Qual o propósito da nossa existência.

Ter um propósito é o que dá a razão e o ânimo em tudo o que fazemos. Não há nada mais frustrante do que estar envolvido em algum trabalho do qual você não vislumbra nenhum propósito.

Mais do que labutar em algo, queremos vislumbrar os resultados esperados do nosso trabalho. Queremos ter expectativas positivas sobre nossas ações. E, em um aspecto mais duradouro, queremos que o conjunto de nossas ações produza um legado, algo que fale a nosso respeito mesmo muitos anos depois de partirmos desta vida.

Mas, o que se tem percebido na atual geração é que, a grande maioria das pessoas, ao chegar a certa altura da vida, simplesmente perdem qualquer visão de propósito na sua própria existência. Simplesmente vivem para satisfação de prazeres ou necessidades, sem vislumbrar nada mais duradouro ou diferente, sem ter prospectado qualquer legado para o mundo.

Não podemos imaginar que o dom da vida nos foi dado apenas para que vivêssemos. A vida não pode ter o fim em si mesma. Viver não pode ser considerado apenas existir, ter sensações ou sentimentos, e só.

Deus criou a vida, e chamou-nos à existência para que tivéssemos um propósito. Este propósito inicial foi perdido de vista devido ao pecado do homem, que o afastou de seu Criador, tornando-o cada vez mais prisioneiro de suas inclinações carnais.

Mas, através do Messias, Deus proporcionou ao homem um caminho de redenção, de reencontro com seu propósito.

Isso é evidenciado nas palavras do apóstolo Paulo aos Efésios, em que lemos:

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Efésios 2:8-10.

Infelizmente, muitos crentes têm lido apenas os versos 8 e 9 deste texto com a finalidade de rechaçar qualquer tipo de legalismo. A Salvação que temos através do Messias é sim a manifestação pura da Graça de Deus. Nenhum ser humano pode fazer nada por merecer essa Salvação.

No evangelho de João encontramos o seguinte texto:

“Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.” João 1:17.

No entanto, nós precisamos entender o que significa a expressão Graça e Verdade. Esta é uma expressão muito comum nas escrituras, e ela apresenta exatamente a concomitância da Graça, o favor do Eterno em ser propício a nós, com a Verdade, ou a responsabilidade do homem de buscar viver em sinceridade e honestidade para com Deus.

Quando João escreveu este verso, com certeza em sua mente estava o texto de Êxodo 34, onde lemos:

“Passando, pois, o Senhor perante ele, clamou: O Senhor, o Senhor Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência (Graça) e verdade; que guarda a beneficência (Graça) em milhares; que perdoa a iniqüidade, e a transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniqüidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até a terceira e quarta geração.” Êxodo 34:6,7.

Neste texto temos claramente Deus afirmando sobre si dizendo ser ele cheio de Graça e de Verdade, e que ele tem uma Graça guardada, uma graça que é perdoadora, que tem a capacidade de perdoar tanto a iniquidade, como a transgressão e o pecado. Mas, que ao mesmo tempo essa Graça não tem o culpado por inocente, e visita a iniquidade dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta geração.

Mas como entender essa Graça que perdoa, ao mesmo tempo em que não tem o culpado por inocente?

Justamente poque esta Graça esta aliada à Verdade. A Graça é o favor de Deus em nos perdoar, a Verdade é a nossa resposta de buscar viver uma vida santa e agradável a Deus. A Graça é o compromisso de Deus em nos perdoar, a Verdade é o nosso compromisso de buscar viver uma vida que agrade a Deus.

Por isso a chave para alcançar a Salvação é o arrependimento, a mudança de vida, o trilhar o caminho de volta para Deus.

É neste contexto que devemos entender as palavras de Paulo aos Efésios. É pela Graça que somos salvos, por meio da nossa confiança na Graça do Messias, e não há obra nenhuma que possamos praticar ao ponto de nos tornar merecedores da sua Graça. Mas, uma vez que alcançamos esta Graça, e confiamos na obra do Messias para nossa redenção, devemos buscar viver de acordo com o propósito de nossa existência.

O apóstolo Paulo declara taxativamente dizendo:

“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Efésios 2:10.

Nós fomos criados por Deus para a prática das boas obras.

Mas, quais são as boas obras? Oras, as boas obras são exatamente aquelas ordenadas por Deus em sua Torá.

“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei.” Gálatas 5:22,23.

É totalmente improdutivo tentarmos cumprir os mandamentos de Deus com a intenção de nos acharmos dignos da Graça de Deus. Mas é totalmente correto e esperado buscarmos praticar os mandamentos de Deus porque tivemos uma experiência com sua Graça.

Mas, afinal, o que isso tem a ver com o propósito de nossa existência?

Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus, para refletirmos neste mundo as obras de Deus. Fomos predestinados para seremos à semelhança do Messias, para que através de nossas atitudes e escolhas nós pudéssemos refletir o nosso Deus.

“Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” Romanos 8:29.

Portanto, andar em boas obras nada mais é do que cumprir o propósito da nossa existência. Quando agimos a semelhança de nosso Deus, obedecendo aos seus mandamentos, fazendo o bem, sendo luz no mundo, estamos vivendo o propósito de Deus para nossas vidas.

Quando através de nossas atitudes e escolhas agimos em desconformidade ao ordenado por Deus em sua Torá, estamos pecando contra o propósito para o qual Deus nos criou, nos afastando da vida, da Graça e da Verdade de nosso Deus.

Assim, podemos entender que o chamado ao arrependimento não é apenas um chamado à religião, ou a um proceder religioso. Muito mais do que isso. O arrependimento é o chamado para o seu encontro com o propósito da sua existência.

Que o Eterno nos abençoe!

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