“Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as
coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.” Colossenses
3:1.
Temos visto ressurgir nos últimos tempos uma revalorização do pensamento
estoico. Zenão foi um filósofo grego que defendeu a tese de que a felicidade é
alcançada através da valorização das virtudes, da racionalidade e da contenção
dos impulsos humanos. O pensamento estoico pode até parecer adequado para o
servo de Deus, mas, em sua essência, ela afronta claramente o princípio bíblico
da vontade de Deus para nós.
Diante das Escrituras, a felicidade só pode ser alcançada através do
restabelecimento íntimo com Deus, mediante a obra do Messias, que ofereceu a si
mesmo para nos proporcionar expiação dos pecados, e resgatar a natureza humana
através da ressurreição.
No entanto, é possível ver que muitos cristãos se sentem atraídos pela
narrativa estoica. De fato, o estoicismo influenciou muitos cristãos nos
primeiros séculos da igreja. Ainda nos tempos apostólicos, muitos estoicos se
sentiram atraídos pela pregação cristã de arrependimento e vida em santidade, e
aderiram ao cristianismo, levando para dentro dessas comunidades as impressões
advindas do estoicismo.
Conforme a igreja gentílica se distanciava da comunidade judaica, seja
pela perseguição dos judeus não crentes, seja por um sentimento de triunfalismo
evidente na teologia da substituição, que teve seu berço ainda no primeiro
século, o pensamento estoico ganhou cada vez mais terreno.
É fato que o domínio das paixões humanas, e a sujeição da carne à
obediência aos mandamentos de Deus, através de uma vida moral e ética
compatíveis com a moral divina, é sim algo que se espera daquele que se
aproxima a Deus através da fé no Messias. Mas as semelhanças da fé bíblica com
o estoicismo são muito poucas.
Na fé bíblica temos claro que o domínio próprio desejado só é alcançado
através da obra de Deus em nós, através do dom do Espírito Santo, que
transforma nossas inclinações de dentro para fora. Cabe ao homem crente a
escolha e a busca por este enchimento, mas não é possível crer em si mesmo para
a obtenção de virtudes que são claramente definidas como “fruto do Espírito”.
(Gl 5:22).
Além disto, a fé não é exercida através de uma análise puramente racional
de nossa realidade. Nem mesmo a moralidade é o valor máximo para aquele que crê
em Deus. O principal objetivos dos mandamentos de Deus não é tornar o homem um
ser moralmente correto, nem racionalmente firmado. O objetivo principal da Lei
de Deus é levar ao homem o conhecimento do Altíssimo, e para tanto a Lei
apresenta tanto o caráter moral e ético, como o caráter supra-racional, que faz
o homem crer e depender de Deus.
Há mandamentos que claramente não sabemos a razão deles. E, justamente
devido às influências estoicas e da teologia da substituição, o cristianismo
normativo abandonou essas práticas. Dentre elas temos o Shabat, as festas, e as
questões alimentares da Torá.
Todos os mandamentos da Torá têm o propósito de nos revelar a Deus e ao
seu Messias. São mandamentos que vieram do alto, do próprio Deus, mandamentos
que elevam o homem, que demonstram sua necessidade do Criador, a realidade do
mundo atual e do mundo vindouro.
Diante do atual reavivamento da cultura e pensamento estoico dentro da
igreja torna-se necessário relembrar a advertência do apóstolo Paulo aos Colossenses,
que estavam também inclinados ao mesmo pensamento:
“Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos
do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo,
tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas
todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as
quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária,
humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a
satisfação da carne. Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai
as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.” Colossenses
2:20-3:1
Precisamos voltar a valorizar as Escrituras no seu contexto original, e
reviver os valores e princípios que nos foram legados pelos apóstolos e
profetas, buscando viver como servos de Deus acima de qualquer outro valor. Pois,
sem dúvida alguma, a verdadeira felicidade só pode ser experimentada por aquele
que está em paz com seu Criados.
O Eterno nos abençoe!
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