A importância dos memoriais.

A parashá desta semana (Shelach Lecha - Números 13:1-15:41) narra a pior catástrofe que atingiu o povo de Israel: a rebeldia de Cadesbarnéia.

Já haviam passado mais de dois anos desde que Israel saíra do Egito. Neste tempo, Israel vivenciou grandes milagres e manifestações do Eterno.

Todas as pragas manifestadas no Egito, a abertura do mar vermelho, o maná, as codornizes, as águas amargas transformadas em água potável, a rocha minando água, a unção do Eterno sobre o Tabernáculo, todos esses milagres e manifestações o Eterno que Israel vivenciou no deserto não os impediram de serem contaminados pelo medo e a murmuração.

O relatório dos espias no capítulo 13 de Números contaminou todo o povo, que se rebelaram contra Deus, e intentaram até mesmo apedrejar Calebe e Josué, os dois únicos espias que estavam encorajando o povo a perseverar no Senhor.

A grande pergunta que os rabinos se fazem a séculos sobre esta passagem é: por que eles se deixaram contaminar desta forma? Diante de tantos sinais, como deixaram de confiar no Eterno?

Muitas respostas surgem desta especulação: a comodidade do deserto é uma explicação, afinal, Israel estava sendo cuidado no deserto pelo Eterno. De repente ter que lutar, enfrentar exércitos, conquistar terras, iria obrigar os israelitas a saírem de uma zona de conforto.

Outra explicação é que Israel se acostumou com as manifestações no deserto, a ponto de as terem como algo comum, e com isso deixaram de dar a devida importância com o que estava à sua volta.

Mas sem dúvida, a explicação que se torna mais evidente é o poder da difamação. Nossa natureza corrompida é muito suscetível às más notícias.

Muitas vezes, diante da má notícia, de forma apressada e antecipada emitimos juízos. Não são poucos de nós que temos histórias de palavras e decisões ditas e tomadas quando estávamos dominados por forte emoção desencadeada por uma má notícia.

Claro que o pecado que Israel cometeu em Cadesbarnéia teve vários agravantes, mas eles poderiam ter evitado tão grave pecado se tivessem com o coração e a mente fixa nos mandamentos e na obra do Eterno.

É por isso que no final da parashá vamos encontrar um mandamento bastante interessante da parte do Eterno:

"Diga o seguinte aos israelitas: Façam bordas nas extremidades das suas roupas e ponham um cordão azul em cada uma delas; façam isso por todas as suas gerações. Quando virem essas bordas vocês se lembrarão de todos os mandamentos do Senhor, para que lhes obedeçam e não se prostituam nem sigam as inclinações dos seus corações e dos seus olhos.
Assim vocês se lembrarão de obedecer a todos os meus mandamentos, e para o seu Deus vocês serão um povo consagrado. Eu sou o Senhor, o seu Deus, que os trouxe do Egito para ser o Deus de vocês. Eu sou o Senhor, o seu Deus." Números 15:38-41.

Aqui encontramos o mandamento do Tsitsit, que é um condão azul que os judeus atualmente utilizam nos cantos do xale de oração.

A finalidade do Eterno em dar a ordem de Israel usar o Tsitsit nas roupas é o de criar um memorial. Todas as vezes que o israelita olhasse e visse o Tsitsit deveria lembrar-se de algo muito importante:

"Quando virem essas bordas vocês se lembrarão de todos os mandamentos do Senhor, para que lhes obedeçam e não se prostituam nem sigam as inclinações dos seus corações e dos seus olhos."

Na Torá o Eterno estabelece vários memoriais, todos com o intuito de criar um lembrete visual daquilo que jamais podemos nos esquecer: obedecer ao Eterno.

Mesmo que não usemos Tsitsit nas nossas roupas, nem tenhamos uma mezuzah na porta de nossas casa, ou que usemos tefilim como os judeus fazem, precisamos estar sempre vigilantes quanto a este tema.

Para tanto, alguns pontos são muito importante:

- Nunca deixe de se surpreender com os feitos do Eterno na sua vida.

Valorize todas as experiências que o Eterno te concede. Seja uma resposta simples de oração, seja uma palavra que o Espírito te direcione na bíblia, seja a palavra de um irmão que aquece seu coração e te dá a certeza de que Deus está falando.

Não importa a experiência, valorize-a, e tenha por certo que esses sinais mostram que Deus está cuidando da sua vida.

- Nunca se acomode.

A vida com o Eterno é uma vida dinâmica. Lutas e tribulações se alternarão a momentos de alegrias e vitórias. Nunca desanime diante das dificuldades que o Eterno impõe sobre você.

Diante das dificuldades, tenha sempre em mente os versos que se seguem:

"Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais." Jeremias 29:11.

"E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito." Romanos 8:28.

- Lembre-se sempre quem é teu Deus.

A obediência verdadeira aos mandamentos do Eterno será aquela norteada pelo reconhecimento de quem é o teu Deus. E este reconhecimento deverá ser permeado de temor e amor.  Yeshua nos alertou quanto a isso dizendo:

"Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele." João 14:21.

Mantendo isso sempre à mente, dificilmente você caíra na mesma rebeldia que aquela geração dos israelitas cometeu.

O Eterno nos abençoe!

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