Na próxima sexta feira, dia 18 de
setembro de 2020, ao pôr do sol, entraremos no ano novo de 5.781 do calendário
judaico. É o dia de Rosh HaShaná. O dia coincide com a festa bíblica de Yom
Terua, que era o dia onde o som do Shofar deveria ser ouvido em todas as
cidades de Israel.
Israel possui dois calendários,
um cívico, que começa no dia 01 de Tishrei, o dia de Rosh HaShaná, e um litúrgico,
que começa no dia 01 de Aviv, mês em que é celebrada a festa de Pessach.
O calendário litúrgico serve para
marcar as celebrações das festas que o Eterno deu a Israel, enquanto o calendário
cívico está mais ligado à contagem dos anos. Segundo a tradição judaica, o dia
de Rosh HaShaná é o aniversário da criação do homem, quando o tempo começou a
ser contado.
A celebração de Yom Terua no dia
de Rosh HaShaná é muito significativa, pois a festa de Yom Terua, com o toque
do Shofar, trás uma mensagem de chamado ao arrependimento, e à consciência de
que todos estamos debaixo do juízo do Eterno.
Nós fomos criados por Deus, fomos
feitos conforme a sua imagem e semelhança, seguindo um propósito definido pelo
próprio Eterno. Isso nos mostra o amor de Deus por nós, visto que Ele nos
desejou, e nos formou como a mais sublime de suas criaturas, e nos deu
atributos que veio diretamente dEle, da sua Imagem e Semelhança.
Mas, ao mesmo tempo, o
conhecimento disto deve nos trazer grande temor, pois, se fomos criados por uma
vontade soberana, para perseguir um propósito soberano, sabemos que um dia
seremos julgados mediante à esse propósito.
O apóstolo Paulo, em sua carta
aos Efésios, ao falar sobre a salvação que temos mediante a Fé no Messias
Yeshua, resgata exatamente este princípio que nos revela até mesmo a razão de
nossa salvação:
“Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não
vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em
Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos
nelas.” Efésios 2:8-10
O apóstolo Paulo, nestas
palavras, destaca que a redenção dos nossos pecados vem pela confiança na obra
do Messias, e não por obras de legalismo, mas a razão da nossa salvação no
Messias é justamente cumprir o propósito da nossa criação, o andar em boas
obras, ou obras de justiça, ou seja, em obediência à Torá.
A Torá foi-nos revelada para nos
dar sabedoria, ou seja, nos ensinar como devemos nos comportar em nosso relacionamento
com Deus e com o próximo, de forma a praticarmos a vontade de Deus em todos os aspectos
de nossa vida.
O propósito de nossa existência é
o nosso serviço a Deus através da prática da justiça de Deus, de maneira a
fazer com que a sua glória (peso, autoridade, justiça) encha a terra como as
águas cobrem o mar.
Desde que Adão pecou este propósito
ficou comprometido. Pois, devido às nossas inclinações carnais, temos vivido em
constante luta conosco mesmo, desejando com nosso íntimo fazer o que é certo,
mas, cegado pelas nossas inclinações carnais, acabamos por fazer o errado,
manifestando em nossas obras o pecado, assim como Paulo explica na sua carta
aos Romanos, capítulo 7:
“Porque,
segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus
membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende
debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou!
quem me livrará do corpo desta morte?” Romanos 7:22-24.
Assim, somente através da obra do
Messias, que nos leva ao novo nascimento, e à santificação através do Espírito
de Deus que habita em nós, temos condições de começar a vencer nossas inclinações
carnais, e produzir os frutos do Espírito, que são em sujeição à Torá.
Rosh HaShaná é o aniversário da
nossa criação, e Yom Terua nos desperta para a realidade de que, um dia,
teremos de prestar contas ao Eterno de nossos atos, se temos ou não cumprido o
propósito para o qual Ele nos criou.
Não por menos o dia de Yom Terua
abre um período chamado de “Dez dias temíveis”, que culminam no dia de Yom Kippur,
onde é celebrada a expiação que nos foi garantida por Yeshua.
Mas estes são dias de
arrependimento e de temor. São dias em que devemos nos lembrar do quanto
necessitamos ser renovados no temor ao Altíssimo, e avaliarmos como estamos
vivendo diante da nossa responsabilidade de viver a justiça do Reino Vindouro.
Yeshua voltará em breve, não há
dúvidas disto. Os tempos são difíceis, e diante da impiedade em que o mundo se
encontra, nossa responsabilidade de sermos luz do mundo e sal da terra se torna
ainda maior.
Rosh HaShaná é um dia de alegria,
pois estamos celebrando a nossa criação, estamos celebrando que o Eterno tem
nos concedido vida, esperança, salvação. E nos lembramos também de que Yeshua
está voltando, e que trará consigo a ressurreição e o Reino. Há muita razão
para estarmos alegres e nos regozijarmos com essas coisas.
Mas, ao mesmo tempo, precisamos
ser renovados no temor ao Eterno. Precisamos entender que há uma responsabilidade
sobre nós de servir ao Eterno, e sermos embaixadores do seu Reino, vivendo a
sua Justiça.
Que sejamos renovados nesta esperança
e neste temor, para que durante todo o ano de 5.781 possamos estar firmes no propósito
de nossa criação, o viver em boas obras.
Que o Eterno nos abençoe, e nos
conceda um deleitoso Shaná Tová Umetuká! Um bom e doce ano. Shalom!
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