A história de Jó é uma das mais
intrigantes relatadas na bíblia. Um homem justo, segundo o testemunho do
próprio Deus, que Satanás pede autorização para destruir sua vida.
Estranhamente, Deus concede a Satanás a autoridade pretendida, contanto que não
lhe tirasse a vida.
Essa história suscita muitas
questões. Por que Deus autorizou Satanás a destruir a vida de Jó? Diante de
tantas promessas que temos nas Escrituras de bênção e prosperidade para a vida
do justo, por que vemos tantos sofrimentos se abatendo sobre a vida de Jó? Qual
a garantia que posso ter de que Satanás não fará o mesmo na minha vida? Afinal,
qual a razão do sofrimento do justo?
Todas essas questões podem ser
respondidas através da história de Jó.
Primeiro ponto que precisamos
entender claramente é que, apesar de Jó ser um homem reto, íntegro, e que se
apartava do mal, como o próprio Deus testemunhou a respeito dele, Jó não
conhecia de fato a Deus, e isso é o próprio Jó quem dá testemunho.
“Eu te
conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.” Jó 42:5.
Mas como podia ser Jó um homem reto
e íntegro sem ter um relacionamento íntimo com Deus? Algo que fica evidente na conversa
entre Jó, Elifaz, Bildade e Zofar, é que todos eles tinham um conceito
equivocado a respeito da justiça de Deus. Fica evidente em toda a discussão que
se segue entre eles que todos acreditavam que Deus fazia prosperar o justo,
enquanto trazia juízo e destruição para o ímpio. Neste conceito, se Jó estava
passando por aquela situação, a única explicação lógica era que, em algum
momento, Jó cometeu algum pecado grave.
Toda a discussão parte desta
premissa. Percebemos que os amigos de Jó tentavam acusá-lo de diversos pecados,
tentando justificar a razão de seu estado, enquanto Jó se justificava, defendendo-se
das acusações, e declarando que sua situação era injusta, pois não tinha
cometido nenhum pecado grave para estar naquela situação.
Tendo em vista este panorama,
podemos perceber que Jó era um homem justo, correto, e que praticava a justiça,
não porque tinha um relacionamento íntimo com Deus, mas porque temia que fosse
alvo do juízo de Deus caso agisse impiamente. Isso fica evidente nas palavras
de Jó quando ele afirma:
“Porque
aquilo que temia me sobreveio; e o que receava me aconteceu.” Jó 3:25.
Por essa razão também Jó fazia
constantes sacrifícios em favor de seus filhos, para de alguma forma tentar
desviar a ira de Deus sobre eles, caso tivessem cometido alguma impiedade
durante seus banquetes:
“Sucedia,
pois, que, decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os
santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o
número de todos eles; porque dizia Jó: Porventura pecaram meus filhos, e
amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia Jó continuamente.” Jó 1:5.
Com base em tudo isso, Satanás
pediu autorização para testar a Jó, convencido de que, diante das severas
adversidades, Jó não suportaria e blasfemaria contra Deus.
O que acontece então é que Jó,
diante de todo o mal que lhe sobreveio, mesmo sentindo-se injustiçado, começa a
buscar em Deus que sua justiça seja reparada. Ao contrário do que imaginou
Satanás, Jó não blasfemou contra Deus, pelo contrário, reafirmou sua esperança
em Deus:
“Porque eu
sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois
de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus, vê-lo-ei,
por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros o contemplarão; e por isso os meus
rins se consomem no meu interior.” Jó 19:25-27.
Jó não estava entendendo a razão
de seu sofrimento, mas, mesmo sentindo-se injustiçado, ele nunca ousou se virar
contra Deus. Continuou confessando sua esperança.
Depois da fala de Eliú, que lhe
dá a verdadeira razão da maneira como Deus exerce seu governo sobre os homens,
e da prioridade de Deus em levar o homem ao arrependimento e à experiência com
ele, a premissa equivocada que Jó tinha em sua mente é desfeita. Jó finalmente entende
que o mal pode sim atingir a vida do justo, e que Deus permite que isso ocorra para
que haja correção, transformação e aperfeiçoamento do justo.
Então o próprio Deus se manifesta
a Jó, e Jó tem uma experiência com o Eterno. A partir de agora Jó não é era justo
apenas por temer a Deus, mas por ter uma experiência pessoal com seu Criador. Ao
final encontramos um Jó transformado pela experiência que teve com Deus, que
intercede por seus amigos e tem sua vida restaurada.
Essa história tem muitas
aplicações para nós hoje, a começar pela premissa falsa que Jó tinha, e que
ainda hoje é sustentada por muitos. Muitos crentes ainda acreditam que a
adversidade é fruto unicamente do pecado e da impiedade. É muito comum vermos
crentes agindo como os amigos de Jó quando se deparam com outro crente passando
por tribulações. Facilmente se colocam a procurar erros e falhas na vida alheia,
dizendo que aquilo é resultado de falta de fé, falta de compromisso, falta de dízimo,
falta de assiduidade nos cultos. A lista de acusações só cresce, fazendo inveja
à Elifaz, Bildade e Zofar.
São poucos que compreendem que a
adversidade pode sim se abater sobre o justo, e que estejam dispostos a
consolar e animar o justo a permanecer firme, pois, toda a adversidade na vida
do justo tem o propósito de aperfeiçoá-lo.
Por isso, quando passarmos por
tribulações, angústias, perdas ou dores, devemos ter bem fixo em nossa mente o ensino
que nos legou o apóstolo Paulo:
“E sabemos
que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” Romanos 8:28.
Yeshua, nosso redentor, morreu no
madeiro para nos redimir de forma plena. Ele nos salvou o corpo, alma e
espírito. Nossa verdadeira esperança não pode estar apenas nesta vida presente,
mas sim na ressurreição dos mortos, onde teremos a posse definitiva das
conquistas de Yeshua a nós.
Por isso, devemos sempre
perseverar na prática da justiça, independente do que estamos vivendo, pois não
estamos aguardando a recompensa que perece, mas a que é eterna. Diante das adversidades,
lembre-se que o Eterno é quem governa nossas vidas, e que Ele tem nossas vidas
por preciosas, visto que Ele mesmo entregou seu Filho em nosso resgate. Como
diz Paulo:
“Aquele que
nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos
não dará também com ele todas as coisas?” Romanos 8:32.
Deus nunca permitirá que um mal
venha a abater o justo sem que haja a potencialidade deste mal produzir um bem
ainda maior.
Não pense que Deus não está
atendo ao seu sofrimento, muito pelo contrário, seus olhos estão atentos às
todas as suas adversidades. Portanto, tenha fé e persevere, pois assim, além de
alcançar a sua promessa, ainda envergonhará Satanás diante de todas as hostes espirituais.
O Eterno nos abençoe!
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