Diligência.

A parashá anterior terminou com a consagração de Arão e seus filhos. Eles foram consagrados ao Eterno e, após os sacrifícios que fizeram, foi-lhes ordenado não saírem das portas do Tabernáculo por sete dias.

A parashá desta semana (parasha Sh'mini Lev 9:1-11:47), narra o final desta consagração. O Eterno ordena sacrifícios para expiação de pecados do povo, sacrifícios de paz, e depois de tudo feito Arão e Moisés entraram no Tabernáculo, saíram e abençoaram o povo. 

A Torá diz que, no momento em que Arão abençoou o povo, fogo do céu caiu sobre o holocausto e queimou toda a oferta que estava ali. O povo temeu e caíram de joelhos diante do Eterno.

Foi um momento glorioso em que o Eterno demonstrou sua satisfação com todo o cerimonial. 

Porém, ainda dentro da festividade, que estava sendo concluída, dois dos filhos de Arão, Nadabe e Abiú, entraram no Tabernáculo para queimarem incenso. 

Ao invés de tomarem do fogo do altar, como havia sido ordenado, eles pegaram fogo de outro local. A Torá diz que foi oferecido "fogo estranho". 

A desobediência dos dois foi castigada imediatamente. Fogo saiu da presença do Eterno e os matou. O Eterno alertou a Moisés:

"Isto é o que o Senhor falou, dizendo: Serei santificado naqueles que se chegarem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo" Levítico 10:3b.

A celebração ainda não estava concluída. Arão e seus filhos deveriam comer da oferta cujo sangue havia sido apresentado no altar. Eles deveriam assar e comer aquela carne para prover expiação pelos pecados do povo.

É muito interessante este aspecto de "comer do sacrifício" e "expiar os pecados". Mas vamos falar sobre isso em outra oportunidade.

Arão e seus outros filhos foram proibidos de deixarem o Tabernáculo, foram proibidos de demonstrarem contrição pela tragédia ocorrida, e Arão, como Sumo Sacerdote, não poderia guardar luto em hipótese alguma.

Mesmo com a tristeza que se abateu sobre Arão e seus outros filhos, eles obedeceram às designações dadas por Moises, e continuaram com as celebrações, porém, não comeram da carne, ao invés disto a queimaram por completo. 

Moisés inquiriu sobre o fato de não terem comido a carne do sacrifício, e Arão respondeu:

"Eis que hoje ofereceram a sua expiação pelo pecado e o seu holocausto perante o Senhor, e tais coisas me sucederam; se hoje tivesse comido da oferta da expiação pelo pecado, seria isso porventura aceito aos olhos do Senhor?" Levítico 10:19.

Estes acontecimentos nos ensinam muitas coisas. Primeiramente que, quando obedecemos ao Eterno, fazendo a sua obra conforme o seu mandado, então a sua presença em nossas vidas se manifesta.

Porém, devemos estar atentos e cientes de que, quanto mais próximos do Eterno, maior a nossa responsabilidade pela santidade. Afinal, o Eterno é santificado diante das pessoas através daqueles que se aproximam a ele.

Nadabe e Abiú não deram a devida importância para isso. Segundo os rabinos, por causa da festividade, Nadabe e Abiú fizeram uso de vinho, e foram ministrar no altar embriagados. Por isso o Eterno disse após a morte deles:

"Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos contigo, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações; e para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, e para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o Senhor lhes tem falado por meio de Moisés." Levítico 10:9-11.

A bebida alcoólica baixa a capacidade de discernimento das pessoas. Leva as pessoas a agirem mais por impulso do que por razão. Embriagados, Nadabe e Abiú não tiveram como importante que o fogo que deveria queimar o incenso era o fogo do altar. Desobedeceram a Deus e foram castigados por isso.

A partir deste momento a parashá vai falar muito da capacidade de discernimento entre o santo e o profano, e termina no capítulo 11 com as leis alimentares, que tem por objetivo exercitar os israelitas a fazerem separação entre o santo e o profano.

O remédio para a falta de discernimento é a diligência. 

A diligência e a atenção aos mandamentos do Eterno é o que nos fará entender a importância da santidade, e guardará as nossas vidas de muitos males.

Apesar do castigo severo que o Eterno aplicou sobre Nadabe e Abiu, a fala de Arão ao final demonstra o que de fato é o mais importante diante do Eterno.

Arão não comeu da carne da expiação como lhe fora ordenado. Mas a sua desobediência não foi proveniente de falta de cuidado, displicência ou rebeldia, pelo contrário, o seu temor era se seria de fato aceito diante de Deus ele comer estando seu coração tão amargurado.

A fala de Arão demonstra que o Eterno observa nossos corações, e não aceita uma obediência religiosa ou hipócrita. Deus aceitou que Arão não comesse do sacrifício naquele dia, pois sabia o que estava em seu coração.

Deus espera de nós um coração sincero e obediente. É disto que ele se agrada. 

Que o Eterno nos abençoe!

#Parasha #Shemini
#Nadabe #Abiu
#Santidade #Diligência


Comentários