Duas alianças, um objetivo!

 

"E tomou o livro da aliança e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos. Então tomou Moisés aquele sangue, e espargiu-o sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o Senhor tem feito convosco sobre todas estas palavras." Êxodo 24:7,8

 

Infelizmente a imensa maioria do mundo cristão desenvolveu uma visão errônea acerca daquilo que é chamado de antiga aliança.

 

É fato que boa parte do pensamento cristão acerca da Nova Aliança está correto, mas a falta de compreensão sobre a Primeira Aliança levou o cristianismo a algumas distorções, como o entendimento de que a Torá foi abolida, que as Leis do Eterno só servem para condenar o pecador, e que Israel foi substituído pela Igreja no plano divino.

 

Por isso, não são poucos que usam aquele jargão já bem conhecido: "Sou salvo pela Graça, não preciso da Lei para ser Salvo".  Apesar de essa premissa ser verdadeira, ela é usada para cancelar aquilo que é o objetivo da Nova Aliança.

 

Mas no que consiste a Primeira Aliança?

 

Em Êxodo 19 Israel chega aos pés do monte Sinai, e Moisés sobe até o cume do monte, onde Adonai ordena:

 

"E subiu Moisés a Deus, e o Senhor o chamou do monte, dizendo: Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim; agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e GUARDARDES A MINHA ALIANÇA, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel." Êxodo 19:3-6

 

O povo de Israel aceita a proposta do Eterno, então em Êxodo 20 acontece o tremendo encontro entre o Eterno e seu povo, e a revelação das Dez Palavras, também conhecido como Dez Mandamentos.

 

Nos capítulos que se seguem o Eterno continua a revelar seus mandamentos a Moisés, que os escreve em um livro, e o lê aos ouvidos de todo o povo.

 

Em Êxodo 24 acontece a celebração da Primeira Aliança. Moisés sacrifica holocaustos de bezerros, e com o sangue destes asperge sobre o altar e sobre o povo, anunciando que a Aliança estava então celebrada.

 

A Aliança consistia em que o Eterno revelaria a Israel a sua Torá (instruções em forma de mandamentos), e que Israel obedeceria estes mandamentos. Então, Israel seria feito um povo sacerdotal, uma nação santa entre todas as nações da terra.

 

Sabemos que Israel quebrou essa aliança dias após, no episódio do bezerro de ouro, mas mesmo assim o Eterno manteve sua Aliança, introduzindo Israel na terra prometida, levantando profetas em meio a Israel, e fazendo seu Nome conhecido em toda a terra através da nação de Israel.

 

Mas mesmo assim Israel cometeu falhas. Gerações após gerações se desviaram das Leis do Eterno, o que implicou na diáspora babilônica e romana.

 

E o que aconteceu com a Aliança neste contexto?

 

Apóstolo Paulo começa a nos ensinar sobre isso quando escreveu:

 

"Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne;" Romanos 8:3

 

Um ensino judaico muito importante é acerca do "Yetzer hara" (inclinação para o mau). Desde o pecado de Adão o homem foi contaminado em sua natureza por uma inclinação para fazer o mau.

 

O Eterno criou o homem para ser bom, para ter a "Yetzer haTov" (inclinação para o bem). Mas ao decidir adquirir o conhecimento também do mau, comendo do fruto do conhecimento do bem e do mau, o homem trouxe para dentro de sua natureza a inclinação para praticar o mau.

 

E a inclinação para o mau se tornou maior do que a inclinação para o bem.

 

Por isso olhamos para os noticiários com tanto assombro. Como homens semelhantes a nós são capazes de tamanhas atrocidades? Na verdade todos nós estamos contaminados pelo Yetzer hara. E por mais que a maioria de nós não nos entregou aos extremos da imaginação do nosso coração, o fato é que nossa natureza nos conduz a sempre violar os mandamentos do Eterno.

 

A Torá que foi revelada na Primeira Aliança diz:

 

"Se encontrares o boi do teu inimigo, ou o seu jumento, desgarrado, sem falta lho reconduzirás. Se vires o jumento, daquele que te odeia, caído debaixo da sua carga, deixarás pois de ajudá-lo? Certamente o ajudarás a levantá-lo." Êxodo 23:4,5

 

O que está na mesma linha do que Jesus também ensinou ao dizer:

 

"Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;" Mateus 5:44

 

A Torá nos apresenta um comportamento moral muito superior a nossa capacidade de cumprir. Por isso a Primeira Aliança precisaria ser aperfeiçoada. Pois Israel não teria condições de obedecer plenamente os mandamentos do Eterno, fazendo sua parte na Aliança.

 

Nisso vemos presente a Graça e a Misericórdia do Eterno, que perdoou os pecados de Israel, os abençoou, e cumpriu neles o seu propósito.

 

O problema da Primeira Aliança é o pecado! O pecado é que a impediu que a Aliança atingisse o seu objetivo. Mas isso foi previsto pelo Eterno, de forma que vamos aprender que, desde o inicio, a Nova Aliança é que estava nos planos do Eterno.

 

Juntamente com a Aliança o Eterno deu a Moisés as diretrizes para construção do Tabernáculo, onde seria feito a expiação pelos pecados de Israel. Mas apesar de Israel ter o Tabernáculo, e posteriormente o Templo, foi predito pelo profeta que viria um dia em que:

 

"Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor.

Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados." Jeremias 31:31-34

 

O propósito da Nova Aliança é o mesmo da Primeira Aliança, fazer com que Israel, através da obediência às Leis da Torá, seja uma nação Sacerdotal, e uma nação Santa.

 

As duas alianças são estabelecidas com Israel. As duas alianças têm como meio a observância da Torá, as duas Alianças prevêem que todos os povos conhecerão ao Eterno mediante Israel.

 

Mas as diferenças entre a Nova Aliança e a Primeira Aliança são muito grandes.

 

·         Na Primeira Aliança a Torá foi apresentada a Israel escritas em tábuas de pedra, Na Nova Aliança a Torá é escrita no coração e na mente do homem.

 

·          Na Primeira Aliança a Torá deveria ser ensinada de geração a geração, na Nova Aliança não haverá mais ensino da Torá, pois todos conhecerão ao Eterno.

 

·          Na Primeira Aliança a expiação era feita mediante sacrifícios de animais no Templo, na Nova Aliança há apenas UM sacrifício perfeito, e UM perdão completo.

 

Jesus disse sobre seu sacrifício:

 

"Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia." João 6:53,54

 

Jesus não é apenas uma opção, mas é o único meio de adentrarmos na Aliança. A Primeira Aliança foi apenas um prelúdio para a Nova. Pois somente a Nova Aliança resolve definitivamente o problema que impede a Aliança de cumprir o seu papel: expiar os pecados.

 

E é a partir da Fé em Jesus que nós gentios somos enxertados em Israel, além de termos a expiação dos pecados, somos feitos participantes da Aliança.

 

"Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, que em outro tempo não éreis GENTIOS, mas agora sois POVO de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia." 1 Pedro 2:9,10.

 

O que aprendemos então com esse entendimento a respeito da Primeira Aliança e a Nova Aliança?

 

1)                   A Torá tem que ter um papel de grande relevância na vida de todos aqueles que aderiram à Nova Aliança.

 

Da mesma forma que a obediência à Torá levaria Israel a testemunhar do Eterno, de sua Justiça e Misericórdia, a obediência à Torá nos leva a sermos Luz para o mundo:

 

"Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir (original 'Plerusai' que significa 'tornar pleno')." Mateus 5:15-17

 

2)                  Necessitamos de uma transformação em nossa natureza.

 

Se nossa natureza está corrompida pelo Yetzer hara (inclinação para o mau), o que nos conduz ao pecado, e nos impede alcançar a plenitude da Aliança, precisamos então de uma cura para essa natureza.

 

E é através do sacrifício de Jesus que temos acesso a essa cura mediante o sermos cheios do Espírito Santo:

 

"Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele." Romanos 8:7-9

 

"Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne." Gálatas 5:16

 

Necessitamos ser cheios do Espírito Santo para que sejamos feitos a cada dia Novas Criaturas.

 

3)                  Não é a Igreja que substituiu Israel, somos nós gentios que fomos enxertados em Israel.

 

Tanto a Primeira como a Nova Aliança foram prometidas e estabelecidas com Israel. 

 

É notório que a Nova Aliança ainda não atingiu o seu objetivo, pois ainda há necessidade de ensinarmos uns aos outros a Torá, e por mais que tenhamos o perdão através de Jesus, ainda cometemos pecados.

 

Da mesma forma Israel ainda está longe do propósito do Eterno, pois ainda não reconhecem que Yeshua (Jesus) é o seu Messias.

 

Mas vai chegar o dia em que Israel reconhecerá a Yeshua, e a salvação virá a todos, judeus e gentios. A Nova Aliança atingirá o seu clímax, e todos aqueles que confiaram no Eterno serão ressuscitados:

 

"Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo." Daniel 9:24

 

"Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. E esta será a minha aliança com eles, Quando eu tirar os seus pecados." Romanos 11:25-27

 

Jesus Voltará para Israel, para assentar-se no trono de Davi, e reinar sobre toda a terra com seus santos. Portanto a Salvação de Israel deve ser o grande motivo de oração de todos aqueles que confessam que Jesus é o Messias.

 

Que o Eterno nos abençoe e nos confirme em sua Aliança, santificando-nos pelo seu Espírito, escrevendo sua Torá em nossos corações, trazendo a Paz sobre nós, e sobre todo o seu povo Israel.