Como a bíblia chegou até nós?



Antes da leitura deste artigo recomendamos a leitura dos anteriores:
Nas publicações anteriores foi falado sobre a fé, e a base dessa fé ser as sagradas escrituras. Fato é que a fé, para ser fé, precisa de uma base sólida e verdadeira, e foi apontado que essa base sólida é verdadeira é a Palavra de Deus.
No entanto, quais as evidências que temos de que a bíblia é uma base sólida e verdadeira para a nossa fé?
Aqui neste blog já temos estudado a respeito dessa questão, falamos sobre a historicidade da bíblia nos artigos abaixo, os quais, nós também recomendamos a leitura:
No entanto, neste artigo queremos apresentar de uma forma mais clara como foi a formação das escrituras.
Ao contrário do que alguns imaginam, a nossa bíblia não é um livro, mas uma coletânea de 66 livros (bíblia protestante).
Ainda existe alguma discussão entre os estudiosos sobre qual livro foi escrito primeiro, se o livro de Jó ou se o livro de Genesis, no entanto algo é certo, o ponto de partida da teologia bíblica é a Torá.
A Torá, mais conhecido também como Pentateuco, são os cinco primeiros livros da bíblia (Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômios) que foram escritos por Moisés durante o tempo da peregrinação do povo de Israel no deserto da península do Sinai.
Vemos que toda a Torá Deus deu ao povo de Israel através de Moisés, lendo os livros da Torá vamos ver vários relatos em que Moisés entrava na “tenda da revelação” e saía de lá com mandamentos e ordenanças para o povo de Israel.
Outro ponto que torna a Torá extremamente importante é que ao menos dezesseis versículos do livro de Êxodo foram ditos e escritos pelo próprio Deus (Êxodo 20:2-17).
Assim a Torá, entregue por Deus ao povo de Israel através de Moisés, é a base teológica de toda a bíblia, pois todos os demais livros escritos e que compõe a nossa bíblia parte do entendimento ou de revelações já contidas na Torá.
A Torá revela as Leis e os Mandamentos de Deus ao povo de Israel. Mandamentos esses que expressavam a vontade de Deus para seu povo, e que ensina e instrui a qualquer que ama ao Senhor a se portar de maneira justa e correta.
Infelizmente poucos cristãos tem se aplicado ao estudo sincero e sem preconceitos da Torá, muitos veem a Torá como um conjunto de regras difíceis de serem cumpridas. De fato há alguns mandamentos da Torá que são específicos para o povo de Israel, outros são específicos para o trabalho sacerdotal no templo, e outros são impossíveis de serem cumpridos em sua forma atualmente, mas com toda a certeza seus ensinos e princípios morais não apenas podem, como devem ser obedecidos por aqueles que amam ao Senhor.
A Torá revela a vontade de Deus, e Jesus não apenas cumpriu a Torá como validou tudo quanto nela está escrito, mostrando que Ele mesmo seria conhecido pela Torá.
“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam;” João 5:39
E os próprios apóstolos quando anunciavam a Cristo começavam anuncia-lo pela Lei:
“E, havendo-lhe eles assinalado um dia, muitos foram ter com ele à pousada, aos quais declarava com bom testemunho o reino de Deus, e procurava persuadi-los à fé em Jesus, tanto pela LEI de Moisés como pelos profetas, desde a manhã até à tarde.” Atos 28:23
Vimos então que a Torá, entregue por Deus através de Moisés, é a base da teologia bíblica, e que ela mesma aponta para Cristo. A Pessoa e Obra de Cristo são o centro de toda a narrativa bíblica, desde o primeiro livro da bíblia (Gênesis) até o último (Apocalipse), a Pessoa e a Obra do Messias é anunciada.
Mas além da Torá, temos ainda outros 61 livros na bíblia, divididos entre Novo e Velho testamento. Toda a bíblia, desde Moisés até o apóstolo João, foi escrita em um período de aproximadamente 1400 anos, por aproximadamente 40 escritores, e todos esses livros estão em concordância.
Destes 61 livros, 27 estão no novo testamento e os demais 34 no antigo testamento. Dos 34 livros do antigo testamento, 17 são escritos dos profetas. Em todos esses livros vemos Deus levantando homens (profetas) e dando a eles revelações ou visões de coisas futuras, e muitas dessas profecias ainda não se cumpriram totalmente. Também estes livros narram o momento histórico em que a profecia foi revelada ou entregue ao profeta.
Essas profecias trazem maior clareza e entendimento sobre as profecias registradas na Torá. Não há qualquer discrepância entre os escritos da Torá e dos Profetas. A tônica dessas profecias é a REDENÇÃO da humanidade e de todo o UNIVERSO através do MESSIAS de Deus.
Os demais 17 livros se dividem entre livros históricos, poéticos e de sapiência, que demonstram o contexto histórico e cultural do povo de Israel, que elevam e exaltam a Lei dada por Deus, bem como suas promessas e a REDENÇÃO profetizada.
Os livros do Novo testamento são 27, entre eles temos os quatro primeiros que contam a história de Jesus Cristo, e sua morte e ressurreição. Todos esses evangelhos demonstram que Jesus viveu conforme a Lei, e que sua morte e ressurreição era o inicio da obra de REDENÇÃO que estava anunciada na Lei e nos Profetas.
Temos ainda 21 cartas e epístolas que compõe a DOUTRINA DOS APÓSTOLOS, e são em grande parte a instrução a respeito da Lei de Deus aos GENTIOS que estavam se convertendo a Cristo.
A preocupação de ensinar a Igreja a respeito da Pessoa e Obra do Messias, bem como o PAPEL DA LEI na vida do discípulo de Cristo, foi o fator que motivou os apóstolos a escreverem suas cartas e epístolas.
Temos ainda um livro histórico, Atos dos Apóstolos, que nos conta como foi o inicio da Igreja Cristã, seu contexto histórico tanto quando era ainda composta majoritariamente por judeus, como quando começou sua expansão no meio gentílico.
E por último o livro de Apocalipse, que traz as revelações de Cristo para sua Igreja a respeito dos últimos dias, em total consonância com o que já havia sido profetizado através dos Profetas do velho testamento.
Os escritos do Novo Testamento estão em total concordância com os ensinos do chamado “velho testamento”. Na verdade essa distinção entre Novo e Velho testamento é um equivoco da igreja pós-apostólica, que devido ao seu distanciamento de Israel, interpretou de maneira equivocada o que estava em Jeremias 31 em associação com as palavras de Cristo em Lucas 22:
“Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor.” Jeremias 31:31-32
“Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós.” Lucas 22:20
O que o contexto de Jeremias 31 nos ensina é que a Nova Aliança feita por Cristo na cruz não invalida a aliança anterior, mas a torna plena, pois a Lei deixa de ser escrita em tábuas de pedras para ser escrita nos corações daqueles que participam dessa Nova Aliança:
“Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” Jeremias 31:33
Assim vemos que todo o Novo Testamento está em concordância com a Lei e os Profetas e os Profetas em concordância com a Lei. Lembrando que esses 61 livros foram escritos por mais de 40 escritores em um período de tempo de aproximadamente 1400 anos.
Apenas o fato de termos 40 escritores de diferentes épocas e gerações, escrevendo sobre o mesmo assunto de forma tão uníssona, já é uma forte evidência de que este livro não foi produzido por vontade humana. Apóstolo Pedro de fato faz essa constatação quando diz:
“Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” 2 Pedro 1:20-21
Tentemos imaginar o quanto a maneira de pensar e de ver o mundo a nossa volta tem mudado drasticamente nos últimos anos, o que catorze séculos de produção da bíblia não provocaria na mente dos escritores da bíblia? Ainda mais quando olhamos para a distância social, por exemplo, entre o rei Salomão e o humilde pecuarista Habacuque?
Termos estes homens escrevendo em harmonia em tamanho espaço de tempo, já é um forte indício de que a bíblia não foi produzida por vontade de homem algum, mas sim pela vontade de Deus.
Por isso mesmo não podemos nos arriscar a compreendê-la usando a nossa própria visão de mundo, ou nossos próprios conceitos de certo ou errado. Se a bíblia foi produzida pela vontade de Deus, dentro de um contexto histórico e cultural criado por Deus, como é o contexto histórico e cultural do povo judeu, devo me dispor a compreendê-la através do que ela mesma revela.
Toda a tentativa do homem tentar compreender as escrituras por sua própria visão terminou em heresias.
Assim como a Torá, que é a base teológica da bíblia, foi entregue e produzida pela vontade direta de Deus, todos os demais escritos também o foram, por isso toda a bíblia é chamada também de a Palavra de Deus.
Porém, há outros fatores, além da formação da bíblia, que nos garante que essa Palavra de Deus é a única base sólida para a nossa fé, e no próximo artigo falaremos acerta de mais uma dessas garantias, o seu aspecto MORAL.

Muitos têm levantado questões acerca da moralidade e da aplicação das leis de Deus. Porém muitas dessas críticas é fruto da má compreensão do relato bíblico. No próximo artigo trataremos especificadamente das questões mais relevantes da Torá.

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