Circuncisões e as máscaras da alma.


“Eis que eu, Paulo, vos declaro que, se vos circuncidardes, Cristo de nada vos aproveitará. De novo testifico a todo o homem que se circuncida, que está obrigado a guardar a Lei toda. Estais já separados de Cristo os que vos justificais pela Lei; decaístes da graça.
Gálatas 5:2-4
               
Quantas circuncisões nós temos feito para nos justificar diante de Deus?
Como o homem procura justificar-se por suas próprias forças! São circuncisões morais, rituais, filosóficas e religiosas.
Da mesma forma como os judeus procuravam se mostrar justos através das práticas ritualistas da lei mosaica, rejeitando a mensagem do evangelho, hoje muitos que se dizem cristãos procuram seus próprios meios para se mostrarem justos.
Há aqueles que procuram se justificar usando-se da máscara da falsa moral, onde se preocupam exageradamente com suas ações e suas palavras, não por isso ser fruto de um arrependimento genuíno, mas para parecer aos outros que é santo.
Quem usa desta máscara se torna ávido em acusar seus semelhantes, apontando o pecado alheio, e demonstrando com soberba como deveria ser o comportamento “santo” que o pecador deveria ter tido. São acusadores e juízes vorazes!
Esta máscara oculta o seu verdadeiro rosto, seus pensamentos íntimos, suas vontades e desejos alimentadas pelas imaginações, que são inflamadas pelo pecado. A bíblia apresenta o homem como sendo mal, pecador e caído. Não há nada de bom que possa nascer espontaneamente em nossos corações, pois todas as boas coisas que conhecemos são fruto do Espírito Santo e não de nossa falsa moralidade.
Existem aqueles que se justificam usando da máscara da falsa piedade, onde se mostram como alguém que tem intimidade com Deus. Que gastam horas em orações vãs, pedindo aquilo que, se conhecessem a palavra de Deus, saberiam que Deus não dará!
Acreditam que por muito orar, por muito participar dos cultos, por estar presente em todos os trabalhos da igreja ou por muito jejuar são justos.
A maior desgraça é quando se está passando por alguma luta ou tribulação e se encontra com alguém que usa desta máscara. Porque a sua aparente piedade leva a crer que a razão da sua tribulação é por não lançar mão desta máscara, esquecendo daquilo que Cristo mesmo disse: “No mundo tereis aflições!”.
Outros são os que se justificam pela placa de sua denominação. Acreditam que a verdade está em sua igreja, e apenas em sua igreja. Confundem a bíblia com a pregação de seus pastores ao ponto de acreditarem que a bíblia deve ser entendida da forma como foi pregada somente.
Estes pensam que pregar o evangelho é levar as pessoas à sua denominação e não a Cristo. Por muitas vezes o seu trabalho “evangelístico” é feito entre cristão de outras denominações. Estes não tem o menor pudor em falar das outras denominações, apontando suas falhas e a de seus lideres.
Mas tem aqueles que se justificam pelas suas próprias convicções, até reconhecem que não são tão bons assim e precisam melhorar, mas acreditam que apenas por convicções pode ser justos.
Para estes a bíblia não precisa ser tida de forma tão literal, e que de alguma forma todos os caminhos levam a Deus. Na verdade duvidam que possa existir um inferno eterno.
Existem outras circuncisões que os homens lançam mão para rejeitarem a verdade genuína do evangelho. Criam suas próprias leis, sua própria moral, baseada em sua razão. Todos estes não conhecem de fato a Deus muito menos o evangelho!
Entenda que a bíblia ensina sim acerca da santidade, ela nos ensina a sermos piedosos, ela nos fala acerca do compromisso que devemos para com nossa igreja local e nossos pastores, ela nos ensina que devemos julgar nosso próprio coração e fazer tudo de boa mente e convicção. Mas isso NÃO É a essência do evangelho, mas sim a CONSEQUENCIA do evangelho!
O evangelho de Jesus Cristo foi sintetizado em apenas uma frase quando ele veio ao mundo e começou seu ministério:
“Desde esse tempo começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.” Mateus 4:17
Ninguém pode ser justificado por suas obras, pela sua piedade, por seu compromisso com a igreja ou por sua boa consciência. Só podemos alcançar a justificação através do arrependimento dos nossos pecados, reconhecendo nossas fraquezas e limitações, e reconhecendo que somente através da obra de Cristo na cruz podemos ser perdoados!
Portanto lance fora as máscaras, olhe para seu coração e julgue a si mesmo se tem tido de fato um coração arrependido!
É um coração quebrantado e arrependido que Deus não despreza, é um coração suplicante que Deus ouve, é entre os quebrantados de coração que Deus se faz presente, e principalmente, é num coração arrependido que o Espírito Santo faz morada.
Todos os exemplos de pessoas justas que encontramos na bíblia, não foram justificados pelos seus feitos, mas pelo seu coração quebrantado, humilde, arrependido.
Assim foi com Abraão que apenas creu em Deus e isto lhe foi imputado por justiça, foi assim com Moisés que mesmo vendo a rebeldia do povo no deserto se humilhou e intercedeu por eles no deserto, assim foi com Davi que sendo rei, rasgou suas vestes e caiu em arrependimento, consciente de seu pecado, assim foi com Isaías que quando viu a glória do Deus vivo confessou sua indignidade e a impureza de seus lábios. Assim foi com Paulo, que quando viu o Cristo ressurreto na entrada de Damasco, lançou fora toda a sua religiosidade para ser o maior propagador do evangelho de todos os tempos.
Portanto observe unicamente a simplicidade do evangelho, desvie de sua mente e de seu coração todas as mascaras que te levam a ter uma falsa religiosidade e apegue-se à pureza do evangelho.
Tenha sempre um coração arrependido, quebrantado e humilde, e reconheça que nada do que você possa fazer, pode te justificar diante de Deus. Reconheça com humildade a graça imerecida, dada por Cristo Jesus. Ela é única e suficiente para te salvar.
 “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Provérbios 4:23

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