Shavuot e o Nascer da água e do Espírito.

"Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito." João 3:5-8.

A conversa de Yeshua com Nicodemos é uma conversa bastante profunda. A conversa na verdade começa com Yeshua respondendo uma pergunta que Nicodemos não fez, mas que provavelmente havia no íntimo de seu coração.

Aqueles eram dias interessantes, e Nicodemos estava atento à sua volta para perceber que algo estava acontecendo, mesmo ainda sem saber ao certo o que era.

João surgiu anunciando o batismo de arrependimento, chamando os israelitas a arrependerem de seus pecados e abraçarem a aliança com o Eterno. Yeshua surgiu anunciando igualmente o arrependimento e o advento do Reino de Deus, fazendo sinais e muitas maravilhas, ele ensinava ao povo a Torá com autoridade ímpar.

Nicodemos, arrastado pela curiosidade, vai até Yeshua, reconhecendo que ele era enviado de Deus, talvez para entender melhor quem era aquele profeta.

Yeshua diz-lhe: "Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." João 3:3.

No discurso que se segue, fica claro que Nicodemos, pelo menos até aquele momento, entendera muito pouco do que Yeshua estava lhe ensinando. E provavelmente muitos de nós que lemos este relato ficamos ainda sem entender profundamente o que Yeshua estava a ensinar.

Afinal, o que é nascer da água e do Espírito? O que significa não saber de onde o vento sopra, e ser desta forma qualquer que é nascido do Espírito?

Yeshua vai dizer na seqüência:

"Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu. E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:13-15.

A água é na Torá um símbolo de purificação. Mas não apenas uma purificação que alcançamos quando tomamos um banho. Assim como Paulo cita, a Mishná ensina que Israel, quando foi libertado do Egito, foi batizado na abertura do mar de Suf e na Nuvem de Glória:

"Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar, e todos comeram de uma mesma comida espiritual, e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo." 1 Coríntios 10:1-4.

Veja que a água está representada tanto no batismo, como no beber da "água espiritual" que saia da rocha, sendo este um tipo do Messias.

Nascer da água de do Espírito está conectado a esta redenção e transformação que só pode ser ministrada pelo Messias. A partida do Egito era apenas um símbolo da redenção que Yeshua promoveria através de sua morte e ressurreição.

Aquele que crê em Yeshua, na sua obra de redenção, e confia no seu poder, recebe a purificação de seus pecados, e passa a ser guiado pelo Espírito do Eterno. Este é o Espírito que testifica a respeito da Verdade, que convence e transforma nossas vidas.

Não por menos, no dia de Shavuot (Pentecostes), os apóstolos estavam reunidos no mesmo lugar, quando do céu veio um som como de um vento impetuoso, e todos foram cheios do Espírito Santo.

Aquele evento de Shavuot, a festa em que celebramos a outorga da Torá, ficou sendo um marco de uma nova era, onde os crentes no Messias tem o direito de receber uma capacitação sobrenatural, tanto para ser testemunhas do Messias, como para serem santificados.

Essa capacitação se dá pela Torá do Eterno sendo escrita no coração e na mente do discípulo de Yeshua. Há uma ligação entre os frutos do Espírito e a obediência à Torá, como Paulo escreveu aos Gálatas:

"Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei." Gálatas 5:22,23.

Não por menos os apóstolos se preocupavam tanto em que os primeiros crentes fossem cheios do Espírito Santo.

"Disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo." Atos 19:2.

Esta plenitude do Espírito só é possível a quem nasceu espiritualmente em sua fé no Messias, reconectado ao Eterno através da Nova Aliança, tendo a Torá escrita no coração e na mente. É um direito de todo aquele que está em aliança com o Eterno, como Pedro disse em seu discurso:

"E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar." Atos 2:38,39.

Mas o que significa "O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito"?

Quando Adão pecou no Éden ele desejou ter o domínio e o governo de sua vida, pautando sua vida pela sua definição pessoal de bem e mal, em detrimento do mandamento do Eterno.

É este pecado, que nós também carregamos, que devemos nos arrepender, e passar a sujeitar a nossa vida não às nossas vontades e ao nosso governo, mas sim ao governo do Eterno.

Há um trocadilho interessante entre "vento" e "Espírito" nesta fala de Yeshua, pois "ruach" (Espírito) em hebraico significa vento, sopro, ou fôlego.

Vento como sabemos não tem voz, mas sabemos que o Espírito do Eterno fala aos nossos corações. Muitas vezes não sabemos exatamente o que o Eterno tem reservado para nós, nem podemos sondar os pensamentos do Eterno, mas se ouvirmos a sua voz, então somos nascidos dEle, e governados por Ele.

Aquele que confia no Messias, e recebe a obra da redenção, é cheio do seu Espírito, e não anda mais por vista, mas em obediência ao Eterno, mesmo não conhecendo o seu próprio destino, sabemos que nossas vidas estão no controle de Deus, e Ele, por meio do seu Espírito, opera em nós a sua vontade.

Que neste próximo Shavuot, o Eterno possa encher-nos com seu Espírito, nos capacitar a vivermos nEle e para Ele, e que sua Torá esteja sendo escrita em nossos corações e mentes.

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