O Shabat e nossa fé.

Encontramos em Genesis 2:2 a primeira menção que a Torá faz ao Shabat, declarando que, após o término de sua obra criadora de seis dias, o Eterno descansou no dia sétimo (Shabat significa descanso). Se atentarmos bem para o que está sendo narrado nos capítulos iniciais de Genesis, vamos entender que aqui está um mistério.

A maioria dos rabinos ensinam que, apesar da Torá identificar a criação num período de seis dias, com tardes e manhãs, esse período na verdade não teve um tempo de vinte e quatro horas. Os rabinos ensinam que foram seis eras de tempos. Visto que os elementos que determinam o dia de vinte e quatro horas foram criados apenas no quarto dia, o sol, a lua e as estrelas. Possivelmente a própria terra tenha sido criada no segundo dia, visto que no primeiro dia havia apenas a Luz.

Na minha visão particular, acredito que o tempo, como agente limitador, não se aplica nesta questão. Pois para o Eterno nada é impossível. Ter criado todas as coisas em seis eras de tempo, ou seis espaços de vinte quatro horas, ambas são totalmente aceitáveis. Qual a dificuldade para o Eterno em criar tudo num único segundo? E qual a dificuldade para o Eterno em criar algo com a idade aparente? Será que o Eterno criou Adão um bebê, ou um homem já adulto?

Mas há um aspecto relevante nesta apresentação da criação em seis eras de tempo. Esse aspecto é justamente o Shabat. Perceba que em Genesis, o sétimo dia é o único que não veio acompanhando da expressão “tarde e manhã”, denotando ser este um tempo permanente.

A palavra Shabat, como já dissemos, significa descanso. Por isso o sétimo dia semanal recebeu este nome, pois o que marcou o sétimo dia foi o descanso do Eterno. Mas se o Eterno não cansa, não tem suas forças diminuídas pelo trabalho, por que razão a Torá diz que Ele descansou?

Este é o mistério que foi abordado pelo escritor da carta aos Hebreus no capítulo 4 em forma de severa advertência.

“Temamos pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás. Porque também a nós foram pregadas as boas novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram. 

Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo. Porque em certo lugar disse assim do dia sétimo: E repousou Deus de todas as suas obras no sétimo dia. E outra vez neste lugar: Não entrarão no meu repouso. 

Visto, pois, que resta que alguns entrem nele, e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas novas não entraram por causa da desobediência, determina outra vez um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações. 

Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria depois disso de outro dia. Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas. 

Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência. Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” Hebreus 4:1-12.

Podemos dizer que no sétimo dia da criação o Eterno criou o descanso, e entrou nele, visando que nós possamos entrar neste descanso e desfrutar da sua presença. O escritor da carta aos Hebreus associa a entrada a esse descanso a retribuição para aquele que guarda a confiança no Eterno, servindo e obedecendo seus mandamentos até o fim.

Ele associa a entrada neste descanso à entrada de Israel na Terra Prometida, ao tomar a posse da promessa do Eterno. Só entraram na Terra Prometida Josué e Calebe, que mantiveram-se fiéis ao Eterno na questão de Cades Barneia.

Por confiarem no Eterno, e se manterem fiéis durante toda a peregrinação no deserto, eles entraram na promessa. Isso é uma figura para nós que cremos no Eterno, e confiamos em Yeshua, de que, se nos mantivermos fiéis durante toda a nossa peregrinação neste tempo presente, herdaremos a promessa, o descanso de nossas obras.

Lembremos que esse descanso foi criado pelo Eterno antes do pecado de Adão. Este descanso é a retribuição das obras de quem foi fiel. Assim como o Eterno criou todas as coisas e entrou no seu descanso, compete a nós demonstrar nossa confiança no Eterno com obras de fidelidade para entrarmos no descanso dessas obras.

Confiamos que através da obra de Yeshua temos o perdão de nossos pecados. É tirado de nós a condenação por nossas más obras. Ao mesmo tempo em que recebemos a capacitação sobrenatural para realizarmos as boas obras, através do enchimento com o Espírito Santo. E, se formos fiéis ao nosso chamado, não retrocedendo em nossa fé, mas perseverando na obediência, então o mesmo Yeshua nos fará entrar no descanso, onde desfrutaremos da presença do nosso Deus, através da ressurreição e da nova criação.

O estado deste descanso é, portanto, superior ao Éden, que era um estado de graça, mas também de prova. Mas o descanso do Eterno é para os aprovados, para aqueles que guardaram a confiança em Yeshua e os mandamentos do Pai, como diz em Apocalipse:

“Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” Apocalipse 14:12.

O Shabat semanal é uma referência de mão dupla. Guardar o Shabat é um testemunho de nossa fé e esperança. Ao celebrar o Shabat declaramos nossa fé no Único Deus criador dos céus e da terra, e que criou também o descanso. Ao mesmo tempo em que é o testemunho de nossa expectativa em entrar neste repouso, e desfrutar da presença de nosso Deus.

Por isso que, a primeira data santa estipulada pelo Eterno aos filhos de Israel, assim que foram libertos do Egito, foi o Shabat.

“Vede, porquanto o SENHOR vos deu o sábado,...” Êxodo 16:29a

Que, ao celebrar o shabat, possamos fazê-lo renovando nossa confiança e fidelidade no Eterno que nos criou, nos redimiu, e criou para nos o Shabat, no qual ansiamos por entrar nele.

O Eterno nos abençoe!
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