A Essência da Santidade.

 

Infelizmente, nos primeiros séculos da igreja, uma corrente filosófica trouxe grande influência para o pensamento cristão, foi o estoicismo. O estoicismo é uma corrente filosófica da Grécia antiga que tentava trazer uma solução para um importante dilema humano: como ser feliz. Os estoicos acreditavam que a felicidade só podia ser alcançada através de uma vida moderada, sempre pautada pela racionalidade e pela moral. Para os estoicos o mais importante para o homem era conter suas inclinações carnais e potencializar suas virtudes.

Quando os estoicos foram apresentados à mensagem do evangelho, e à pregação do arrependimento, sentiram grande afinidade com este discurso, e facilmente aceitaram a fé. Visto que, em tese, buscavam uma vida regrada, racional e moral. No final do século primeiro e início do século segundo já podemos ver grande influência do pensamento estoico nas literaturas cristãs, dos chamados "pais da igreja".


Mas, qual o problema com o estoicismo, e qual a influência no pensamento cristão? O problema do estoicismo é que ele coloca a moralidade como objetivo, e não como consequência. A principal influência do estoicismo no pensamento cristão está justamente na ideia a respeito da santidade. Houve uma redução grotesca no pensamento a respeito do que é santidade. Para muitos cristãos, sejam católicos ou protestantes, santidade é igual a vida moral ilibada. Essa redução nos impede de conceber a verdadeira ideia bíblica a respeito do que é santidade.


É claro que o principal resultado da santidade é sim uma vida moral correta. Não há dúvidas quanto a isso. Mas a vida moral correta é apenas uma das consequências da santidade, e não a santidade em si.


Outra consequência negativa do pensamento estoico no meio cristão é o legalismo. O legalismo é a utilização da lei como fim e não como meio. A Torá apresenta os mandamentos de Deus para que o homem obtenha sabedoria, e passe a ter uma mente moldada aos princípios divinos. Mas o legalismo transforma os mandamentos de Deus em regras severas e rígidas, que precisam ser obedecidas em sua forma, sem considerar seus princípios.


Mas, como entender biblicamente o que é a santidade? Apóstolo Paulo em sua carta aos Gálatas ele escreve:


"Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim." Gálatas 2:19,20.


A Torá apresenta claramente que a consequência do pecado é a morte. Isso é evidente nos ritos de Levíticos, onde a expiação só era obtida mediante a morte de um animal. O salário de pecado é a morte. Quando Paulo diz que "eu, pela lei, estou morto para a lei", ele está fazendo uma referência ao que aconteceu na vida dele após crer no Messias. Uma vez que confiamos no Messias é necessário que experimentemos a morte que ele sofreu por nós. A morte para a vida que é reinada pela nossa razão, pelo nosso arbítrio, onde nós nos assenhoramos de nós mesmos e vivemos segundo a nossa própria perspectiva de certo ou errado.


Dentro da sua própria visão, Paulo foi um exímio judeu, praticante das tradições, e perseguidor da igreja.


"Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava. E na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais." Gálatas 1:13,14.


Mas ao ter uma experiência pessoal com o Messias, Paulo morreu para suas convicções, e rendeu o senhorio de sua vida ao Senhor Yeshua. Paulo que não era um profano, nenhum adúltero, nem idólatra, morreu para seus pecados para viver para Deus. Por isso ele completa "e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim".

Este pensamento é apresentado também em sua carta aos Romanos, quando ele diz:


"Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos;" Romanos 6:8.


É necessário que experimentemos a morte do Messias em nossas vidas. A essência da santidade é morrer para si mesmo e para os próprios pecados e viver uma vida guiada não por sua própria razão, mas, principalmente, pela Lei de Deus, escrita em nossos corações mediante a ação sobrenatural do Espírito de Deus. Santidade é ter intimidade com Deus, a tal ponto que nossa mente, nossas emoções e nossos princípios passam a ser governados pelo seu Espírito em nós. Por isso, ao final da carta aos Gálatas Paulo conclui:


"E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito." Gálatas 5:24,25.


Que o Eterno nos abençoe!

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