Que possamos crescer em nosso relacionamento com o Eterno, e aprimorar cada dia mais em nossa obediência, amando ao nosso Senhor, confiando nas suas palavras. Que o Eterno nos abençoe!

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