Cuidando das entradas da alma.


 

Quando foi celebrada a festa de Pessach pela primeira vez, o Eterno disse ao povo de Israel que passasse o sangue do cordeiro sacrificado nas vigas das portas.

 

Assim, quando o anjo destruidor passasse para ferir os primogênitos do Egito, ao ver a marca do sangue nas portas, o anjo passaria por cima, daí o nome da festa, Pessach significa "passar por cima".

 

Naquela noite, a última e mais terrível praga assolou todo o Egito, e o Faraó então permitiu a partida de Israel para a liberdade.

 

Após os 40 anos de peregrinação no deserto, Moisés dando suas últimas palavras ao povo de Israel, apresentando a repetição da Torá, diz no emblemático texto do "Shemá":

 

"E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; ... E as ESCREVERÁS NOS UMBRAIS de tua casa, e NAS TUAS PORTAS." Deuteronômio 6:6a;9.

 

É interessante observarmos que a Torá ordena que a "estas palavras" sejam escrita no mesmo local onde o Sangue foi passado: nos umbrais das portas.

 

O povo de Israel entende este mandamento de forma literal, e é obvio que não escrevem toda a Torá nos umbrais das portas, mas usam um artigo chamado Mezuzá, que contem quatro passagens da Torá escritas em um pequeno pergaminho, posto dentro de uma caixa, afixada no umbral direito das portas da casa.

 

Mas há um ensino espiritual muito profundo neste mandamento.

 

O apóstolo Paulo ensina que nós somos habitação do Eterno, casas de Deus. E assim como qualquer casa, nós temos também "entradas".

 

Aquilo que ouvimos, aquilo que vemos, aquilo que tocamos, aquilo que cheiramos, aquilo que degustamos, todos esses sentidos são portas de entrada para nossa alma e nossa consciência.

 

E o que o Eterno deseja nos ensinar?

 

Se somos "casas de Deus", devemos cuidar de nosso corpo e alma, de forma a manter santa a nossa habitação. Para tanto, necessitamos de primeiro, ter o Sangue do Cordeiro de Deus nessas entradas.

 

O Sangue de Yeshua é o que nos garante não apenas a expiação dos pecados, mas também o acesso à Nova Aliança, à Paz com Deus e às promessas do Eterno. É através do que Yeshua fez na cruz por nós, derramando seu Sangue em nosso favor, que podemos ser reconciliados com o Eterno.

 

Quando colocamos o Sangue de Yeshua em nossas "entradas" estamos condicionando tudo o que entra através de nossos ouvidos, olhos, mãos, nariz e boca à Nova Aliança. Não vivemos mais para nós mesmos, mas vivemos para agradar aquele que nos comprou com seu precioso Sangue.

 

O Sangue também nos dá acesso à Torá. É através do sacrifício de Yeshua e a Nova Aliança que a Torá pode ser escrita em nossos corações e mentes.  A Torá é espiritual, e por isso, somente aquele nascido do Espírito pode compreender e viver a Torá em plenitude.

 

Ter a Torá escrita em nossas entradas é subordinar tudo ao crivo da Lei de Deus.

 

Sobre este ponto Paulo exorta os Filipenses dizendo:

 

"Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." Filipenses 4:8

 

Você pode me dizer: Não há como controlar aquilo que escuto, vejo, toco, ou sinto. De fato, é impossível controlar o que seus ouvidos e olhos podem captar, mas é possível controlar aquilo que vai entrar em nossas mentes e ocupar os nossos pensamentos. E é exatamente isso que o Eterno requer de nós. Devemos rejeitar tudo aquilo que os ouvidos e olhos captam que contrariam a Torá, e procurar colocar diante de nossos ouvidos e olhos aquilo que é aprovado pela Torá.

 

Pessach é a festa da libertação. É a festa em que celebramos a partida do Egito, o dia em que fomos libertos da escravidão do pecado.

 

Mas porque celebrar Pessach de ano em ano?

 

O Eterno deseja que nos lembremos de onde fomos tirados, para que possamos valorizar aquilo que nele aguardamos. E mesmo tendo sido libertos do Egito, ainda há áreas em nossas vidas que aguardamos libertação.

 

Que nessa Pessach possamos aplicar em nossos corações a Liberdade que o Eterno conquistou para nós, guardando as entradas de nossos corações, para sermos santos para Ele.

 

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