“E, CUMPRINDO-SE o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar” Atos 2:1
O relato conhecido como o “derramar do Espírito”, descrito em Atos capítulo dois, é, sem dúvidas, o evento mais importante desde a ressurreição de Yeshua. E o escritor Lucas faz questão de destacar que este evento aconteceu justamente na festa de Pentecostes, em hebraico Shavuot.
A festa de Shavuot é a segunda festa de maior importância na bíblia, ela acontece ao final da colheita de cereais, e era o momento em que, abastecidos pela provisão da colheita, Israel se alegrava diante do Eterno, fazendo suas ofertas de cereais para sustento dos sacerdotes.
A festa de Shavuot também rememorava a dádiva da Torá, o dia em que o Eterno desceu sobre o monte Sinai e proclamou seus dez mandamentos, iniciando ali a revelação da Torá a seu povo, Israel.
O Eterno usou o símbolo da colheita, da consagração das ofertas de grãos, para fazer seu povo lembrar-se do real motivo de Ele ter-lhes dado a Torá: produzirem frutos, obras de obediência aos mandamentos do Eterno.
No entanto, o apóstolo Paulo nos remete à dificuldade que naturalmente temos em servir à Deus plenamente. Estamos enfermos pela corrupção da carne, pela nossa inclinação natural em fazer o mal.
“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. (...) Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.” Romanos 7:14;19.
Devido à nossa inclinação carnal, por mais que eu admire os mandamentos do Eterno, e tenha prazer neles, em algum momento, e em certa medida, serei levado à desobediência pelas minhas paixões e desejos. E isso viola a Torá, que exige de nós o padrão de perfeição.
“Tende, pois, cuidado em cumprir todos os estatutos e os juízos, que eu hoje vos proponho.” Deuteronômio 11:32.
Yeshua morreu e ressuscitou para fazer a expiação de nossos pecados, e nos dar acesso à Nova Aliança, onde a Torá passa a ser escrita em nosso coração e em nossa mente, como profetizou Jeremias:
“Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” Jeremias 31:33.
E esta é a razão pela qual o Eterno derramou do seu Espírito sobre os apóstolos e discípulos de Yeshua justamente no dia de Shavuot. Pois o Espírito do Eterno foi derramado naqueles que criam em Yeshua, e estavam na Nova Aliança. E é esse Espírito que nos capacita a produzir os frutos de obediência à Torá, da qual Shavuot fala, como ensina o apóstolo Paulo.
“Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Romanos 8:3-4.
É o Espírito Santo quem nos capacita a vencermos as fraquezas de nossa carne e vivermos uma vida cada vez mais próxima ao Eterno, obedecendo seus mandamentos. Este encher do Espírito que encontramos em Atos 2 é apenas um vislumbre do que será nosso corpo perfeito na ressurreição, mas é a ferramenta mais poderosa que temos neste momento para andarmos em justiça diante do nosso Deus.
Infelizmente o cristianismo dos nossos dias se divide em duas classes. De um lado há aqueles que rejeitam o encher do Espírito, por alegarem que seus dons não são para nosso tempo, e que as manifestações sobrenaturais que acontecem são forjadas por religiosos. Do outro lado há aqueles que desfiguram completamente este encher do Espírito, como se este fenômeno se resumisse em apresentações espalhafatosas de sinais sobrenaturais, usando falsamente dos dons, e dando um péssimo exemplo de santidade.
Esta realidade nos mostra como estamos distantes da verdade, e da necessidade urgente que temos de restauração da Igreja. Não é possível continuarmos vivendo entre dois erros tão grotescos e que, em certa medida, ambos negam ao Espírito.
Se alguém tem a necessidade de usar falsamente um dom espiritual, uma “profetata”, como é conhecido nos meios, ou pior, casos clássicos em que alguns líderes carismáticos simulam curas. Se lançam destes subterfúgios para enganar e demonstrar terem o Espírito Santo, estes na verdade negam que o Espírito, de fato, pode ser derramado sobre os homens. E está é uma negação pior do que aqueles que expressamente dizem que os dons não são para o nosso tempo.
A verdade é que a falta de seriedade nos meios carismáticos tem sido outra forma nociva de negar o Espírito.
Enquanto isso, seguimos como uma igreja carnal, débil, fundamentada em achismos, cheia de pecados, onde a santidade é sempre um objetivo que nunca é alcançado. Somos uma vergonha para a nossa fé, que aponta para outra direção.
Devemos buscar sermos cheios do Espírito Santo, para apresentarmos obras de justiça ao nosso Deus, obras de obediência aos seus mandamentos. Devemos clamar por termos essa capacitação sobrenatural, que não só nos conduz em santidade, como também nos capacita a testemunhar de nosso Deus com sinais e maravilhas.
“Mas, se todos profetizarem, e algum indouto ou infiel entrar, de todos é convencido, de todos é julgado. E, portanto, os segredos do seu coração ficam manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós.” 1 Coríntios 14:24-25.
Necessitamos sermos cheios do Espírito Santo, capacitados a vivermos em boas obras, e a testemunhar com verdade de nosso Deus e de nosso Senhor Yeshua. Mas como buscar este enchimento? Yeshua nos ensina:
“Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” Lucas 11:13.
Estamos próximos da festa de Shavuot do ano de 5780. Entramos em Shavuot no pôr do sol do dia 28 de Maio de 2020. Que este seja o seu clamor nos dias desta festa tão representativa para a nossa fé: ser a cada dia mais cheio do Espírito Santo. Essa é a nossa necessidade primeira, e o ardente desejo de nosso coração.
Que o Eterno nos abençoe!
Hag Sameach! Feliz festa de Shavuot.
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